QUEM SOU EU?

Quem som eu?

Por Valéria Guerra Reiter

Um amontoado de outros minúsculos “eus”...

Que precisam da fotossíntese para sobreviver... ou uma pessoa que fala que anda que tange e escuta!

Alguém que executa que chora e ri; um nome; uma unção; um uniforme; uma alma penada; na multidão... Dos dias que querem apenas passar...uma figura, um contorno, um céu, um mar!

Ou alguém num qualquer, ou único Quinto andar! Um Homem que soçobrou, que se alimentou, que amou, e gargalhou, no meio da praça, ou no avião, em Irajá, ou na Tijuca, no Quitite, ou sobre um caminhão, o irmão de Sonia, que também voou.

O irmão da Carmen, da Júlia, da Dejanira: Aquele que teve pai e mãe - Elísio e Eugenia, migrou assim em diante, adiante e sempre - Atrás de Seus progenitores ideais.

Quem sou eu? Sua única e ideal neta; já que neto, ele já tem o Marcelo; e os bisnetos são quatro: Carlos Davi, Diego, Caio e Giovanna: uma geração solta no meio do tempo que sempre é igual; o que difere é a biologia que se fez desigual na genética de seus filhos: Maria Eugenia, Carlos Sá Filho, Thereza e Carmen.

Foram com ele por todo o tempo grandes companheiros, e sua esposa Katarina Reiter, que fugiu do tempo terreno em 2007; ela é seu tudo, e ela soube disso...

Quem sou eu?

Apenas uma admiradora de Carlos Sá: Avo, padrinho, amigo e mestre.

Meu grande exemplo que tinha no olhar a solução; e que tinha o bom humor.

O bom humor que equilibra o pequeno humano em sua audácia e demérito.

Ele é o riso farto e a parcimônia certa para afiar a vida - Que se faz vida desde sempre, e que se faz morte todos os dias, existem excluídos, os homens e mulheres que são segregados, ou melhor, atirados de "poços de piche", pois não estão mais servindo ao SENHOR DE ENGENHO, que atira o seu "velho" ao mar, que exclui... e se esquece que todos nós somos finitos e já nascemos rumo ao inverno do tempo.

"Quem irá tomar o seu lugar pequena criança, que hoje nasceu"? é o vassalinho ou suseraninho que vigora da Idade Média até o agora, já que o mundo se divide entre Dominados e Dominadores.•.

É assim desde sempre, e só precisamos apreciar todos os enterros e cremações destas vidas que um dia se bronzearam sob o sol do mundo, e que afanavam bilhões para tentarem se embriagar, ou se blindar para tentar espantar a dona Morte.

Quem sou eu? Até aqui cheguei, depois serei o pó, aquele pozinho que ficará debaixo da terra, o mesmo pó que foram alguns algozes, ou atrozes, pessoas que já mataram, morreram, cavaram, estrelaram palcos, ou passaram sua vida segregando seu próximo.

Quem sou eu? Sou todos: Índios, escravos, Anciãos, crianças, adolescentes, cães, libélulas, transeuntes, levitas, ou seja, todas as carnes da putrefação.

Valéria Guerra Reiter - atriz, diretora teatral, bióloga, historiadora, etc.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 23/10/2017
Reeditado em 23/10/2017
Código do texto: T6150843
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