CONTOS DO ANDARILHO MILHO AOS POMBOS

O dia não diz para o que veio, nem frio nem calor, nem luz nem escuridão, no céu apenas um cinzento indefinido marcado por algumas nuvens solitárias que se acomodam como querem pela imensidão celeste.

O mês e junho, o andarilho entra pelas ruas da cidade apos longa caminhada, mas se sente só, caminha pelas ruas e não vê ninguém , e assim vai caminhando por cerca de quase duas horas.

Apenas postos de combustíveis abertos e algumas viaturas da policia tudo em câmera lenta, ao longe vê um homem dando comida aos pombos próximo a uma estatua que fica ao centro de uma avenida de pista dupla.

Aos poucos se aproxima daquele ser único e aparentemente enigmático e fica a observar, e um senhor que aparenta ter uns 80 anos barba por fazer e usa um terno surrado, o homem olha em direção ao andarilho e o chama.

Venha ate aqui e pegue um pouco de milho para dar aos pombos, pois não e todo dia que se pode ficar só em meio a esta avenida.

O andarilho se aproxima e pega um pouco de milho e indaga ao homem o porquê a cidade esta tão parada.

O velho sorri e devolve a pergunta com outra pergunta, ora moço não sabe o que esta acontecendo.

O andarilho com um sorriso amarelo responde que não.

O velho agora com um tom mais serio na voz responde.

E jogo da copa do mundo de futebol, o pais inteiro para, estamos a um jogo da final, hoje e vida ou morte, perdeu saiu, não ha alma viva que se atreva a não ver este espetáculo de um só homem.

Ai quem sorri sarcástico e o andarilho, que faz outra pergunta.

Ora meu caro senhor me deixaste com duvida em dois pontos, pois futebol que eu saiba joga-se com um time e não com um só homem, e se e como o senhor diz que alma vivente não se atreve a perder tal espetáculo por que esta dando milho aos pombos ao invés de estar vendo tal espetáculo.

Agora o homem em tom mais serio responde.

O que eu quis dizer quanto a um só homem e metáfora, pois em cada time tem-se um grade craque de renome, e aos outros sobram algum elogio só se o craque estiver em má fase, ao ídolo e atribuído a boa ou má fase do time, mas deixe de besteira isso e algo que não vale a pena ser discutido, o mundo e mais que isso só que as pessoas não se dão conta do real enquanto existir pão e circo.

O andarilho balança a cabeça afirmativamente concordando com o homem. Este percebendo o gesto de concordância da um sorriso largo e sai caminhando lento e pausadamente.

O homem atravessa a rua e chama o andarilho. Venha homem parece cansado e com fome tem um barzinho no beco que nunca fecha, e lá tenho um amigo que faz um caldo de mocotó com dobradinha que e acima do normal.

O andarilho ao ouvir a palavra comida atravessa a rua sem pensar duas vezes, e ali rumo ao desconhecido o andarilho anda e conversa de forma lenta, pois o novo amigo não parece ter uma boa saúde.

Ha alguns minutos dali os dois desconhecidos entram em um pequeno beco entre os prédios, a rua e pequena e me arisco a dizer que não passa um carro.

Não vou dizer que o beco e sujo e feio, mas e um lugar abandonado e em mal estado de conservação, ao aproximarmos observo alguns mendigos sentados próximos à calçada e com olhos fixos na televisão vendo o jogo fazendo companhia ao solitário dono do bar.

O dono do bar ao ver o amigo chegando com o desconhecido fica feliz com a presença de mais gente para dividir a alegria do time estar vencendo, e já ajeita duas cadeiras de frente para a televisão.

O andarilho sente a espontaneidade do dono do bar e sente que o velho e o dono do bar devem ser velhos amigos.

O novo amigo pede o dono do bar aquele caldinho de sempre e uma cerveja gelada, não demora e a mesa esta servida, o cheiro e bom e a fumaça sobe pelo ar, além do caldo vem fatias de torrada e temperos e pequenos pedaços de torresmo.

O velho fala em tom mais alto, ajeita caldo e cerveja para o resto da plateia por minha conta, os mendigos desdentados sujos e felizes comemoram a boa ação do desconhecido.

O andarilho fica feliz com a felicidade alheia, tudo ali parece estar em sincronia o lugar pode não ser luxuoso, mas e bastante acolhedor, ele se sente como se estivesse em casa recebendo os amigos.

O clima e de alegria, o andarilho olha para o rosto do homem e vê que ele observa a todos, e se sente gratificado ao ver aqueles indigentes se sentindo como se fossem donos da própria vida e não dissidentes sociais entregues a boa e má sorte que o mundo possa oferecer.

Ao ver que esta sendo observado o homem olha para o andarilho e diz. Pergunte homem o que te encabula.

O andarilho não diz nada apenas balança a cabeça, mas em um tom de felicidade que não precisa de palavras, pois o multiverso não precisa se explicar quanto a sentimentos que se propagam por pequenos gestos de bondade.

O velho percebe a alegria do ser que vaga ao acaso do próprio destino em busca de sentimentos que fogem a explicação.

O jogo termina e a alegria e coletiva, e a palavra de ordem naquele momento e, Ura estamos na final.

E por ali vão ficando apenas o velho, o andarilho, e o dono do bar, onde e servido mais caldo, o silencio toma conta do ambiente ate ser quebrado pelo andarilho.

Olha meu caro, o senhor me parece tão popular e ao mesmo tempo tão solitário fico tentando entender o real sentido do seu ser.

O homem da um sorriso daqueles que só o canto da boca se movimenta e em seguida da sua resposta.

Olha meu caro viajante, nem um nem outro, sou aquilo que o próprio tempo construiu pelas experiências vividas, decepções acumuladas, excessos de dinheiro, bajuladores de plantão.

Meu destino, bem foi como o de todos os homens, onde acumulamos erros, acertos e duvidas, ah muitas duvidas, mas no instante final isso e o que podemos chamar de destino, algo que nos mesmos construímos.

Ao fim de cada dia e no inicio do outro nossa jornada se inicia ou termina, e erros e acertos vão guiando nossos pensamentos e atos, tudo se baseando no que ocorreu no momento anterior e construirão o momento a seguir, e somos a resposta do que nos mesmos damos a vida.

O andarilho sente indecisão e segurança naquele ser que de inicio lhe pareceu enigmático, fazendo uma conexão com memorias do subsolo de Dostoievsky, onde o ser transmutasse em si mesmo de paragrafo em paragrafo, afirmando e negando as próprias ideias.

O ser que vaga, vaga em si mesmo e nos multiplanos da própria existência, existência essa que vai além do dia a dia, alcançando também sua grande bibliografia intelectual a qual ele sempre acessa para construir seus parâmetros de pensamento, pensamentos de mentes desencarnadas que insistem em se propagar por séculos e séculos, assim e a mente do andarilho.

Apos divagar em seu intimo sobre o momento ora vivido o andarilho não se contem e pergunta como aquele homem construiu a si mesmo.

O homem que da milho aos pombos se vira e diz. Seja direto meu jovem, pois a vida não nos permite divagações sobre histórias alheias.

O andarilho olha em seus olhos e diz. Conte-me sua história.

O velho se acomoda na cadeira de ferro torta e com a pintura gasta pelo tempo, se vira para o dono do bar pede mais uma cerveja e inicia aquilo que foi a história de sua vida.

Foi há muito tempo, era final dos anos de 1977 eu já não era tão jovem, mas era inexperiente devido minha criação, pois fui criado no mato e tinha pouca convivência com as pessoas, para mim todo mundo era bom e sem maldade.

Um dia chegou um amigo do meu pai em casa e contou uma história fabulosa de um garimpo que estava surgindo milionários da noite para o dia, gente que dormia pobre e acordava rico.

Aquilo mexeu comigo, foi à noite inteira em claro não consegui dar um simples cochilo, mal consegui esperar o dia amanhecer, quando minha mãe foi coar o café eu falei sobre os meus planos de ir à busca da fortuna.

Minha mãe ouviu tudo parecendo concordar, e quando pedi sua opinião ela me perguntou se me faltava algo, ela não tinha estudo nem experiência de vida, mas me advertiu do risco do dinheiro fácil e de suas consequências desastrosas.

Não levei muito em conta, pois ela nunca havia saído do meio daquela mata, que por sinal só se chegava de balsa, eu nunca tinha visto televisão, não sabia o que era geladeira e outras coisas do mundo civilizado.

No meio da conversa meu pai chegou, ficou em silencio e não se manifestou, e minha conversa com minha mãe seguia, meu pai enrolou seu cigarro de palha com toda calma de um mundo que não existe relógio, deu ares que queria se pronunciar sobre o assunto.

Olhei para ele e perguntei o que ele achava.

Ele com aquela mansidão de um matuto me respondeu.

Oia fio num sei não o Zé das anta fala dimais, ele e metido com uma tar de televisão e fica trazendo assunto que nois num conhece, acha qui nois e bobo, onde já se viu uma serra de oro.

Eu pelo contrario acreditei em cada palavra, e no dia seguinte esperei a balsa passar com o maior medo deles não me verem a beira do rio, pois a balsa passava apenas uma vez por semana.

Meus pais me aconselharam a não ir, mas eu estava dominado pelo desejo do novo, do desconhecido, pois sabia que meu fim não poderia ser ali naquele fim de mundo.

No dia seguinte sai rumo ao desconhecido, e alguns quilômetros à frente o vizinho que nos levara a noticia do ouro se despedia de sua família e entrava na balsa, foi um momento único quando o vi, tive a certeza que tudo daria certo.

Além do que eu não conhecia nada do mundo a não ser pelas noticias que um ou outro nos levava de vez em quando.

A viajem durou cerca de quinze dias, ao final aportamos em um lugar movimentado, eu não sabia que existia tanta gente, e a única coisa que eu ouvia era sobre a serra iluminada, que podia ser vista de longe pelo brilho do ouro.

Saímos das docas e fomos andar pela cidade, fiquei maravilhado com tudo, carros que não precisavam de cavalos para se locomover, mulheres de todos os tipos, roupas estranhas e acabei por ver a tal de televisão, que me causou o maior susto, pois vi uns bois correndo em minha direção e de súbito sai correndo.

Causando risadas nos que me observavam, e por fim algumas horas depois senti que tinha feito a coisa certa em ir em busca do meu sonho.

O andarilho nem pisca e fica a imaginar a cena, o velho sente se feliz por alguém ouvir sua história com tanta atenção.

E assim prossegue.

A cidade era um alvoroço, todos queriam ir para o mesmo lugar, a rodoviária estava lotada, mas não faltava ônibus, era gente saindo a todo momento, apos comprarmos as passagens eu e meu vizinho esperamos uma tarde inteira, e no principio da noite embarcamos rumo ao eldorado.

Foram vários dias por estradas poeirentas, todos fazendo planos mirabolantes, avião, iate, camionetas a diesel, joias para mulheres e amantes, filhos na faculdade de medicina sem nem mesmo terem sidos alfabetizados e por ai a fora, tudo que a mente podia imaginar ou a televisão tivesse inserido no imaginário daqueles inocentes.

Por fim chegamos, não passava pela minha mente o tamanho que era o lugar, era uma pequena cidade, cercada de sonhos e fantasias, bordeis que funcionavam diuturnamente, gente chique com dentes de ouro e jagunços, muitos jagunços, todos armados e mostrando o poder daqueles que negociavam as pepitas.

Parecia um formigueiro, eu fiquei enlouquecido, deu vontade de correr e me jogar dentro daquela enorme cratera a céu aberto.

Não demorei a descobrir que ia ser difícil, pois os barrancos tinham dono e eram vigiados por pistoleiros, e gente morria a todo instante em uma terra sem lei e ordem, onde quem mandava era quem tinha mais armas e gente de coragem por detrás delas.

Mas pela minha simplicidade eu consegui um lugar para cavar e carregar a terra para se lavada em busca do troféu incerto, ali os dias se passaram se vendia de tudo, a agua era cara cigarro e bebida eram um luxo apenas para quem tinha muito dinheiro, e a noite os bordeis lotados.

Foram meses e meses ciscando como galinha cercada por pintinhos, não via as horas se passarem em nome da esperança da riqueza.

Não vi mais o meu vizinho, rapidamente absorvi o lugar e passei a viver de esperanças e migalhas, não saia para lugar nenhum, acordava às quatro horas da manhã todos os dias, de sol a sol.

Ate que em um final de tarde eu consegui achar aquilo que seria minha riqueza e minha pobreza, fiquei louco, não me contive gritei, ah como eu gritei, era uma pedra gigante para mais de cinco quilos, os colegas ate duvidaram que era ouro, mas não tinha como negar a minha boa sorte.

Ate meu vizinho apareceu, aquilo mexeu com o imaginário de todos, tudo em minha volta parou, o mundo parou, tudo girava em câmera lenta, eu ouvia todos fazerem planos como se a pedra pertencesse a eles.

O alvoroço parou os bares e bordeis, parecia final de copa do mundo, os olhares todos vinham em minha direção, era inegável que eu me tornara uma celebridade, todos queriam comprar minha pedra mágica.

As emissoras de televisão divulgavam pelo país o grande achado, deixando a população ensandecida, o mundo parou emissoras de todas as partes do mundo chegando a todo instante.

Era impossível me roubar à pedra, pois eu estava cercado por uma multidão de pessoas que se sentiam tão donos do achado quanto eu, a pedra parecia esforço de todos, éramos muitos milionários.

Os dias foram se passando e eu em foco em todos os meios de comunicação, todos queriam saber quem eu era, de onde vinha se era pobre, a cobiça e a ambição trouxe mudanças de imediato, tinha gente que passava a noite inteira sob a luz de lamparinas em busca de uma nova ilusão dentro da cratera.

E outros ficavam próximos a mim esperando o desenrolar daquele filme da vida real, e em meio à multidão apareceu um gringo da língua enrolada me prometendo mil coisas, me dizendo para ter cuidado e não me deixar enrolar pelos ratos ambiciosos que me cercavam, e sorrateiramente me deu uma piscada e colocou um cartão de visitas no meu bolso.

Eu entendi o recado e redobrei minha atenção, e ali já se passavam quase dez dias, todos já estavam esgotados, ate que durante uma entrevista próximo a um rio eu aproveitei o descuido e me joguei na agua, e como era um especialista em selva não foi difícil simular um afogamento e em seguida me embrear na mata.

Foram quase um mês vagueando, mas sem dificuldade, pois sabia me virar muito bem, eu vinha de um lugar similar, e me acostumei a viver sem o mínimo de luxo, de onde vim à vida em meio à mata e ao desconhecido era algo normal.

Ate que cheguei a um pequeno povoado de mestiços, índios quase civilizados e brancos, onde não tinha televisão, e ninguém por ali sabia o que estava acontecendo, e para os que ficaram eu morri afogado no rio levando para sempre a pedra dos sonhos de todos.

Pois o rio tinha fortes corredeiras, o lugar foi varrido pelos bombeiros e ribeirinhos e ao final de uma semana fui dado como morto, o frenesi logo passou, e vieram noticias e mais noticias e acabaram por me esquecer de vez.

E eu fui me afastando daquelas matas aos poucos, seguindo um caminho de aldeia em aldeia, cabeludo, barbudo, sujo, pele queimada pelo sol, acabei por me tornar um fantasma, e a única coisa que guardei foi à pedra e um cartão de um desconhecido.

Por fim eu cheguei à civilização, não me dava mais conta do tempo, já se haviam passados vários meses, me passei por mendigo, o que não foi difícil devido a minha aparência.

O povo me dava esmolas sem que eu pedisse, só não se aproximavam de mim devido ao mau cheiro, ate que eu comprei umas fichas telefônicas e consegui com muito custo falar com o homem que me havia dado o cartão.

De inicio ele duvidou achou que eu havia morrido afogado nas correntezas, mas eu repeti exatamente o que ele me havia dito, e tudo que estava escrito no cartão, por fim ele me mandou esperar na rodoviária local disfarçado de mendigo que ele mesmo ia me resgatar.

No dia seguinte ele apareceu pessoalmente, eu o reconheci de longe, ele também me reconheceu, por fim entramos em seu automóvel, e o motorista e dois seguranças nos levaram para uma cidade distante, a única coisa que ele queria ver era a pedra.

Quando mostrei a pedra ele enlouqueceu, passamos em um hotel tomei banho fiz barba, cabelo e coloquei roupas novas, em seguida fomos para um aeroporto, e depois para outro e por fim já estávamos em outro pais.

Contei a história da fuga mais de uma vez dentro do avião, ele ria, achava tudo um filme Hollywoodiano, disse que não iria me arrepender de tudo que passei, por fim chegamos ao destino final.

Comemos e ficamos conversando, por fim chegaram os avaliadores e os colecionadores, e em meio à alta madrugada se iniciou um leilão, eram malas de dólares sobre as mesas.

Por fim o maior lance levou meu tesouro, a história parecia ter chegado ao fim, eu estava milionário, pois a pedra não foi vendida como ouro e sim como uma obra de arte feita pela própria natureza, o seu valor parecia incalculável e inestimável.

Meu protetor pegou uma soma razoável pelos seus préstimos e retornamos ao meu pais de avião, chegando aqui ele passou a ser meu instrutor, me ensinando a maquiar o dinheiro e torna-lo legal.

Foi muito fácil, e logo me tornei uma pessoa bem vista no meio em que vivia, deixei o cabelo crescer, e também um cavanhaque, tingi tudo de loiro, aprendi os bons modos e dei uma enrolada na língua, acabei por me passar por estrangeiro.

E vez ou outra eu ouvia minha história ser contada, a do homem que teve a sorte grande e o azar maior ainda advindo de sua morte, ouvia a tudo sem me manifestar.

Depois que tudo caiu no esquecimento resolvi visitar meus pais, comprei minha própria embarcação e fui ate minha antiga morada, foi uma surpresa quando cheguei, meus pais haviam recebido a noticia que eu havia morrido.

Quando eu perguntei quem havia dado a noticia eles me contaram uma longa história, que o vizinho que havia partido comigo havia dado a noticia, e passados mais de dois anos fora, e que sua mulher achava que ele havia morrido e arrumou outro homem.

E ele de desgosto, e tendo voltado mais pobre do que foi acabou por se entregar a bebida, e dizendo sempre que voltaria para o garimpo e tentaria a sorte novamente, pois se deu certo comigo como não poderia dar certo para ele.

Fiquei alguns dias com meus pais, tentei convence-los a irem comigo para a cidade grande, mas não consegui, e quando resolvi ir embora o antigo vizinho apareceu, me tratou como um fantasma, e me contou os detalhes da minha morte.

Acabei por ficar mais um dia, bebemos e conversamos uma noite inteira, ao raiar de um dia em que passei a noite em claro convidei-o a vir comigo, ele não pensou duas vezes, pois não tinha mais nada a perder.

Retornei a cidade deixando a embarcação para o meu pai como fonte de renda, o que deu muito certo, pois ele aprendeu a ganhar dinheiro e popularidade com o barco novo, os vizinhos diziam que ele também havia achado ouro e tudo acabava em brincadeira, e ele nunca disse para ninguém que eu estava vivo e havia dado barco de presente a ele.

Retornando a civilização tentei levar uma vida normal, mas era impossível o dinheiro da pedra se tornou maldição, e vivi cercado de gente ruim que só queria status, luxo, e ostentação, acabei por não me casar de medo de se morto enquanto eu dormia.

E quando sentia saudades ia ver o mundo real, que era a casa dos meus pais, lá sim em meio à simplicidade tudo parecia ser diferente, por lá nunca chegou televisão ou luz elétrica, e assim foi por muitos anos.

Meu pai morreu de velhice, e logo em seguida minha mãe também partiu, pois não estava pronta para viver neste mundo sem seu companheiro.

O andarilho sente seu cérebro pular dentro da cabeça aquilo era algo novo em sua vida, das muitas histórias que ouviu aquela parecia ser única, e movido pela curiosidade pergunta pelo amigo que veio com ele.

O velho sorrindo, aparentemente embriagado olha para o dono do bar e os dois sorrindo deixam o andarilho pensativo.

E o dono do bar com um sorriso maroto olha para o andarilho e pergunta. Adivinha onde esta o amigo.

O andarilho percebe a brincadeira dos dois velhos amigos e diz. E você.

A alegria toma conta do lugar, três pessoas que parecem ter vivenciado tudo junto sorriem e continuam a conversa animadamente, e histórias sobre a aventura do velho viram o tema da conversa que segue noite adentro.

Três almas que vibram na mesma frequência e trazem harmonia ao cosmo, o tempo por ali parece te parado e a conversa segue animada.

Assim e, e sempre será tudo na vida tem sua hora, o tempo não pertence a nos, e sim aquele que rege a orquestra de luz do multiverso, o senhor de toda criação, que prepara tudo ao tempo e a hora para que a evolução conjunta se proceda conforme as regras do mestre da criação.

O livro contos reflexivos do andarilho do pluriverso se encontra pronto, aguardando editora para publicação.

Paulo César de Castro Gomes.

Escritor, Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em docência universitária pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós graduado em Criminologia e Segurança Pública pela Universidade Federal de Goiás. (E-mail. paulo44g@hotmail.com)

paulocastro
Enviado por paulocastro em 02/07/2018
Código do texto: T6380007
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