"DESCOBRIMENTO" DO BRASIL: PLANEJADO OU CASUAL? - INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

Analisando os principais fatores que envolveram o “nascimento” do Brasil a partir dos anos 1500, com a chegada dos portugueses, e observando através de ‘janelas” históricas a formulação de seus diversos nomes (primeiro: Ilha de Vera Cruz; depois, depois, Terra de Santa Cruz e; finalmente, em virtude da exploração e comercialização da madeira pau-brasil, por associação, Brasil) pretendemos examinar a seguinte questão:

O “Descobrimento” do Brasil foi Planejado ou Casual?

Iniciaremos a “apresentação” das questões que, diretamente, têm envolvimento com o tema a ser abordado, e ajudam no esclarecimento do fato central do artigo acima elencado e, também, “relembraremos”, de forma suscinta “aspectos” da intrigante História do povo português, começando pelos itens abaixo enumerados:

a) A questão “gramatical” que envolve a palavra “descobrimento” escrita com aspas, ou seja, o significado dos termos: com utilização das aspas – invasão, dominação; sem utilização das aspas – encontrar pela primeira vez; ou seja, a utilização exata do termo em relação ao fato histórico ocorrido no Brasil a partir da chegada dos navegantes, marinheiros e religiosos portugueses (católicos da Companhia de Jesus - Jesuítas), no caldeirão efervescente dos idos de 1500;

b) A formação de Portugal (1139-1385), com sua similaridade em relação aos romances medievais de cavalaria e a captura e aspecto de todo o seu desenvolvimento social, histórico, político, religioso e marítimo-mercantil;

c) As conquistas – marítimas – de Portugal até 1500 – Ceuta, Madeira, Açores, Cabo Bojador, Serra Leoa, Embocadura do Congo – Rio Padrão, Cabo da Boa Esperança – antigo Cabo das Tormentas; o Caminho Marítimo para as Índias, a grande conquista de Vasco da Gama e, finalmente, em 1500, o Brasil, o grande desafio de Pedro Álvares Cabral. Analisando o valor patriótico implícito no “lema de existência” da nação portuguesa – (Navegar é preciso, viver não é preciso.), concluindo: seria inevitável, diante de tal impulso de “Descobertas” realizadas em um curto espaço de tempo ocasionando conquistas, posses, explorações e colonizações das “novas terras”, tudo em nome da Coroa portuguesa;

d) Lema (Navegar é preciso, viver não é preciso.), isto é, o leitmotiv daquela sociedade implícito no DNA e impulsionador para aventuras e “descobertas” além-mar.

e) Mito da fundação da Escola de Sagres em 1443; em tese, pelo Infante D. Henrique e, como escreveram em sua História do Brasil (1979) Teixeira e Dantas:

"Um dos filhos de D. João I, que participara da conquista de Ceuta, compreendendo a necessidade de planejar e organizar mais eficientemente o empreendimento marítimo-mercantil, funda em 1417 (sic.), a Escola de Sagres, para funcionar como centro coordenador e executor das futuras expedições."

f) A façanha do navegador genovês Cristóvão Colombo (que, primeiramente, oferecera seus serviços a Portugal) ao “descobrir” em 1492, antes de Portugal e seu empreendedorismo e investimentos “milionários” nas “Ciências Náuticas” (Cartografia, Geografia e Astronomia), um “novo” continente (impropriamente denominado de América, o Novo Mundo) estando a serviço dos reis católicos da Espanha (Fernando de Aragão e Isabel de Castela) comandando uma esquadra formada por três caravelas – Santa Maria, Pinta e Nina;

g) A Bula Inter Coetera (1493), decreto papal, assinado pelo (espanhol) Alexandre VI (Rodrigo de Borja, 1431-1503) que “determinava” a divisão de terras encontradas a Oeste de Cabo Verde por um meridiano de 100 léguas (1 légua = 6000 a 6600 m.) pertencentes à Espanha, e as terras encontradas a Leste pertenceriam a Portugal; a proposta não agradou ao rei português (D. João II, 1455-1495), gerando o Tratado citado abaixo;

h) O Tratado de Tordesilhas (1494) que, previa a divisão de terras por um meridiano traçado a 370 léguas a Oeste de Cabo Verde; as terras aí encontradas seriam da Espanha; e a Leste pertenceriam a Portugal; sendo considerados o Tratado e a Bula como os principais indícios que nos mostram a intenção, o planejamento das “descobertas” e os prováveis “conhecimentos” de terras além-mar pelos portugueses; ou seja, a sociedade marítima daquele momento histórico (o rei, a corte, os estudiosos, os navegantes, os marinheiros, os religiosos e, por último, o povo); estavam de acordo com a proposta efetivada no Tratado, que fora, idealizado, proposto e assinado por D. João II (Rei de Portugal) e pelos reis católicos da Espanha (Fernando de Aragão e Isabel de Castela);

i) A importante viagem do navegador e Almirante dos Mares da Índia Vasco da Gama (1469-1524) em 1498, ou seja, a “Descoberta” do Caminho Marítimo;

j) A Carta de Pero Vaz de Caminha e a Carta de Mestre João (o espanhol, João Faras ou João Emeneslau: médico, físico e astrônomo da esquadra de Cabral - descoberta por Francisco Adolfo de Vanhargen, 1816-1878) e a Relação do Piloto Anônimo – provavelmente João de Sá, escrivão da armada; analisaremos, pequenos trechos destes três documentos históricos, que não revelam surpresas ao encontro de “novas terras”, considerados os escritos mais importantes e dignos de atenção sobre a chegada dos portugueses ao “território indígena” em 1500; sendo a Carta de Pero Vaz de Caminha (objeto de análise: a parte final) considerada na disciplina de Literatura brasileira como a Certidão de Nascimento do Brasil.

Vainfas (2010) também comenta este fato em sua História:

Na carta que, Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei D. Manuel, por exemplo, não há grande surpresa com o “achamento” da nova terra.

Encontramos na Carta de Mestre João a seguinte referência:

"(...) Quanto, Senhor ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não

certifica se esta terra é habitada ou não, é mapa dos antigos e ali achará Vossa alteza escrita também a Mina. (...)"

k) O planisfério de Cantino (1502) carta náutica da época e uma espécie de mapamúndi onde são encontradas as terras americanas “desconhecidas”.

O enfoque do trabalho, vem exposto no título do artigo: “Descobrimento” do Brasil: Planejado ou Casual?

O questionamento a ser respondido é direto:

- Sabiam ou não das terras além-mar os marinheiros portugueses da época?

- Havia ou não as chamadas “ordens secretas” para desvio da rota? Os objetivos:

1) Provar a questão do planejamento, negando o aspecto casual;

2) Divulgar (através de posterior publicação física – livros, revistas especializadas, jornais; e depois, expor também no espaço virtual – sites e blogues da Internet – wikipédia, wikisourse) o artigo para análise e crítica dos meios acadêmicos relacionados à disciplina de História do Brasil;

3) Colaborar com a transformação do conteúdo das grades curriculares referentes ao ensino da disciplina e com a inclusão do artigo aos diversos níveis de ensino de História do Brasil.

A metodologia: análises e leituras críticas dos livros de História do Brasil (citados nas referências), acessos aos sites e blogues expressivos da Internet (wikipédia, wicksourse), comparação com artigos publicados anteriormente – citados nos livros das Referências deste trabalho – por outros autores.

A relevância está centralizada na utilização do tema em aulas iniciais da disciplina nos níveis de Ensino Fundamental (I e II), Ensino Médio, Ensino de Jovens e Adultos - EJA e, poderá também servir, como complemento no Ensino Superior, ou seja, nos períodos iniciais da disciplina de História do Brasil.

In.: "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL: PLANEJADO OU CASUAL? SP: Clube de Autores/Agbook, 2019. pp. 10 a 12.