POR QUE MAR TENEBROSO? ALCUNHA DO OCEANO ATLÂNTICO

Não só tenebroso mas, também desconhecido, invencível na sua luta contra os homens, indevassável diante da História, espaço de muitas lendas que contadas pelos marinheiros e navegantes ao chegarem à terra, isto é, as famosas histórias de pescadores mas, neste caso, voltadas para o susto, para o terror, para o assombramento, para o medo; tudo isso, todas as lendas, passadas de geração em geração, apenas com intuito de manter isolado, impenetrável, intransponível o gigantesco Oceano, ou seja, um desafio a ser vencido, um espaço (navegável) a ser conquistado.

De lenda em lenda, de conto em conto, de história em história lá estava ele, o Oceano Atlântico, senhor de si, inconquistável há milhares de anos; e de repente, vítima de um conjunto de conhecimentos, de processos de invenções, de um conjunto de conhecimentos adquiridas resultando em uma geração de destemidos marinheiros, “atacado” por um povo convicto...; as suas lendas perderam o efeito congelador e os portugueses lançaram-se ao Mar, dominaram suas entranhas, conheceram o seu cerne, para “realizar” as Grandes Navegações culminado na Aventura dos “Descobrimentos”.

Respondendo a questão proposta: havia muitas lendas, algumas vindas de outras partes da Europa (Alemanha, Itália, França, Holanda entre outras) sobre monstros (kraquens, sereias, serpentes marinhas gigantescas) que destruíam as embarcações e devoravam os tripulantes; sobre fenômenos naturais que impediam a navegação (calmarias, tempestades, redemoinhos – que como encantos, surgiam à frente da embarcações entre outros fatores que “habitavam” o Mar), ou seja, tornavam impossíveis as viagens marítimas, as travessias pelo Oceano. Por isso, Mar Tenebroso.

Mesmo com todas as lendas, o medo foi vencido e o Homem português, lançou- se ao Mar. Todos os medos foram massacrados e as descobertas foram revelando: Ceuta, Bojador, o Cabo das Tormentas – depois Boa Esperança, o Caminho Marítimo para as Índias, finalmente, Brasil e assim por diante; os mistérios foram eliminados, caindo um a um e assim as lendas ficaram perdidas no tempo.

Vejamos os registros do fator:

(...) Sabia D. Henrique ser possível chegar às Índias viajando pelo litoral Africano, onde o Oceano Atlântico tinha o nome de Mar Tenebroso ou Mar de Trevas: é que os marinheiros acreditavam viverem, em suas águas monstros que afundavam os navios e devoravam seus tripulantes. (...)

In.: SÊNIOR, Augusto de. "DESCOBRIMENTO" DO BRASIL: PLANEJADO OU CASUAL? SP: Clube de Autores/Agbook, 2019. p. 13.