De Pantaleão

O dia se foi. A noite, óbvio, chegou. - Sei lá! Do jeito que estão as coisas, talvez nem óbvio seria.

Enfim, mais um dia se apronta pra chegar. - Melhor assim! Que mistério é esse? Pergunto eu. Sai dia, vem noite; sai noite, torna-se dia. Sai sol, entra lua. Verão se vai, inverno vem. Estrelas se põem, estrelas se vão. As vezes, chuvas vem, chuvas vão. De fato, há um grande mistério em volta de todo universo. Ficamos pensando: - como pode acontecer tamanhos fenômenos se somos homens incapazes de com os dedos, girar o ponteiro de um relógio. Ah, é maravilha demais; é como diz o escritor português "é mistério demais pra mim". Chego a ficar atordoado; minha cabeça chega a ferver. Quem sustenta a terra nesse eixo central para que não venha cair? Como diz Rubem Alves "quem rodou o peão?" Não existe nada que sustente o globo terrestre nos ares; parece um balão flutuante. Os dias passam como o vento. As noites chegam como um raio. A chuva desce como os rios. O sol nasce como num de repente. É questão de minutos, segundos, quem sabe! Éh...sei não! Acho que to ficando louco. Como disse Antonina Brandão, de Lima Pantaleão, terra do camaleão, lá no norte do sertão, cidade de meu irmão, que sempre me estendeu a mão: "a flor de lampião avermelha o seu rosto no luar do meu sertão; que bão, é dia de clarão!". Éh...mesmo sendo louco, ou mesmo na minha loucura, ainda consigo enxergar no Criador, tamanha perfeição, e o mistério da salvação. Hoje vejo o sol, a chuva; o dia, a noite. Hoje vejo o inverno como também o verão; posso ver as estrelas e o luar de meu sertão. Como Antonina Brandão, lá de Pantaleão, que bão, é Deus no meu coração! 

Iraldir Fagundes
Enviado por Iraldir Fagundes em 07/08/2020
Código do texto: T7029069
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