Cólera

O rapaz fora despedido e ficou muito magoado com o seu chefe. Pegou um papel e grafou toda sua raiva com palavras agressivas e o enviou ao seu ex-gerente.

Quando esse leu o bilhete, assimilou o seu conteúdo venenoso e ficou muito irritado.

Chegando em casa para almoçar, com aquela carga pestilenta, xingou a esposa porque seus sapatos não estavam bem lustrosos. Transferiu o veneno para ela, que sentiu necessidade de agredir alguém.

A vez foi da auxiliar doméstica. A patroa descarregou toda sua ira na pobre moça, porque não havia deixado os sapatos do patrão com o brilho desejado.

A serviçal não tinha ninguém para descarregar sua raiva. Saiu esbravejando. Viu à sua frente um velho cão, que tirava um cochilo tranquilamente deitado no chão.

Não teve dúvidas. Extravasou toda sua raiva em um pontapé no pobre animal.

O cão saiu em disparada e mordeu a primeira pessoa que encontrou no caminho: a vizinha.

Com a mordida, ela recebeu a carga que havia sido emitida pelo funcionário despedido. Tomada de dor e muito irada, acabou por agredir o rapaz que a atendeu na farmácia.

Ele, por sua vez, ao adentrar o lar, furioso, começou a gritar com sua mãe que o aguardava para o jantar.

Que vida miserável! A senhora é culpada por eu ter que trabalhar feito um condenado naquela farmácia. Não aguento mais tantos problemas!

A senhora, calmamente, o envolveu num abraço afetuoso e falou suavemente: É verdade, filho, você tem razão.

E passando a mão nos seus cabelos com carinho, amortizou a ira e fez com que se diluísse aquele veneno letal que havia prejudicado a tantos.

* * *

A força do amor! Não há arma mais poderosa do que o amor!

Ninguém resiste à sua força. Se uma pessoa chega furiosa, agredindo-nos com palavras e lhe respondemos com calma, ela fica como que imobilizada e sem ação.

É como jogar água sobre o fogo. De forma diversa, o revide, a ira, são como o elemento inflamável jogado na fogueira.

Gandhi foi um exemplo vivo da força do amor. Enquanto os opressores portavam armas pesadas, aparentemente invencíveis, ele, com a força do amor, logrou libertar seu povo do jugo estrangeiro.

Se temos usado a tática da desforra, tentemos a tática do amor. Basta que respondamos ao mal com o bem, à violência com a não violência, ao ódio com a paciência.

O ensino do Mestre de Nazaré é sábio quando recomenda que, se alguém nos bater na face direita, lhe ofertemos a outra.

Isso quer dizer que quando nos apresentem a face da revolta, da agressão, mostremos a outra face, a da paciência, da concórdia, da tolerância.

Agindo assim, com certeza, não seremos propagadores da revolta, da cólera, e de tantos outros males que poderiam ser aplacados com apenas algumas gotas de tolerância.

* * *

Quando ficamos irados, os batimentos cardíacos aceleram-se e o sangue flui para as mãos, tornando fácil golpear a quem consideramos nosso oponente.

Por isso, nos chegam notícias de pessoas que agridem o semelhante por motivos irrelevantes. Foram dominadas pela cólera.

Assim, treinemos diariamente para vencermos a raiva, em nós, para o nosso próprio bem.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 26,

do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Néio Lúcio,

psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

Em 3.12.2020.

Redação momento espirita
Enviado por ANEZIO em 03/12/2020
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