Não ajunteis riquezas materiais

Mateus 6.19-21

Vida Eterna

pr. Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira

Florianópolis, Santa Catarina, 13.12.1992, 19.12.2020

Ainda não montada, nem revisada, nem publicada

Introdução dos fatos

01. A traça é um inseto que não representa risco à saúde humana, mas pode causar danos materiais a roupas e a livros. Certo tipo de traça costuma se alimentar de açúcar e celulose encontrado em livros, papel e álbuns, enquanto um segundo grupo tem preferência em atacar tecidos de lã e de algodão.

02. Quanto à ferrugem, esse elemento corrosivo resulta da oxidação do ferro, quando este entra em contato com o oxigênio existente na água e no ar atmosférico. E como resultado desse contato, surge a ferrugem, e esta começa a corroer qualquer peça confeccionada em ferro.

03. Para evitar que qualquer máquina, ferramenta ou objeto outro fabricado em ferro sofra o processo de oxidação, torna-se necessário que essa peça receba um banho de zinco, para mantê-la conservada.

04. Ladrão tem sido a estigma aplicada a todo indivíduo que pratica ou é flagrado em uma conduta contrária à lei e à ordem, como, por exemplo, alguém que pratica uma sonegação fiscal, ou aquele que rouba os bens de seu próximo. Alguém ou uma instituição que assim procede, em uma linguagem figurada, deve ser considerada como traça e ferrugem.

Interpretação dos fatos

O italiano Jerônimo Savonarola

01. As práticas pecaminosas constituem a traça e a ferrugem que corroem os tecidos morais de uma sociedade, por constituírem um elemento que corrói a imagem e a semelhança que o ser humano herdou de seu Criador.

02. Um bom exemplo do que seja traça e ferrugem foi aquele um grupo de religiosos e políticos que se levantaram para silenciar o italiano Jerônimo Savanarola. Filho de pais de boa cultura secular, o jovem italiano estudou os tratados de filosofia de Platão e de Aristóteles, mas foram os escritos de Tomaz de Aquino que o influenciou a dedicar sua existência terrena ao Criador do Universo maravilhoso. Desde a infância, abraçou o costume de estar em constante oração e de jejuar constantemente. Seu coração ficava bastante magoado ao ver a liderança da Igreja Católica cultivar o vício, o pecado, o luxo e a ostentação, valores meramente abomináveis, que nada têm com vida eterna. Então, batendo de frente com essa cultura pecaminosa, costumava passar horas do dia nas campinas, às margens do Rio Pó, contemplando os elementos da natureza, cantando e, muitas vezes, chorando.

03. Após romper o namoro que mantinha com uma bela donzela florentina, da linhagem Strozzi, pelo fato desta haver recusado unir-se à família Savonarola, apresentou-se no mosteiro dominicano de Bolonha, em 24.04.1475, aos 23 anos de idade, rogando que fosse aceito para executar os mais humildes serviços da cozinha e da horta da instituição religiosa. Sua sede de conhecer o conteúdo da Bíblia Sagrada o levou a passar noites examinando-a.

04. Cerca de sete anos depois, aos 30 anos, ao ser ordenado frei, foi transferido para o mosteiro São Marcos, em Florença, onde se estabeleceu. Enorme foi seu desapontamento ao ver que essa sociedade se encontrava envolta num mar de depravação, como as demais que teve a oportunidade de conhecê-las. Cerca de um ano depois, tornou-se instrutor de jovens iniciados, e logo chegou a pregador oficial do mosteiro, sendo que o conteúdo da Bíblia Sagrada era seu manual de fé, prática e instrução, apesar de uma enorme fonte de literatura compor a biblioteca do mosteiro. Do púlpito costumava desferir sermões ferventes contra a vida pecaminosa daquela sociedade; mas, como poucas eram as pessoas que assistiam a esses seus discursos, passou então a dedicar tempo exclusivo aos iniciados.

05. O ardor pela leitura constante da Bíblia Sagrada e pela oração incessante o levou a receber, do Eterno, uma série de visões, e as revelou às plateias por onde pregava. Seus sermões, contra a traça do pecado que corrói a alma, atraíram uma plateia tão enorme, que as reuniões passaram a ser realizadas na famosa Catedral de Florença, na qual suas mensagens bíblicas ocorreram durante oito anos. Para ouvir suas mensagens apocalípticas, o povo costumava se levantar à meia-noite para, nas ruas, esperar a abertura das portas da edificação religiosa.

06. A transformação causada no comportamento da população incomodou tanto o monarca Lorenzo de Medici, que este fez uso de várias tentativas para suborná-lo, e assim silenciá-lo. Mas, como a bajulação, as peitas, as ameaças e os rogos não baixaram o tom apocalíptico de suas pregações, o famoso orador frei Mariano foi contratado para condenar seus sermões. Porém, como o povo recusou ouvir os discursos do frei, este se calou.

07. Navegando nas ondas do gigantesco tsunami bíblico do pregador, o povo abandonou a literatura mundana, e os ricos passaram a usar seus recursos para ajudar os menos favorecidos da comunidade.

08. Devido a seus sermões repletos de aroma divino, o vício, o crime e a corrupção que constituíam a ferrugem e a traça moral que corroíam a Igreja Romana e a sociedade florentina de então, o povo abandonou a leitura de publicações mundanas. Nessa ocasião, crianças circulavam pelas ruas de Florença coletando máscaras carnavalescas e livros obscenos, com os quais, na praça pública da comunidade, foi montada uma fogueira com 20 metros de altura. E ao mesmo tempo que essa literatura imunda ardia em chamas, a população cantava hinos de louvor ao Criador, enquanto sinos badalavam, nas capelas, sinais de vitória sobre o pecado, sobre a morte eterna, e sobre o Diabo que os enganava.

09. Florença havia se tornado a sede das artes que revolucionaram as nações da Europa do período renascentista. Sua denotada pujança artística fomentou a construção de cidades, de catedrais e de castelos desse período histórico. Nessa época, a comunidade florentina costumava se ajoelhar nas catedrais em busca de proteção divina para degolar suas vítimas pelas solitárias ruas da cidade. No trono político se assentava o monarca Lorenzo de Medici, o Magnífico, e no trono religioso o papa Inocêncio III.

10. Pico dela Mirandola, um grande erudito de sua época, testemunhou que “a voz de Savonarola era como o bater da condenação; um arrepio frio corria pela sua espinha e os cabelos ficavam em pé enquanto o escutava.”

11. Mas, tempos depois, como nem tudo são um bosque florido a exalar aroma cheiroso, o monarca de Florença viajou a Roma para denunciar, ao papa Alexandre III, a revolução de comportamento social que os sermões apocalípticos do pregador estavam causando a súditos de seu reinado. Para silenciá-lo, o representante do Deus Vaticinium, postado em seu trono de ouro, no Vaticano, até que tentou comprar o silêncio do pregador, com um barrilete cardinálico.

12. Todavia, como o evangelista não se vendeu a míseras moedas de prata, uma comissão papal foi enviada a Florença para decretar o fim do ousado pregador que, ao longo de sua curta caminhada terrena, de apenas 46 anos, e que passava noites inteiras em oração e estudo das páginas da Bíblia Sagrada, foi ameaçado, julgado, condenado, enforcado e queimado vivo em uma fogueira, erguida em praça pública, a mando do senhor do Vaticano, pelo fato de Savonarola haver extirpado a traça, a ferrugem e a riqueza material que corroíam aquela comunidade, outrora, envolta em lamaçal de pecaminosidade.

O espanhol Francisco Pizarro

00. No ano de 1443, o fidalgo português Dom Henrique adquiriu uma faixa de terras no vilarejo de Sagres, região de Algarve, e fundou uma Escola para a formação de profissionais na arte da navegação.

Com os anos, navegadores portugueses chegaram à foz do Congo, em 1486 o navegador Bartolomeu Dias atravessou o Cabo das Tormentas e, finalmente, o navegador Vasco da Gama, em 1498, chegou às Índias, concretizando o sonho de poderosos empresários portugueses de ter acesso a esse famoso mercado de especiarias. Como o navegador judeu-italiano Cristóvão Colombo, a serviço da Espanha, teve acesso à parte central do Continente Americano, Portugal, para impedir que a Espanha tivesse acesso ao caminho naval para as Índias, enviou o navegador Pedro Álvares Cabral com essa função, todavia, Cabral se desviou da rota e chegou ao Brasil. Foi assim que empresários portugueses e espanhóis estenderam seus domínios a terras centro-sul americanas, desejosos de formar riqueza ao custo da destruição de inúmeras vidas humanas.

01. A voragem humana por acúmulo de riquezas materiais ilícitas tem sido a traça e a ferrugem que devoram a imagem e a semelhança que o ser humano herda de seu Criador. Todos os conquistadores, para se tornarem famosos, tais como Alexandre, César, Napoleão, Hitler, Gênghis Khan, dentre outros, se tornaram grandes matando seres humanos, destruindo nações, arruinados suas economias, estuprando mulheres, saqueando o tesouro do povo, e destruindo as nações que foram invadidas.

E o império espanhol, que foi um deles, constituiu a traça e a ferrugem que matou e destruiu povos latino-americanos, em sua ânsia de roubar ouro de nações nativas.

No espaço de 100 anos antes de os conquistadores espanhóis começarem a saquear reservas de ouro, estuprar mulheres, destruir a cultura e matar nativos latino-americanos, o Conselho dos Sábios, prevendo que, futuramente, o Império Inca seria invadido por povos estrangeiros, começou a construir quatro cidades refúgio, em vales montanhosos, para abrigar mulheres, velhos e crianças da sanha de guerreiros invasores. As obras construtivas eram administradas por engenheiros, arquitetos e astrônomos incas.

02. O Império Inca, Asteca e Maia, estabelecidos na América Central e em partes da América do Sul, foram destruídos depois que Cristóvão Colombo, judeu-italiano a serviço do rei espanhol Fernando de Aragão, abriu as portas do Novo Mundo para expedições espanholas que, ávidas por ouro, mataram quase todos os povos nativos.

03. O Império Inca ocupava uma região que atualmente compreende o Peru e partes do Chile e da Bolívia. A sucessão no trono inca era escolhida pelo Conselho dos Sábios, e não necessariamente pela linhagem do soberano falecido.

04. Por meio de um mensageiro, os incas tomaram conhecimento de que o Império Asteca, localizado no México, havia sido tomado pela expedição do espanhol Hernán Cortéz, que matou o imperador Montezuma, destruiu a capital, saqueou suas enormes reservas de ouro, estuprou nativas e escravizou prisioneiros de guerra.

05. O imperador inca, Huayna Capac, um senhor idoso, ao tomar conhecimento do ocorrido aos astecas, tremeu nas bases. Ciente do que o futuro traria, aconselhou seus dois filhos, Huascar e Atahualpa, em como deveriam se comportar quando da chegada dos invasores espanhóis barbudos. Nessa ocasião teve início o êxodo de seu povo em direção às cidades refúgio edificadas em regiões montanhosas de difíceis acessos, e muitos incas imigraram para a Amazônia brasileira.

06. Pouco tempo depois, o monarca recebeu a informação de que um navio espanhol, transportando apenas 14 homens barbudos, havia chegado ao porto de Tumbes, sendo que os demais 20 tripulantes tinham sido lançados ao mar, por haverem contraído varíola. Francisco Pizarro, capitão da embarcação, havia deixado seu sócio Diego Almagro, no Panamá, e navegou ao longo da costa marítima, em uma viagem de reconhecimento, para encontrar o reino onde um povo vivia em cidades ornadas de ouro. Essa informação foi transmitida a Pizarro por dois nativos astecas que costumavam navegar na região comercializando suas mercadorias em vilarejos costeiros.

07. O navio espanhol foi ancorado no porto da cidade, e a comitiva de Pizarro foi recebida de forma hospitaleira por nativos bem vestidos, e atendida com canecas de ouro, travessas de ouro, mulheres usando joias de ouro, e isso deixou os barbudos espanhóis enlouquecidos com tamanha nobreza e imensa riqueza.

08. Tumbes era uma cidade habitada por uma população nativa de Quitos e Caras, povos aliados que frequentavam escolas e falavam o idioma quéchua dos Incas.

09. Menos de um mês depois, Pizarro navegou para a Espanha com o plano de conseguir com o rei espanhol uma enorme frota naval e homens para retornar e conquistar o Império dos Incas, como o fez Cortez ao Império Asteca do México. Nessa sua visão de poder, dinheiro e fama, teve o cuidado de deixar Felipe e Alejo Garcia em Tumbes, sob a falsa alegação de que precisavam se recuperar da varíola, mas, a bem da verdade, como espiões para aprender o idioma quéchua e encontrar o caminho de acesso às cidades de ouro.

10. Ao chegar à Espanha, o rei Carlos V ficou tão enlouquecido com os objetos de ouro presenteados pelo monarca Atahualpa, que entregou a Pizarro uma frota naval superior a 100 navios de guerra, armados com canhões, uma tripulação de 200 guerreiros experimentados em campos de batalha. Então, no decurso de alguns anos, a numerosa frota comandada por Pizarro, Hernando Pizarro, Pedro Sarmiento de Gambia, Diego Almagro e Hernando de Soto, além de 4 sacerdotes jesuítas, seguiu para conquistar o Império Inca.

11. Antes que a expedição espanhola aportasse em Tumbes, o rei inca recebeu um relato de seu serviço de informações, de que povoações costeiras nativas haviam sido invadidas, saqueadas, as mulheres estupradas e seus habitantes passados ao fio da espada. Na manhã seguinte teve início o êxodo de mulheres, velhos e crianças incas para as cidades refúgio nas montanhas.

12. Com o falecimento do monarca Capac, nessa ocasião, seu filho Atahualpa foi coroado rei dos Incas, instalou seu governo em Cajamarca, uma região de fontes de águas quentes, e tomou a inciativa de não combater os invasores espanhóis.

13. Ao chegar à cidade portuária de Tumbes, sem aviso prévio algum, os canhões foram acionados para destruir casas comerciais, residências, escolas, palácios e templos nativos, e em seguida tiveram joias, objetos de ouro, de prata e bens outros saqueados por barbudos espanhóis ávidos por riquezas materiais.

14. Após receber os relatórios de Felipe e Alejo Garcia, espias que haviam sido deixados na cidade, e que, agora, falavam bem o idioma quécha, a expedição se dirigiu a Cajamarca para, em nome do rei espanhol, capturar o rei Atahualpa.

15. Cajamarca é o nome da cidade peruana situada às margens do rio Cajamarca, centro de uma região agrária de indústria manufatureira, capital do departamento de Cajamarca e da província de Cajamarca. Destruída pelos espanhóis, em 1533, e posteriormente reedificada, entre seus monumentos arquitetônicos destacam-se a Igreja de São Francisco, do século XVI, a catedral de estilo indigenista do Século XVII, e a catedral Santa Catalina, em estilo colonial espanhol.

16. Em Tumbes arrasada, Pizarro deixou uma parte da tropa para cuidar dos navios, cavalos e canhões, e seguiu para conquistar Cajamarca. Ao longo da estrada pavimentada, a expedição contou com casas de provisões, espaçadas alguns quilômetros umas das outras, e com pontes soberbamente edificadas, e isso deixou espantados espanhóis ladrões, assassinos e estupradores.

17. No caminho ascendente atravessaram a região desértica de Sechura e a Cordilheira Huancabamba, o que causou sangramento nas narinas e insuportáveis dores de cabeça em vários barbudos estupradores, e estes tiveram que regressar a Tumbes, base de suas operações militares. Após vencerem a parte mais difícil da caminhada, chegaram a um pequeno povoado de povos Caras em um vale verde bem cultivado, tendo uma fonte de água quente bem próxima, e fizeram uma parada. Os invasores ladrões saquearam todos os objetos, confeccionados em ouro, que ornamentavam janelas e portas de casas e palacetes da comunidade.

18. Apesar do conselho dos Incas, Caras e Cholos se recusaram recolher a cidades refúgio. As mulheres que espanhóis encontraram foram todas estupradas, assassinadas e, posteriormente, lançadas em um distante lugar ermo, para que seus crimes nunca fossem descobertos.

19. Na cidade de fontes de água quente, o rei Atahualpa recebeu a informação de que saqueadores barbudos estavam a caminho, dois dias antes, mas preferiu não resistir ao invasor. O rei nativo os recebeu em um salão suntuosamente decorado com objetos de ouro, e recepcionados por um grupo de mulheres incas vestidas de branco, e que traziam um disco do Sol confeccionado em ouro sobre o peito. O jovem monarca, com um enorme sorriso nos lábios, vestido de uma roupagem comprida bordada com fios de ouro, tendo sobre sua cabeça um largo aro de ouro, e do qual pendiam pérolas em ouro, recebeu Pizarro e sua comitiva sanguinária, que ficaram boquiabertos com tanto ouro e beleza cintilante. O disco de ouro com o símbolo do Sol, nele gravado, indica que essa civilização adorava o Sol como seu deus, o mesmo tipo de adoração de antigos faraós do Egito.

20. Após a recepção, os estupradores espanhóis foram convidados para um banquete, e um palacete vazio foi oferecido para se hospedarem. Na hora marcada do dia seguinte, Atahualpa compareceu nas instalações do palácio, e o banquete ocorreu no mais absoluto silêncio sepulcral. Somente no Salão de Recepção é que o monarca nativo começou a falar, declarando a Pizarro que o reino Inca se encontrava muito distante para se unir ao reino espanhol, como o chefe expedicionário lhe havia anteriormente proposto. Mas que, em retribuição, presentearia o rei espanhol com muitas obras de artes confeccionadas em ouro.

21. Inda antes que o nobre espanhol Francisco Toledo dirigisse a palavra ao monarca nativo, o frei jesuíta Vicente de Valverde, que costumeiramente costumava portar um crucifixo com a imagem de um ser humano nele afixada, bradou a Atahualpa: “Nós vos trazemos a verdadeira crença. É muito mais do que podeis compreender; para paganismo não há mais lugar na Terra!”

22. Ao perceber o interesse dos Incas pelo crucifixo portando a imagem do ser assassinado, o jesuíta declarou ao monarca o interesse por ouro. “Precisamos ouro. Muito ouro”, externou o arrogante representante do deus Vaticinium. Para ver seu reino livre dessa escória de ladrões, assassinos e estupradores, o monarca prometeu-lhes um enorme carregamento de ouro. Nesse momento, Pizarro enfatizou: “Considerai-vos nossos prisioneiros! Enquanto o ouro que mandareis vir não estiver aqui, a nenhum de vós é permitido deixar o Palácio da Fonte!”

23. Enquanto Atahualpa e membros de sua corte foram escoltados ao Palácio da Nascente, Pizarro e Almagro trataram de saquear todo o ouro do Palácio da Fonte. Como os guerreiros espanhóis começaram a brigar pelo ouro que arrancavam, Pizarro ameaçou fuzilar a todo aquele que tomasse o ouro para si, e os fez saber que o ouro era propriedade da Coroa Espanhola. A ameaça do chefe expedicionário surtiu pouco efeito. Daí o padre jesuíta ameaçar a todos de excomunhão, ao fazê-los saber que metade do ouro roubado aos Incas era de propriedade da Igreja de Roma, e assim baixou o facho dos guerreiros da cruz manchada de sangue nativo.

24. Cerca de 30 dias depois de haver enviado o pedido a seu irmão Huascar, governante da Cidade de Ouro, situada há 900 quilômetros, chegou 40 lhamas carregadas com obras de arte confeccionadas em ouro e prata, como barras de ouro fundidas.

25. Abismados com tanta riqueza, os invasores estupradores programaram a viagem de retorno à Espanha, levando o carregamento de ouro, todavia, o padre jesuíta Valverde “jogou um balde de água fria” sobre os guerreiros, ao declarar a todos: “Viemos para trazer a verdadeira crença aos pagãos! E conduzi-los à igreja, a qual é a única que pode torná-los bem-aventurados. Os países terão de ser incorporados à coroa da Espanha! Já temos o ouro. Estamos seguros dele. Deixar o país agora seria uma traição à igreja. Começarei ainda hoje a cuidar da conversão dos Incas que aqui se encontram. Uma vez convertido o rei, será fácil converter o povo. Além disso, existem aqui também outros povos que necessitam igualmente de apoio espiritual e de esclarecimento!”

26. Sabedores de que a Igreja de Roma era mais poderosa que o rei Carlos V, os guerreiros espanhóis concordaram plenamente com o jesuíta, e assim cancelaram a viagem de retorno à Espanha com todo o ouro que haviam roubado. 27. No dia seguinte, o jesuíta fez mais uma visita ao monarca Inca, no pequeno Palácio da Fonte, desejoso de convertê-lo à doutrina idólatra de sua denominação religiosa. Assim, tirou o crucifixo de seu pescoço e o entregou ao soberano nativo, informando-o de que a imagem presa ao crucifixo era a do personagem, ao qual seu povo deveria adorá-lo como seu salvador. Ante a recusa do soberano, o jesuíta deixou as instalações do palácio espumando raiva incontida.

28. A Pizarro, a Almagro e aos demais membros da liderança da expedição militar, o jesuíta acusou o rei nativo de haver blasfemado contra Deus e Jesus Cristo, que os espanhóis haviam assassinado a pessoa presa ao crucifixo, e ainda observou que a Igreja de Roma jamais, poderia tolerar tamanha blasfêmia, e acrescentou: “Em nome da igreja exijo a morte dele... sua morte na fogueira!”

29. Com a fogueira erguida em um jardim da cidade, o soberano e membros de sua corte foram escoltados ao local da execução, e o monarca ouviu de Pizarro a notícia - A fogueira é para ti, Atahualpa!

30. Nesse momento insano, um barbudo bêbado pela ingestão de muito pulque mexicano, aproveitou a oportunidade e enfiou seu longo punhal nas costas do soberano inca, e a lâmina atravessou-lhe o coração. Além de receberem do nativo grandes quantidades de ouro, o assassinaram pelas costas.

31. Após a pilhagem e matança do monarca, os invasores deixaram Cajamarca saqueada e seguiram para Tumbes. Para surpresa de Pizarro, pouco tempo depois chegaram vários navios espanhóis comandados pelo nobre Pedro de Candia, com uma tripulação de 100 guerreiros barbudos. Uma vez montada uma nova expedição, os espanhóis marcharam para tomar e saquear a Cidade de Ouro, situada numa região montanhosa.

32. Em uma parada ao longo da jornada dificílima, os invasores foram bem recebidos por nativos do sexo masculino de um povoado, cujas mulheres, velhos e crianças haviam buscado abrigo em cidades refúgio. Receoso de alguma armadilha montada, ao deixar o local, Pizarro mandou incendiar todas as edificações, e tudo ficou arrasado.

33. Povos nativos centro-sul-americanos tinham pleno conhecimento do país do ouro estabelecido sobre os planaltos peruanos, devido ao constante comércio marítimo costeiro, e foi devido a esse fato que Pizarro tomou conhecimento do Império Inca.

34. Devidamente informado a respeito da presença dos assassinos de seu irmão Atahualpa, Huascar contou com a ajuda de Incas remanescentes, de Cholos e de nativos de outras etnias para montar uma Resistência, ainda que tardia.

35. Informado de que as casas e palácios da Cidade de Ouro encontravam-se abandonados pela população, os expedicionários avançaram para o saque, mas foram recebidos por uma chuva de flechas desferidas pela Resistência nativa, que, em seguida, deixaram suas posições e avançaram sobre os invasores. Mas foram abatidos por tiros de mosquetões e espadas espanholas.

36. Ao penetrarem na cidade vazia, os barbudos trataram de saquear todos os objetos de ouro que revestiam portas, janelas e pendiam de árvores adornadas. Inesperadamente, ao ser atingido por uma flecha nativa que matou um mercenário, canhões e mosquetões foram acionados para destruir a cidade, residências, escolas, templos e palácios e os poucos nativos que restaram. Era o fim do império que manteve uma aliança com mais de 400 povos tribais.

37. De todo o ouro saqueado, metade pertencia à Coroa Espanhola, a outra metade à Igreja de Roma, e cada expedicionário recebeu um pequeno quinhão. Os invasores, assassinos, saqueadores e estupradores arrancaram todo o ouro de paredes e colunas de templos; placas artisticamente trabalhadas em ouro; objetos de arte em ouro, utensílios de ouro no formato de xícaras, baixelas, travessas, canecas e jarros; plantas ornamentais de ouro expostas em pátios, jardins e praças; joias, braceletes, anéis, correntes, luvas e dedais em ouro; sóis, cometas, luas e estrelas de ouro; figura de animais de prata e ouro; além de pedras preciosas em abundância.

38. Os Cholos, que eram povos resultante de casamentos entre diversas etnias nativas, foram feitos prisioneiros e forçados a transportar todo o ouro saqueado a Tumbes, onde seria armazenado em navios espanhóis ancorados. Pelo fato de os Cholos não aceitarem o convite Inca de se recolherem a suas cidades refúgio, além de serem escravizados, tiveram que ver suas mulheres serem estupradas pelos ladrões e assassinos espanhóis.

39. Saqueada e destruída a Cidade de Ouro, os expedicionários seguiram para a Cidade da Lua, habitada por Incas e Aimarás, os quais foram assassinados e tudo destruído por canhões, mosquetões, espadas, flechas e clavas espanholas, após ser saqueada.

40. Depois de mais de uma dezena de anos de destruição, os espanhóis colocaram Manco Capac, que era um mestiço, filho de Inca com Chibscha, como rei dos Incas. Porém, pouco tempo depois, tomado como inimigo, foi assassinado pelas costas, pelo disparo de um mosquetão.

41. Investido no posto de vice-rei do Peru, Pizarro edificou a cidade de Lima, que se tornou sede de seu governo, construiu a cidade de Cuzco sobre as ruínas da Cidade de Ouro, e ainda reconstruiu a cidade Nuestra Señora de La Paz, na Bolívia, sobre as ruínas da Cidade da Lua. Diego de Almagro, em 1536, tornou-se governador de uma região do Vale de Aconcágua, que atualmente é território chileno. Pedro de Candia assumiu o cargo de embaixador da Casa Real espanhola na cidade de Tumbes.

42. Como o texto bíblico taxativamente registra o não ajuntar tesouros no ambiente terreno, pelo fato de tais riquezas serem desprovidas de valores que não saltam para a eternidade, o acúmulo de bens, de outrem, adquiridos pelo uso da força, do assassinato, do estupro e de saques, causou uma chuva de desgraças a muitos dos invasores espanhóis.

43. Dois navios, abarrotados de objetos confeccionados em ouro, nunca chegaram à Espanha. A tripulação de um deles foi acometida por uma peste, e faleceu, inclusive, Hernando de Pizarro. Apesar de navegar em um mar calmo, por alguns dias, a embarcação, sem guia, afundou, arrastando consigo o carregamento e os cadáveres em estado de decomposição

44. Pouco tempo após o naufrágio de seu irmão Hernando, Francisco Pizarro, que havia reservado, para si, bastante ouro roubado dos Incas, foi encontrado em sua residência, por um padre jesuíta, tendo seu corpo “perfurado por numerosas facadas”. Cerca de 3 anos depois, Diego de Almagro foi estrangulado por ladrões que levaram todo o ouro que o espanhol estuprador havia saqueado aos incas.

45. Quanto ao padre jesuíta Valverde, a cobrança demorou, mas veio a seu tempo. Além de emagrecer e ficar seu corpo reduzido a um esqueleto ambulante, apresentava sintomas de louco. O enorme crucifixo que garbosamente trazia sobre seu peito, instrumento que causou o assassinato do monarca Atahualpa e a destruição do Império Inca, passou a causar-lhe assombrações, ao se lembrar das crueldades das quais, indiretamente participou, e assim dizia: “o crucifixo está me amedrontando!”. Condenado pelo tribunal de sua consciência corrupta e criminosa, ao tentar escapar de seus fantasmas, caiu e deu com a testa em uma pedra. Foi encontrado morto por outros jesuítas.

46. Pedro de Toledo ficou encarregado de cuidar do carregamento de ouro para abastecer os tesouros da Igreja de Roma. Aos escravos Cholos entregou a tarefa de costurar os objetos de arte, confeccionados em ouro, em tecidos de lã, para mantê-los em um bom estado de conservação, mas os nativos se recusaram obedecer a suas ordens, sob o argumento de que, “sobre o ouro jazem sombras de sangue, não queremos sujar nossas mãos com isso”, responderam-lhe prontamente. O navio abarrotado com objetos de ouro destinado à igreja do representante do deus Vaticinium, nunca chegou a Roma, afundou nas águas do Oceano

Conclusão dos fatos

01. Desde janeiro de 2020, cerca de 37 mil soldados estadunidenses e 16 mil russos participaram da Operação Defender-Europe 20, na Europa, em apoio à Otan e à Estratégia de Defesa Nacional dos Estados Unidos.

02. Nessa ocasião, estadunidenses e russos dividiram o espólio reinante nos cofres do Vaticano, quando, no dia 29 de março de 2020, no curto período entre 11 horas e 13 horas desse dia, cerca de 650 aeronaves norte-americanas, carregadas com toneladas de barras de ouro, decolaram de Roma com destino a Nova Iorque, as quais foram armazenas nas galerias do Federal Reserve Bank.

03. Esses lingotes de ouro resultaram da parceria que a Coroa Espanhola e Igreja de Roma haviam firmado, no passado, quando tropas espanholas invadiram, mataram, estupraram e saquearam toneladas e toneladas de ouro de astecas, maias, incas, aimarás, quéchuas, de tribos nativas latino-americanas, como barras de ouro que o Nazismo havia saqueado de nações europeias, as quais foram depositadas nos cofres desse banco misterioso.

04. E trazendo toda uma farta patifaria à luz do Sol para nossos dias, a mensagem a todo aquele que se agrupa, tal qual frieira, supostamente, a receber propina de potência asiática desejosa de invadir o território brasileiro, de organizações criminosas, de empreiteiras, do narcotráfico, de compras superfaturadas, e de tramoias as mais nefastas imagináveis, no acúmulo de riquezas materiais para si, ou para membros da orcrim à qual se encontram inseridos, a mensagem do Senhor Jesus de Nazaré continua a martelar: “Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com o Eterno.” (Lucas 12.20).

RNF Cerqueira
Enviado por RNF Cerqueira em 27/12/2020
Reeditado em 19/09/2021
Código do texto: T7145426
Classificação de conteúdo: seguro
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