10 motivos porque irei retornar aos clássicos

1- Insatisfação com o atual estado da arte e os artistas

Embora não posso negar que há excelentes artistas de talento e competência indiscutíveis, não é o caso da grande maioria ao meu ver. Muito mais preocupados em vender, ganhar dinheiro, fama, prestígio, adquirir títulos acadêmicos, fora mostrar-se para seu público o quanto são pessoas politizadas e militantes de causas nobres, relegando a qualidade de sua arte em segundo plano. Sem contar as referências e parcerias que muitos fazem.

Ao menos os artistas de antigamente, faziam sua arte por convicção e dominavam o assunto que tratavam, algo bem diferente de se ver hoje em dia. Faziam para quebrar paradigmas, os de hoje, fazem porque seguem a boiada, além de obter vantagens sobre ela.

E como tento ser um escritor totalmente independente sem rabo preso com mercado, militância, partido, político profissional, muito menos sou chegado a padrões impostos por essa sociedade pós-moderna. Quero outra alternativa!

2- Resistência a massificação da cultura

Vivemos em uma sociedade de consumo em massa, o que para mim é claro o objetivo de desconstruir a cultura popular.

Logo, onde a cultura é vista como mercadoria, deve se submeter aos padrões impostos pelo mercado, não sendo interessante para certos grupos a disseminação e o resgate da cultura popular, podendo atrapalhar seus projetos de lucro máximo.

É obvio que muitos resistem e vão continuar a resistir, assim como eu que me recuso a ser massificado para ceder aos caprichos de certos grupos privilegiados.

3- Quero pensar e não apenas entretenimento

Os clássicos literários em quase sua totalidade, são críticas aos padrões sociais, culturais, políticos de sua época, com o intuito de despertar a reflexão em seus leitores.

Nos dias de hoje o que importa é o lazer e o resto vem depois.

Descansar de vez em quando é ótimo, mas toda hora vira adormecimento e como não desejo ficar deitado eternamente em berço esplêndido, quero pensar, refletir, entender, criar um novo mundo a minha volta com meu papel e caneta.

Além de escritor, também sou leitor e como não gosto de pegar livros para receber futilidades de volta, sempre procuro fazer minha escrita com qualidade, oferecendo algo que tenha relevância para meus leitores. Para os autores "famosos" e "intelectuais" da atualidade, não tenho condições de oferecer algo desse tipo.

4- Recuperar nossa identidade

Quem nós somos? De onde viemos? Para onde iremos? Atire a primeira pedra quem nunca fez essa pergunta!

Vivemos dias obscuros onde não sabemos nem sobre nós mesmos que dirá quem é o outro.

Como pessoas vazias, sempre estamos vulneráveis a sermos preenchidos por toda sorte de pensamentos, sentimentos, discursinhos etc.

A pessoa ciente de quem ela é não se deixa levar assim tão facilmente, por isso vejo como necessário voltar lá atrás para compreender o que está se passando agora e assim poder vislumbrar um futuro pouco mais promissor.

Cabe lembar que o período de mudanças ocorrido no mundo ocidental na época do Renascimento, começou com o resgate da cultura greco-romana.

5- Contrapor a narrativa oficial

Diversas coisas nos foram ensinadas desde garotos como artes, história, ciências, literatura, entre outras, dando-nos a impressão de que todas as coisas começaram com os gregos, o que é um ledo engano.

Se isso for verdade, como fica a cultura egípcia, judaica, babilônica, chinesa e demais civilizações muito mais antigas que os próprios gregos e com graus de desenvolvimentos muito maior?

A literatura clássica universal me permite fazer tal contestação.

6- Nem a ferro, nem a fogo

Uma sociedade em que tudo gira em torno da economia e da política, onde as mesmas são o centro e a medida de todas as coisas, visão de mundo da qual não concordo, a literatura de hoje é o espelho desses dois modelos onde desejo romper com esses dois conceitos. Não nego a importância da economia e da política na vida diária, mas daí dizer que tudo gira em torno de uma ou outra é forçar a barra.

7- Tudo que é moderno é bom, tudo que é antigo não presta

Tal afirmação além de mentirosa, é preconceituosa, mas já está presa em nosso inconsciente. Pois, assim como nem tudo que é antigo é bom, a mesma coisa ocorre com o modernismo. Há muita coisa boa, mas também existe muita coisa que é ruim.

Generalizar desta forma, além da falta de conhecimento é radicalismo. A moderação é boa em todas as coisas e vou procurar levar aos meus leitores outras narrativas.

8- O importante é sentir, não pensar

Os dois são importantes e não somente um dos lados. Não por acaso as pessoas permanecem anestesiadas em estado de sonolência eterna e caso assim permaneçam, seremos uma sociedade composta por idiotas igual os personagens do filme Idiocracia. As pessoas de antigamente, embora com muito menos informação, me aparentam serem pessoas mutio mais inteligentes e espertinhas que a atual geração, pois qual foi a última grande geração na área de criação literária?

Quero ficar longe desse tipo de pensamento!

9- Precisamos de um Iluminismo verdadeiro

Em um mundo controlado por governos e grandes empresas, além das tecnologias, não é exagero dizer que estamos em uma nova idade das trevas.

E como conhecimento de mundo aliado ao livro é um grande iluminador, para bom entendedor meia palavra basta.

10 - Precisamos do novo

Como nada se cria mas tudo se copia, é impossível criar algo novo sem alguma referência ou ponto de partida.

Cada leitor é um leitor, cada escritor é um escritor e cada um possui sua maneira de agir e encontrar seu caminho na literatura.

Eu encontrei o meu e você o que fez?

(2018)