"O HOMEM QUE CALCULAVA"

"O HOMEM QUE CALCULAVA"

Enfim, chegando à casa dos 70, decidi reler um "romance" dos tempos de jovem, porém não creio que crianças (atuais ou antigas) se interessem por um livro que fala até a exaustão sobre as maravilhas da Matemática. Como jamais simpatizei com tal matéria, resolvi ler apenas para confirmar minhas impressões de 55 anos no longínquo Passado. Que sensações seriam essas ?

Nem imagino... não lembro de uma só frase do livro antigo (bota antigo nisso !) que teria sido escrito lá por 1321, em plena Lua do "Ramadã", um dos doze meses (*1) do fechado universo árabe, em boa parte desvendado pelo autor, o "cherif" MALBA TAHAN. Vejam só... o termo tão comum ao Farwest americano já existia na Arábia de camelos, sheiks, vizires e umezins. De que trata o livro ?! De um jovem calculista persa perdido entre a multidão que enchia as ruas da milenar Bagdá e era desafiado a todo instante a resolver intrincados problemas de cálculo e lógica... sem errar nunca ! O mais curioso é que quase todos os enigmas têm sempre 5 incógnitas, raramente 2 ou 3. Meu volume é de 1965, em 22ª edição e foi testado primeiramente pelo "Tico", irmão gêmeo do "Teco", cuja breve existência não resistiu à primeira saída à rua. A obra sobreviveu à feroz investida do "vira-lata" amarelo, mesmo perdendo a capa e algumas páginas iniciais.

Duvido que o jovem atual ultrapasse 3 ou 4 capítulos, com títulos de 15 ou 20 palavras e iniciando sempre com... "NO QUAL", bem ao estilo latino.

-- "Oh, "RUMÍ" indigno -- significa "cristão" e indignos são todos os que não crêem em Allah e seu profeta "Mafoma" -- se pretendes aventurar-se pelas páginas da obra, tens que gostar minimamente de Matemática, pois todos os fatos narrados têm por objetivo apresentar um PROBLEMA dessa ordem" !

E não se iluda... não são "questõezinhas" do tipo "qual é o dobro da metade de 137" ou "quantos palitos tenho na mão, se meu oponente tem metade e o total é 15" ?! São desafios "de peso" ! Por falar em peso, um dos mais simples questiona como encontrar a única pérola mais leve, entre 8 exatamente IGUAIS, com somente 2 pesagens, nada mais que isso. Se você "embatucou" nesse probleminha não irá entender sequer as explicações que o persa Beremir dá para enigmas "cabeludos" que lhe são apresentados através dos 34 capítulos desta curiosa obra... no XXXV êle casa, só não digo com quem para não "dar spoile", quebrar a surpresa !

O livro seria melhor como "bíblia dos costumes" árabes e, por tabela, indianos. O autor parece conhecer por completo hábitos, modo de falar e formas de morar, descrevendo com riqueza de detalhes os palácios de lá. Dizem as más línguas -- que Allah nos proteja delas! -- que o famoso "Malba Tahan" sequer existiu... seria êle um brasileiro que, nos anos 40 (dos 1900), tendo seu livro de desafios matemáticos sido recusado por diversas Editoras cariocas INVENTOU o personagem e as histórias que servem de "recheio" aos interessantes enigmas. "Vendo o peixe" como o comprei... quem quiser que vá atrás da Verdade, de Seca a Meca, se preciso fôr ! SALAM !

"NATO" AZEVEDO (em 20/maio de 2022, 21hs)

OBS: (*1) - Segundo a obra, o mês árabe se baseia no CALENDÁRIO LUNAR e cada ano tem 13 DIAS A MENOS que o nosso, SOLAR. Portanto, o século muçulmano tem só 97 ANOS (ou quase isso).