POR ONDE FOR O TEU PASSO, Que lá esteja o teu coração ...Um paralelo da Psicologia com PADRE FÁBIO DE MELO...🍁🌿

Neste livro, Padre Fábio de Melo nos convida a voltarmos ao berço da nossa consciência e refletirmos mais sobre as nossas ações e para observarmos para onde estão indo os nossos passos.

Para ele , o nosso coração deve estar no mesmo chão por onde andam os nossos passos, pois muitas vezes eles já andaram em direções opostas às do nosso coração, assim como a mente deve viver em harmonia com o nosso coração.

Então qualquer que seja o caminho escolhido que nunca deixemos de ouvir a nossa alma, o abrigo do nosso coração.

Padre Fábio cita o "coração como a metáfora da consciência, o lugar mais preservado do ser, o que permanece sempre imaculado, o tabernáculo onde a verdade pessoal permanece preservada".

Chama a atenção para a nossa caminhada , onde vamos nos deparando com várias vitrines, várias ofertas e distrações, que acabam nos dispersando daquilo que realmente precisamos; dessa maneira o nosso olhar nos leva excessivamente para "fora de nós" e esquecemos de olhar para "dentro de nós".

Discorre sobre o mundo do imediatismo, já não há tolerância com conteúdos que exigem tempo e dedicação, reforçando que estamos em pleno processo de "artificialização do mundo", queremos diversão, entretenimento para que a realidade se torne suportável.

E como ele diz, passa a ocorrer um lento processo de "despertencimento e de auto desconhecimento", uma incapacidade de nos reconhecermos diante do espelho da nossa consciência. Passamos a viver em função de regras e expectativas alheias que não são nossas, nos tornando estranhos a nós mesmos, não mais nos reconhecemos.

Padre Fábio nos mostra a importância de ir ao encontro do nosso verdadeiro Eu e não viver intensamente no Ego.

É preciso haver um equilíbrio entre o Eu e o Ego, e na maior parte das vezes temos que enfraquecer o Ego, ele não pode sobrepor às reais necessidades do nosso Eu. Lidamos o tempo todo com os dois, mas nem sempre os ouvimos com a mesma intensidade.

Nesse encontro do homem com a sua consciência, acaba habitando dentro dele "dois personagens", aquele que olha para dentro e aquele que olha para fora. E nesse encontro deve haver a confluência de ambos.

Relata a importância de ir desconstruindo o que mostra as nossas aparências, voltar ao centro de quem realmente somos, indo ao encontro dos nossos valores e da nossa verdadeira essência; descobrir aquilo que realmente nos importa, o que nos traz sentido e significado para as nossas vidas.

Dessa forma, o livro é um chamado para que voltemos os olhos para a nossa "criança interior" e ouvir o que ela têm a nos dizer; a nossa criança que ainda não foi contaminada pelos excessos da vida adulta, esse ser livre que não sucumbiu às exigências do Ego e que nos mostra o que é o essencial que devemos cultivar dentro de nós.

Muito oportuno quando ele diz que em "todo adulto indeciso há sempre uma criança que sabe o que quer".

Palavras do Padre Fábio🍁🌿

"Na criança encontramos a instância filosófica, natural, questionadora, capaz de colocar o homem diante de suas escolhas infelizes, cruéis, mostrando -lhe quanto de suas reais necessidades são negligenciadas no estilo de vida assumido".

"Um homem apartado de si e uma criança desejosa de repatriá-lo.Essa é a dinâmica dessa breve história. A cena do encontro é um lugar para todos nós. O teor da conversa também não está enclausurado num estreito território de convicções, limitando-se a falar com uns poucos. Não, o teor não é religioso confessional. Esta reflexão antecede qualquer discurso religioso. O teor é meramente humano. O tear de onde nasce essa trama é o coração humano, o lugar onde a vida se espreme para caber e produzir frutos".

" Quanto nos custa ter o que temos? Quanto nos custa ser quem somos? O adulto nunca sabe responder. Ou, se responde, o faz sob as imposições de suas incipientes necessidades de reconhecimento. Responde a partir de um limite emocional que geralmente é motivado por suas carências incubadas e que lhe privam de saber ao certo a resposta a que verdadeiramente poderia chegar. É preciso abrir mão das pretensões, das vaidades, dos excessos, e receber a "menina consciência" em nossa sala de estar.

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Reflexões.

Interessante que nesse livro Padre Fábio aborda os temas não como teólogo, mas como humano sem viés ou qualquer discurso religioso. Isso nos aproxima das suas temáticas e conceitos contemporâneos que abarcam em muitos momentos a psicologia e a filosofia.

O livro nos mostra o quanto já estamos acostumados com esse movimento frenético da vida, como se estivéssemos vivendo em uma "simbiose", misturados com uma multidão de pessoas, onde parece mesmo muito difícil nos desidentificarmos e buscarmos a nossa individualidade.

Esse "olhar para fora" em demasia nos distancia de quem realmente somos, tolhe a liberdade de viver uma existência mais rica, mais autêntica e verdadeira , livres das imposições e da preocupação de apenas ser aceito, reconhecido socialmente, a preocupação excessiva com a própria imagem e o quanto desse viver inautêntico dificulta o nosso auto conhecimento; é preciso resgatar a outra forma genuína de ser e de viver, como a nossa criança interior que nos sorri e sempre nos acompanha, tão pura e verdadeira exalando naturalidade e espontaneidade.

E no livro Padre Fábio traz a criança surpreendendo o adulto em muitos diálogos e nessa proximidade ela é capaz de desconstruir nele a sua forma de olhar o mundo.

O adulto, na maior parte das vezes, não têm tempo para ouvir a "sua criança", mas de repente, em um encontro genuíno ele se vê tocado pelas respostas tão sábias e sugestivas dessa criança. E como a sua criança lhe ensina a valorizar realmente as coisas significativas que haviam se perdido no tempo!.

E a criança precisa de tão pouco para ser feliz, e é esse coração tão puro da criança que consegue ir tirando os excessos, despojando o coração do adulto para que ele volte também a simplicidade do seu coração.

Parece que quando aceitamos esse viver mais simples e autêntico, ficamos mais acessíveis ao outro pois rompemos com as nossas próprias defesas e barreiras.

Penso que é um encontro maravilhoso, como se adormecesse o " velho adulto" e acordasse uma " nova criança" dentro de si.

Quando estamos muito distantes da nossa criança interior, quando não a ouvimos, em algum momento o nosso corpo vai dar sinais mostrando o quanto estamos excedendo os nossos limites; o quanto não arrumamos tempo para as coisas realmente significativas para as nossas vidas; o quanto negamos as nossas imperfeições e limitações, o quanto não ouvimos a linguagem do nosso coração; o quanto deixamos nos seduzir pelas coisas do mundo, e dessa maneira, a nossa criança com seu olhar atento nos observa e pede que olhemos mais para as nossas escolhas, o que realmente escolhemos amar?.

Na estética acima da ética observamos as cópias dos "modelos", as pessoas tendem a se encaixar em padrões pré-estabelecidos ou estereotipados, fragmenta dessa forma a própria identidade e o que é de mais sagrado, as suas próprias características, a sua própria essência.

Na busca dessa auto aceitação as pessoas já não se reconhecem no seu próprio espelho, no seu próprio reflexo; é preciso ir eliminando os excessos que podem mascarar o seu semblante e a sua verdadeira aparência, o seu verdadeiro EU.

E na era pós moderna, nessa cultura do imediatismo, as bases estão mais frágeis; a certeza, a estabilidade acabam dando lugar a uma sociedade sem tanto compromisso com a permanência, tudo é muito volátil, estamos na era do descartável, do mundo líquido, do consumismo, onde o TER acaba sendo mais importante que o SER.

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O livro é dividido em várias crônicas como:

- Sobre o tempo que nunca temos.

- Sobre o corpo que não ouvimos.

- Sobre as riquezas que não enriquecem.

- Sobre a pobreza que não percebemos.

- Sobre a linguagem que desaprendemos.

- Sobre o renascer depois de crescido.

- Sobre os medos que sentimos.

- Sobre as coisas que nos possuem.

- Sobre o amor que escolhemos amar.

- Sobre educar o desejo.

"Bem a sós, recobra teus cuidados já esquecidos, coloca ao colo o teu ser franzino, a tenra idade, os prados imaculados da divina infância, e conceda-te a delicada subversão de renascer".

Do livro: Por onde for o teu passo, que lá esteja o teu coração.

Autor: Padre Fábio de Melo.

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Ouçam: Criança Interna

Na voz de Jéssica Casali

https://youtu.be/QSMYZYts7hI?si=-

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Lélia Angélica
Enviado por Lélia Angélica em 26/01/2024
Reeditado em 26/01/2024
Código do texto: T7984908
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