ANACLETO ROSAS JUNIOR -POETA DO SERTÃO

 
Quem já ouviu falar de Anacleto Rosas Júnior? Tenho certeza que pelo umas dez pessoas, aqui em Mogi das Cruzes, levantarão a mão para dizer que já ouviram falar nesse nome. Alguns dirão até que ele foi um compositor de músicas sertanejas de raiz e que tinha um programa de rádio que tocava esse tipo de música. Mas se perguntarmos se alguém sabe que ele nasceu em Mogi das Cruzes e se criou em Poá é bem provável que nenhum braço se levante para dizer que sabia.
Pois é. Nem eu. O Brasil tem raízes e estas, como as raízes das árvores mais nobres, às vezes estão tão escondidas que ninguém as vê até que tropeçamos nelas. Anacleto Rosas Júnior é uma delas. Nasceu no dia 18 de julho de 1911, em Mogi das Cruzes. Não conseguimos descobrir a rua e o bairro, mas isso não importa. Ele é mogiano e isso já nos enche de orgulho. Faleceu em Taubaté em 04/02/1978. Tudo que sabemos é que seu pai era espanhol e se chamava Anacleto Rosas e sua mãe, italiana, se chamava Maria Bourbon. Seu pai era comerciante, e trabalhou com açougue, armazém e padaria.  Consta que passou a maior parte da infância e juventude em Poá e notabilizou-se como seresteiro e tocador de violão dos bons. Fazendo seresta, conheceu sua amada Clementina, com quem casou-se em 1932.
Poeta desde menino, gostava de escrever versos de madrugada, que mais tarde eram musicados. Por volta de 1930, sua fama como compositor já era bem reconhecida. Embora nunca tenha estudado música, suas melodias eram reconhecidamente perfeitas e admiradas por grandes artistas da época, tais como Tonico e Tinoco, Mario Zan, Raul Torres, Arlindo Pinto, João Pacífico e outros.
 
Grandes sucessos de sua lavra, como "Os Três Boiadeiros", gravada pela dupla Pedro Bento e Zé da Estrada, " Os Três Boiadeiros " e "Fogo no Rancho", foram tema de filmês, inclusive para o antológico "Jeca Tatu", de Mazzaropi.
Uma das mais conhecidas canções de Anacleto Rosas Júnior é "Aparecida do Norte", gravada pela dupla Tonico e Tinoco. A música foi composta dentro de um ônibus. Tornou-se um verdadeiro hino em homenagem à Padroeira do Brasil, cantada por todos os romeiros que vão à cidade santuário prestar homenagem à santa.
Outras canções famosas e conhecidas dos apreciadores da música sertaneja raiz são, "Presépio da Serra", feita em homenagem a cidade de Campos do Jordão, "Baldrana Macia", gravada pelo grande Luiz Gonzaga, "Cortando Estradão", regravada pela dupla Sérgio Reis e Almir Sater, e que fez parte da trilha sonora " O Rei do Gado. Outras canções, como "Confissão", "A Cruz de Ferro", "Filho de Mato Grosso", "Flor Matogrossense", "Zé Tartuiano", "Zé Valente", "Boi de Carro", "Burro Picaço", "Vaca Mestiça", "Mil e Quinhentas Cabeças", "Timidez", "Na Ponta do Reio", "Surrei de Chicote", se tornaram famosas e foram reverenciadas como clássicos da música sertaneja raiz. Só para Tonico e Tinoco, a mais famosa dupla caipira de todos os tempos, ele compôs 60 canções.
Seu trabalho envolvia também atividades culturais. Como diretor da Copacabana Discos produziu o antológico LP “Cantos do Brasil”, sob a direção do grande engenheiro e pesquisador Dalgas Frisch, no qual gravou para a posteridade o canto da maioria dos pássaros nativos do Brasil.
Como radialista Anacleto trabalhou na Rádio Difusora do Paraná, Rádio clube de São José dos Campos e por vários anos, na Rádio Difusora de Taubaté. Seu programa "Manhãs Sertanejas", na Rádio Difusora de Taubaté-SP, ainda hoje está no ar, dirigido pelo filho Luiz Rosas. Na linha dos saudosos Capitão Barduino, Nho-Zé, o Comendador Biguá e outros famosos radialistas sertanejos, ele fez escola e ainda hoje é muito lembrado no Vale do Paraíba e sul de Minas. 
A obra de Anacleto Rosas Júnior, por sua riqueza de imagem e simbologia sertaneja é comparável á de Catulo da Paixão Cearense. Por isso e de todo direito homenagear essa figura ímpar da nossa querida música sertaneja. Essa é a razão de o Lions Clube Mogi-Estância estar prestando a esse mogiano ilustre, no dia 18 de Agosto, próximo vindouro, uma merecida homenagem na forma de um recital. 
 
 
 
 
 



 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/08/2011
Reeditado em 11/08/2011
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