Maestro José Menezes: uma vida pelo frevo

Publicação: 12/04/2013 - Opinião Diário de Pernambuco

Neste 12 de abril, os pernambucanos têm motivo para agradecer e muito se orgulhar. Agradecer a grande contribuição que o maestro José Menezes deu à música pernambucana. Nascido em Nazaré da Mata, em Pernambuco, ele tem uma rica história e mais, como é bom de papo, também, muitas para contar. Hoje ele completa 90 anos!

Nosso frevo mais que centenário, contou com a presença marcante de José Menezes durante 70 anos, já que ele iniciou suas atividades musicais na Banda Revoltosa da sua cidade natal, aos 13 anos, ao lado do Senhor Nuto, seu pai.

No contexto musical de Pernambuco, juntamente com Nelson Ferreira e Capiba, formava um trio de se tirar o chapéu... Grande compositor principalmente de frevos nos seus três gêneros, notabilizou-se, também, com a sua incomparável orquestra que tocou nos Clubes Internacional e Português, durante 31 anos ininterruptos.

Dentre seus grandes sucessos, podemos citar: Boneca, em parceria com o grande poeta Aldemar Paiva, Freio a Óleo, Ingratidão, Gavião, Baba de Moça, Terceiro Dia, e o choro Maluquinho. Homem de personalidade forte, perfeccionista naquilo que faz e julga, ele dedicou muitos anos de sua vida à música, e o frevo ainda é a sua maior paixão.

Pioneiro da Fábrica de Disco Rozemblit, ele teve o privilégio de ter seu primeiro frevo-canção (Boneca) gravado no primeiro disco daquela gravadora para o carnaval de 1953. Por aí se vê, que José Menezes faz parte da rica história do frevo pernambucano. Além do talento nato, trabalhou na orquestra de Nelson Ferreira que, segundo ele, foi a sua grande sorte.

Ao lado de excelentes músicos de todo o mundo, encerrou com sua magistral orquestra e com raro brilho, o I Festival Internacional de Jazz, ocorrido em São Paulo, em 1978. Obviamente, tocando o frevo e dando grande visibilidade para a nossa música.

Lá estiveram os brasileiros: Paulo Moura, Victor Assis Brasil, Nelson Ayres, Hermeto Pascoal, Luiz Eça, Egberto Gismonti, Raul de Souza, Márcio Montarroyos, entre outros. E ainda, expoentes internacionais da música, a exemplo de: Dizzy Gillespie, Roy Eldridge, John Mac Laughlin, Astor Piazzolla, Benny Carter, Stan Getz, Chick Corea, Taj Mahal e muitos outros. Vejam só, com quem Menezes foi se meter...

Em 2006, encerrou as suas atividades com sua orquestra, mas, deixou a saudade dos nossos belos carnavais que durante 45 anos, ou seja, quase meio século de puro frevo, teve o brilhantismo da sua grande orquestra... Mas, suas atividades não ficaram somente na música. Bacharel em direito, foi funcionário da extinta SUNAB, tendo exercido inúmeros cargos de relevância. Contudo, a música sempre esteve na pauta da sua vida. É como algo indissociável, um amálgama consistente e imutável...

Isso é o mínimo que se pode dizer desse homem que orgulha a história de Pernambuco. Menezes: longa vida e muito frevo!

LUIZ GUIMARAES
Enviado por LUIZ GUIMARAES em 12/04/2013
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