ROD STEWART NO ROCK IN RIO

Se o show do Queen foi um prêmio para os nossos ouvidos, o de Rod Stewart não deixou nada a dever.

Que espetáculo de inteligência. Uma das maiores demonstrações de valorização das mulheres que assisti na vida. Sem desperdiçar uma molécula da beleza e da sensualidade delas, o Show de Rod não deixa dúvidas do talento feminino tocando todo tipo de instrumento, balançando dentro de impecáveis vestidos franjados e interpretando em solo e grupo melodias que sobrevivem íntegras por décadas. O cast composto por mulheres de variados pesos, cores e idades deixa evidente que a sua grandiosidade se expressa muito mais num desfile de sensibilidade e bom gosto do que em estereótipos pré-formatados pela “ditadura da beleza”.

Rod Stewart e sua produção vão além. Exibem homens comportados, trajados com elegantes ternos e cabelos bem cortados. Músicos excepcionais que compõem a moldura perfeita de um show onde o time feminino é uma pintura digna dos melhores espaços nos melhores espaços de arte do mundo. O comportamento discreto dos intérpretes masculinos somados à desenvoltura das mulheres resulta num espetáculo memorável onde brilham todos sob a digna batuta de Rod. O protagonismo feminino é exercido com tanta naturalidade, que em nenhum momento é possível enxergar o evento como uma “homenagem às mulheres”. A fórmula não é óbvia, é simples. Executada com tanta competência, espontaneidade, emoção e musicalidade, que em nenhum momento é sentida a ausência de qualquer excentricidade, bizarrice ou pirotecnia. Quem não assistiu, perdeu muito. Mas o mundo não é tão cruel, e graças à multiplicidade da megatecnologia contemporânea, é possível recuperar esse “show obra-prima” de várias formas. Do desktop ao celular. Da gravação da TV por assinatura ao DVD que certamente deve estar presente na estante de alguma loja ou locadora.

Quando nos deparamos com produções dessa qualidade é que entendemos porque a arte é um bem tão necessário quanto o ar que respiramos.

Que tal hoje, ou no correr da semana, deixar de lado o bestiário da mídia sensacionalista e se deliciar com a genialidade que idealizadores, produtores e intérpretes nos proporcionam em espetáculos como esses, em que vale a pena sonhar que o extraordinário bem-estar da cerca de hora e meia de sua duração pudesse se estender indefinidamente.

Jan Parellada