Brasil: A preferência do publico ouvinte de música.

Vi na edição do TheVoice Brasil do dia 26 de novembro de 2015, dois jurados escolherem com propriedade dois candidatos cantores, levando em conta os critérios de melhor afinação, performance etc, porém o público votou em outros concorrentes e então o que você me diz? Não sei o que isso prova, mas certamente diz o que o povo prefere e quer! A preferência popular é motivo para muita discussão, mas é fácil notar que quando o povo gosta e quer não tem jeito, se foi assim no passado, ainda é atualmente.

Alguém pouco tolerante pode dizer que o povo não sabe e não entende de música, e eu pergunto: como não sabe? Em matéria de teoria musical pode até não saber mas o pior é que a questão não envolve conhecimento e sim sentimento! E digo mais, ninguém precisa de curso ou diploma para sentir! O ouvido é um dos sentidos que mais prendem o ser humano. Observem as propagandas faladas, os apelos de vendedores, as pregações religiosas, as vozes sensuais, as incitações à violência por fanáticos extremistas. Tudo isso convida, convence, instiga através da palavra e adquire mais força quando ela é dita com as devidas acentuações. Mas o assunto é música e não oratória, então volto para dizer que aquilo que se identifica com o sentimento do povo, é o que é geralmente aceito. Daí se ouvir refrões e mais refrões que causam frenesi, que embalam e que temperam o sentir. O que me faz crer que o povão gosta mesmo é de simplicidade, de cantigas de ninar, de melodias brejeiras, de canções divertidas, de duplo sentido, de baladas quentes. Até os animais são atraídos por cantigas sons e palavras doces. Não é à toa que os vaqueiros cantam aboios, e muita gente cicia palavras para gatos, cachorros e aves atraindo-os assim, como fazia Pan com sua flauta.

Nas primeiras gravações feitas para gramofone pela casa Edison do Rio de Janeiro em 1902, um cantor por nome de Baiano já interpreta lundus maliciosos que certamente tinham o propósito de divertir os ouvintes. Era notório que as letras e o próprio ritmo tinham tudo do gosto e da criação do povo. Os lundus: “Isto é bom, e Bolim bolacho”, nos mostram isso claramente. A modinha estava em evidência no início de século XX, como o samba-canção, o cateretê carnavalesco e o maxixe. O lundu e o maxixe são de origem africana e foram alvos de crítica por alguns conservadores da época por suas danças apresentarem movimentos sensuais. Porém para o povo, as críticas não valeram. Da derivação desses ritmos foi que se originaram o que se chamou de “samba” e o que muito depois se chamaria “lambada”.

Continua no próximo artigo.