Brasil: o nascimento da Bossa Nova

A Bossa Nova foi um movimento da nossa música popular que surgiu no fim dos anos 50. Foi encabeçada pelo baiano João Gilberto, mas teve outros músicos e poetas de alto nível que sustentaram o movimento, como os cariocas Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O que havia de diferente no novo estilo era a sofisticação harmônica-melódica que rompia com o quadradismo rítmico e harmônico do samba canção. A mudança se dava também nas letras, estas já não tratavam de amores fracassados, eram mais positivas e falavam de um presente colorido e apaixonado, como quando o poeta diz: “Olha que coisa mais linda mais cheia de graça”. A Bossa, veio para provar que o novo sempre vem, e que os padrões podem ser mudados, entre tantas coisas provou e acabou com a ideia absurda de alguns conservadores que julgavam imprescindível se ter um vozeirão para se ser um cantor. Foi um movimento que teve origem entre compositores e intelectuais da classe média da zona sul carioca, que fez derivar leves contratempos do samba e os acordes passaram a sofrer a influência direta do Jazz norte americano.

De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa foi se tornando um dos movimentos mais influentes da história da nossa música, conhecido em todo o mundo. Um grande exemplo disso é a música Garota de Ipanema composta em 1962 por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim.

Foi também um movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitischeck 1955-1960. Para muitos críticos, a Bossa teve início em Agosto de 1958, quando foi lançado um compacto simples do violonista baiano João Gilberto, considerado o papa do estilo com as canções “Chega de Saudade” de Tom e Vinícius e “Bim Bom” (do próprio cantor).

Antes, João participara de “Canção do Amor Demais”, um álbum lançado em Maio daquele mesmo ano e exclusivamente dedicado às canções da iniciante dupla Tom/Vinicius, interpretado pela cantora carioca Elizeth Cardoso. De acordo com o escritor Ruy Castro (em seu livro Chega de Saudade, de 1990), esse LP não foi um sucesso imediato ao ser lançado, mas o disco pode ser considerado um dos marcos da Bossa Nova, pois já contava com a célebre batida do violão de João Gilberto.

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