Brasil: o movimento musical da tropicália

Na década de 1960, e um pouco depois da Jovem Guarda, surge outro movimento musical: A Tropicália, que é um rótulo encontrado pela mídia para definir o estado de espírito inconformado de Caetano Veloso e Gilberto Gil associado a manifestações espontâneas em outras artes. Esses artistas atraíram outros talentosos como Tom Zé, Capinam, Maria Bethânia, Nara Leão, Gal Costa, Os mutantes, Torquato Neto e os maestros Rogério Duprat e Júlio Medaglia. Nomes famosos alcançaram grande sucesso no Brasil e no exterior sem terem passado por nenhum movimento musical específico, mas imprimindo às suas obras um pouco de cada tendência musical brasileira. Esse foi o caso de Chico Buarque, o intérprete dos acontecimentos políticos e sociais do país, o intimista Edu Lobo, que transitou pela Bossa e ampliou seu trabalho ao universo da cultura popular, e Milton Nascimento, conhecido por seu refinamento musical. Na música regional, o nosso Luiz Gonzaga, influenciou toda uma geração de autores e intérpretes, incluindo o grupo tropicalista. O momento maior da Tropicália se deu no Festival de Música Popular Brasileira em 1967, quando Caetano interpretou! “Alegria, Alegria” e Gil “Domingo no Parque”. No ano seguinte Tom Zé apresentou a canção “São Paulo” e ainda em 68 foi lançado o disco Tropicália ou Panis et Circensis do grupo e considerado o segundo melhor álbum da música brasileira pela Rolling Stone Brasil.

O movimento tropicalista trouxe várias inovações ao cenário cultural brasileiro do final da década de 60, de certa forma, foi um rompimento com a arte obviamente militante, que tratava da situação política do país na época da ditadura e tinha a melodia como um sustentáculo desta mensagem. As letras das canções eram inovadoras, criando jogos de linguagem, se aproximando da poesia dos concretistas. As mensagens das letras eram codificadas, que exigiam uma certa bagagem cultural para que fossem compreendidas. "Alegria, Alegria" de Caetano Veloso, carrega em sua letra preocupações típicas da juventude da década de 60, um tormento com a violência da ditadura e um desejo de inovar, de romper barreiras. Eles se caracterizavam pelo excesso, roupas coloridas, cabelos compridos e agregavam várias influências musicais do brega ao psicodélico, do berimbau ao violino. A intenção era chocar e, por meio de performances caracterizadas pela violência estética, protestar contra uma música brasileira bem comportada.

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