Contra o voto burro! (2)

Perdoe-me, é só para concluir: imagine se, no dia seguinte, mais de oitenta milhões de VOTOS NULOS são computados nas urnas eletrônicas?! Com certeza: o primeiro impacto da coisa é que os "espertalhões profissionais do pleito" perceberão que NENHUM DELES serve para satisfazer de fato os anseios das massas. Pensarão duas vezes antes de jogar qualquer papo furado a cada quadriênio. Um abraço!

Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 22/09/2008 19:58

para o texto: Contra o voto burro! (T1182219)

Animado pelos brilhantes comentários do colega do Recanto, Jorge Luiz da Silva Alves, volto de novo à questão do “voto nulo ou voto burro”, de vez que na crônica anterior sobre o assunto, a fim de não torná-la mais prolixa, não discorrei sobre a utilidade do voto nulo.

O Brasil não é um país pacífico. É um país passivo.

Somos o país da nona maior taxa de analfabetismo da América Latina, isso se falarmos somente dos analfabetos completos – os que não sabem ler nem escrever. Se somarmos esse índice aos analfabetos funcionais – os que lêem e não entendem - tornamo-nos um paraíso para os “espertalhões profissionais do pleito” como bem definiu o Jorge Luiz os políticos que, por ocasião das campanhas eleitorais, vêm cinicamente enganar o povão.

Em 1990, Collor, a pretexto de diminuir o dinheiro circulante para combater a inflação alta, de uma só canetada, bloqueou todo o dinheiro que o povo brasileiro tinha nos bancos, conta corrente ou poupança. Todo mundo amanheceu com apenas cinqüenta mil cruzeiros na conta bancária ou na poupança. Morreu gente porque não pôde pagar cirurgias inadiáveis, firmas faliram e gente se suicidou por não poder pagar as suas contas. Esse dinheiro foi restituído dois anos depois e em 18 parcelas mensais. E todo mundo ficou calado! Nunca vi isso num país democrático. Nem mesmo em qualquer país comunista! E quando perguntaram à Zélia Cardoso, Ministra da Fazenda, sobre como ficava o povo nessa história, ela respondeu: "O povo é só um detalhe".

E depois, a corrupção do Governo Collor tornou-se tão escandalosa e desenfreada, que, afinal, a Nação reagiu. Os "caras-pintadas" saíram às ruas, fizeram passeatas e o Congresso votou o impeachment de Collor. Foi o primeiro presidente, no Brasil, que foi deposto sem ser pelas armas! Ah, nessa época, fiquei orgulhoso de ser brasileiro!

O mesmíssimo Collor, depois de cumprir um castigo de apenas 8 anos inelegível, foi eleito senador em 2006.

Maluf passou 40 dias preso, sob a acusação de corrupção. Teria desviado mais de seiscentos bilhões de reais dos cofres do Estado de São Paulo. Em conversa gravada pela Polícia Federal, o filho informa-o sobre o saldo de uma conta sua no exterior:

- Pai, só tem um milhão de dólares.

- Porra, só um milhão de dólares?

Chegaram as eleições e Maluf tornou-se o deputado federal mais votado de todo o Brasil!

Não somos um povo pacífico. Somos um povo passivo.

Os profissionais liberais, os intelectuais, os estudantes, as pessoas mais esclarecidas e com capacidade de discernimento, via de regra, são omissas, na velha tática de “deixa como estar para ver como é que fica” ou se deixam enganar pela retórica do Governo, por extensão, a política podre da fraude e da propaganda sócio-política criminosamente enganosa. E dizem que o voto nulo não é um ato de civismo. E dizem que, até prova em contrário, o político A ou o político B, merece a sua confiança; vão votar nele e se ele não corresponder à sua confiança, aí sim, admitirão ter sido enganados. Voto burro, pois me mostrem, no Brasil, um político de comportamento austero, que vote sempre a favor dos interesses do povo e eu lhes direi: “Eis um fenômeno político!”

A campanha contra o voto burro (“donkey vote”), iniciada na Austrália), visa simplesmente a duas coisas:

1. Acabar com o voto obrigatório; votar é um direito, não obrigação. E direito se exerce quando se quer. Se eu não vejo candidatos confiáveis, eu não saio da minha casa para votar. Simples assim. E é assim nos Estados Unidos, o país mais poderoso do mundo!

2. Se não querem acabar com o voto obrigatório, tornando-o facultativo, e continuam a nos enganar, e se o voto é a nossa arma, por que não darmos uma lição nesses calhordas? Com 51% de votos nulos e a eleição anulada, os “notáveis candidatos” vão ter certeza que nenhum deles foi julgado confiável! E a repercussão do fato, hein? Não será uma paulada na idéia que eles fazem de nós, isto é, que nós, eleitores, somos todos babacas?

Tanto numa situação como na outra, eles vão ser obrigados a mudar o seu comportamento. Ou vocês acham que um marido que bate na mulher que, tola e fraca, não o denuncia e continua morando com ele, vai mudar o seu comportamento?

Então, por favor, nada de hipocrisias; se você não tem coragem para anular o seu voto, pelo menos pense em aderir à campanha contra o voto obrigatório!

E também, por favor, abra o livrinho da nossa Constituição Federal e jamais se esqueça do seu Art.1º, Parágrafo Único:

"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou DIRETAMENTE, nos termos desta Constituição".

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 23/09/2008
Reeditado em 04/12/2008
Código do texto: T1192638
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