FIO DA NAVALHA

Algum dia, ouvi dizer que “a linha que separa um herói de um assassino era tão tênue quanto o bigode de um gato”. Achei a frase um pouco exagerada de início, mas depois vim a entender seu significado.

O Governo Federal sob a batuta do presidente Lula, quis reacender as cinzas da Ditadura Militar, propondo o julgamento dos crimes cometidos pela direita neste período, um verdadeiro tapa na Lei da Anistia. Sempre houve uma grande discussão sobre os crimes do Governo Militar, abrir ou não a caixa preta da ditadura, julgar ou esquecer todos os crimes cometidos. Porém, o que se vê aqui não é uma tentativa de fazer justiça, mas sim um ato simplista, vingativo, irresponsável e principalmente inconstitucional de atacar antigos inimigos,

Todos nós sabemos dos absurdos da ditadura, como AI-5 e o DOI-CODI, todos os mortos e torturados que ainda clamam por justiça, sem contar as inúmeras pessoas que ainda estão desaparecidas. Tudo isto é fato incontestável, mas há um porém. E a esquerda? O que a esquerda fez?

Bem, a esquerda brasileira também teve seus radicais, que consideravam aquele período como uma guerra, e “na guerra vale tudo”. Eles seqüestravam, torturavam, matavam, atiravam bombas caseiras; inclusive a pré-candidata a presidência da República, Dilma Roussef. Então por que punir apenas um lado?

É engraçado, o primeiro partido de esquerda a comandar o país, querer julgar os crimes da direita. Como só se houvesse crimes cometidos pela Ditadura Militar.

O assunto Ditadura Militar é muito complexo e carece de investigação e intenso envolvimento popular. É uma ação que tem que ter participação popular maciça e não apenas de um partido acima do bem e do mal. Como disse um pensador, “notoriedade não é unanimidade.”