Para que serve uma eleição?

Wilson Correia

Com a licença de Aristóteles, quero entender que não somos políticos vinte e quatro horas por dia, mas, sim, quando nossa ação realiza o exercício do poder. Ação conseqüente, claro!

Somos seres relacionais. O poder é relação. Logo, ninguém dentre os humanos está imune ao exercício do poder. Poder como sinônimo de serviço ou de instrumento aniquilador e excludente de outrem.

Assim, uma eleição serve para se realizar o exercício do poder, caracterizado pelos atos de analisar, valorar e escolher. Até quem “não escolhe” opta por ser escolhido e termina realizando uma decisão fundamental.

Realizar o poder-serviço (a outra possibilidade -aniquilar/excluir- não me apetece): para isso serve uma eleição, fundamentalmente inclusiva, democrática, participativa e colegiada. De baixo para as horizontais, e não de cima para baixo, impositivamente.

Poder relacional só se faz entre iguais, para os quais não existe a cumplicidade verificada nos guetos, mas a solidariedade possível entre pares. Só os iguais podem dialogar e buscar, juntos, o bem comum.

Conclusão: uma eleição serve para que cada homem e cada mulher exercitem a cota de poder que tem em mãos. Preferentemente, para construir, e não para excluir –em nome do que é caro a todos nós: o sagrado direito de decidir que rumos nossa história deve seguir, sob a nossa decisão.