SOBRE A SUCESSÃO PRESIDENCIAL NO BRASIL

Por razões de foro íntimo tenho me mantido em silêncio a respeito da sucessão presidencial. Agora, decidi romper meu mutismo, sair dele e de uma "neutralidade" que não existe em política nem no quer que seja, para dizer que concordo com as argumentações de gente como frei Leonardo Boff, Niemeyer, Emir Sader, Frei Beto, Zé Celso Martinez Correia, Chico Buarque, entre tantos outros.

Se a questão das múltiplas corrupções tomou o vulto que lhes foi dado pelas mídias não se pode dizer, claro, que se falava e que se fale de inverdades, que verdades são mesmo, dolorosas. Por outro lado, nunca se expôs tão claramente as mazelas e as misérias morais demasiado evidentes e inquestionáveis; nunca também se expôs tão claramente as contradições todas ocorridas no PT, AO QUAL NÃO PERTENÇO NEM JAMAIS PERTENCI , e nos vários setores do governo federal, assim como nos outros setores a ele ligados; isto tudo, sem sombra de dúvida, é mérito da vigência plena da democracia, ainda que de uma democracia muitíssimo marcada por sérios vícios, desde a origem, vícios agravados pelo amordaçamento sofrido ao longo dos governos militares e não sanados por nenhum dos governos que se lhes seguiram. Some-se às mazelas o personalismo tantas vezes exacerbado do presidente Lula e se terá um quadro bem pouco favorável dos caminhos da política nacional.

Tanta evidência as mídias deram e dão a tudo isso que, muitas vezes, deixaram e deixam de destacar os múltiplos processos de avanço do governo no campo social e também nas ações econômicas, por exemplo, no que se refere à questão do término da nossa eterna e eternizada dívida externa.

Há muitíssimo a sanear, claro: no setor da segurança; na Justiça ( é escandalosa a questão da impunidade, em seus vários territórios);na Saúde; no setor da Educação pública, não apenas alicerçando-se de vez a universalização plena de seu direito, mas também e principalmente, traçando-se metas e ações para a melhoria efetiva de sua qualidade, que o que continua a ocorrer no país é um descalabro vergonhoso no que se refere às práticas na educação, não só no setor público como em boa parte das escolas do setor privado e, todos sabemos que um povo sem educação de qualidade é um povo condenado ao fracasso, logo povo habitante de um país também condenado a fracasso sem remissão; também urge posicionamento mais claro diante das questões ambientais; melhor gestão do dinheiro público, e por aí vai, a lista de setores a sanear é enorme, deveras.

De todo modo, penso que não seja com Serra que melhor iremos marchar em direção aos aperfeiçoamentos necessários, vitais para o país, para a democracia, para o nosso futuro. Se a candidata da situação não é a candidata ideal ( a meu ver não o é, mesmo, está bem longe disso), não será com Serra que caminharemos com passos mais seguros. Certamente não o será.

Zuleika dos Reis, na tarde de 24 de outubro de 2010.