Quadras a Um Presidente Cessante!...

De: Silvino Potêncio >>> Homenagem A um Presidente (Cessante!)...

A maioria das vezes que nos dispomos a escrever algo de nossa autoria, em relação a certas figuras públicas que conhecemos e vamos convivendo ao longo dos anos, ainda que à distância, nós reagimos sempre de forma diferente, e com as mais inusitadas possíveis criticas não ofensivas, e tantas vezes, até de maneira bem estranha, hilárica!... vale acrescentar, rimos para não chorar.
Ontem, depois de uma réplica em determinado Fórum Virtual do qual faço parte já há bastante tempo, eu fiquei a pensar na réplica que eu deveria dar para aceitar o desafio, e escrever algo a respeito do Homem Publico numero um da Nação Brasileira que me hospeda como cidadão já há tantos anos. E, foi nessa condição que eu declinei o convite, mas... o meu ego não!.
Ele (o meu ego que é um eterno intruso do meu descanso memorial) ele ficou a remoer no assunto e a sua reação veio em forma de sonho, talvez um pouco até próximo do pesadelo!... Mas que infelizmente ainda prevalece - lá e cá! - Quem sabe ainda vai continuar, quem sabe!?...
- Num repente, que só a mente humana tem condição de acompanhar em sonhos, EU me vi no meio da multidão de seguidores do dito cujo Homem Público, que o acompanhava em plena avenida, onde ele se misturava e reintegrava ao seu Povo!!!... à sua plebe,... para garantir a continuidade da sua popularidade em “alta”, mesmo depois de sair do poleiro que ocupou por vários anos! – Ainda em sonhos preliminares, inconscientemente eu me lembrei de grandes figuras da humanidade, de lideres como Martin Luther King, um Mao Tse Tung, um Joseph Stalin, um George Washington, ou um Sir (ou não ser...) Winston Churchil...
- E ATÉ UM TAL DE Professor Doutor Oliveira Salazar, e tantos outros!.
De súbito me veio ao subconsciente o desafio feito semanas atrás nesse mesmo fórum, e o pesadelo começou!
Não sei porque razão, o tal Presidente me perguntou se eu tinha feito uma tal prova para entrar para um nível superior de conhecimento da governação pública de todos nós e,... eu lhe respondi que sim!...
É que para responder qualquer coisa, eu apenas precisava papel e lápis!
Ele seguiu por entre a chusma de curiosos, que o queria ver de perto, e eu mesmo!... eu me vi ali, de forma absolutamente incongruente com a minha maneira de ser habitual, no meio dessa turma ,levado pelo arrastão!... entrei na avenida do carnaval que é a arte de escrever na lingua de todos nós.  
- Ali.. no fio do bigode, olho no olho!!!...
E, logo ele me estirou o dedo dizendo que; a minha resposta de apenas precisar de “papel e lápis” para responder as questões da tal “prova”, era um acinte à sua inteligência.
- Era um desaforo e ele não ia engolir isso não!
Eu insisti que a minha resposta era meramente acadêmica, que também eu não tinha diploma ou certidão, que vivo aqui em paz e tranqüilidade, junto da minha família, mas... o Home não se acalmou!...
Chamou Assessores, conclamou os Universitários dele, Ministros e Secretários, ...e ali parou para me enfrentar, e me contestou a minha verdade, a minha liberdade criadora, a minha vontade de exprimir tudo com absoluta sinceridade!, enfim... me vi ali impotente perante a realidade, ainda que em sonhos; eu nada era, e ele era tudo!
Um tudo de um todo mal entendido, mas que politicamente funciona e está correcto!... será???... perguntei aos meus botões!
Pedi desculpas mas não abdiquei das minhas convicções, como sempre, isto desde que me conheço como pensante!
Contudo isso e apesar do meu desencanto ao longo dos seus anos de mandato, aos trancos e barrancos, ele continuou a caminhada dele, e de todos os seus seguidores pelo meio da Avenida, feito um corso de Carnaval fora de época, e eu... fiquei ali na esquina da Catedral Nova, centro desta cidade aberta a todos, sentado no meio-fio... a ruminar a minha verdade de alguma forma egocêntrica... que, ao acordar, me inspirou estes versos:


Um Presidente Cessante...

Esta noite assim eu sonhei!
E foi por toda a noite inteira,
Que o Presidente eu chamei...
Voismecê era um “Asno” de primeira!

O meu pesadelo eu versei,
Ali em plena Avenida,
Por causa que o encontrei...
Por entre uma multidão alarida!

Foi só uma mera coincidência,
Eu lhe ter dado essa resposta,
Aquela que ninguém gosta...
De saber nem ter ciência!

A minha origem eu declinei
Senhor Presidente... Português, eu sou!
Na terra aonde o meu Avô chegou
Ainda antes da Guerra, informei!

Ah ... então Voismecê é emigrante?!
Pensou ele em desafio...
Olhe!... eu também fui Retirante,
Em São Paulo e até no Rio!

Ora bem ... vamos lá ver!
Disse-me ele logo em seguida
De soslaio em voz sumida
Eu só sei ler e escrever...

E para governar a Nação
Nada mais eu precisei por certo,
Nem diploma ou Certidão
Eu tive?! ... nem de longe, nem de perto!

E foi assim a discussão que logo ali começou,
Eu também nunca isso eu tive...
Mesmo assim aqui se vive
Com quem nunca em si votou!...

Tá bãon... tá bãon!... aatão ele disse;
Voismecê deve ter feito alguma prova?!...
Quando a sua cabeça era nova,
P’ra saber escrever esta mesmice!...

E o meu sonho se prolongou,
Ali por toda a noite adentro,
Misturei alhos com coentro...
Naquela fala que ele encetou!

Pois no meio da multidão,
O Maioral desta Nação,
Veio em minha direção,
Para me dizer que não!...

Que ele não era nada disso,
Daquilo que eu pensava...
Ele muito intelegentissimo
P’ro seu Povo discursava!

Este aqui me respondeu...
E me chamou de “inguinorante”
- Falou até que preencheu
O papel da prova adiante!

Quando fiz o politico “vestibular”
E só precisei de uma caneta
Porque a resposta era certa,
Nem precisei de estudar!

Sem luta nem entendimento,
Eu me rendi logo incontinente
E em frente ao Presidente
Eu me curvei um só momento!...

Mesmo assim eu lhe enfrentei
E de publico eu declarei
Que a minha resposta eu dei,
Sincera... era a melhor que eu achei!

E ele também não cedeu,
Da mesma forma que começou,
Assim o meu sonho acabou...
Nesta prosa e verso que agora é seu!...


(In: Poesias Soltas – Janeiro/2011)
Autor: Silvino Potêncio – Emigrante Transmontano em Natal

www.silvinopotencio.net
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 04/01/2011
Reeditado em 13/03/2018
Código do texto: T2708453
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