A VILANIA NA TRIPARTIÇÃO DO PARÁ

                             Sérgio Martins Pandolfo*

“São como os sepulcros caiados de que nos fala a Bíblia: brancos por fora, mas podres por dentro”. Jesus Cristo

        Nova onda perpetrada por arrivistas de mau caráter tenta de novo conseguir o retalhamento de nosso Estado, desta feita mediante tentativa de desvirtuamento da consulta popular (plebiscito), que pela legislação vigente deverá ser feita a todos os habitantes do Pará, mas que esses traidores de nossa terra, por onde foram eleitos com a promessa de defendê-la, tentam conseguir a restrição da consulta plebiscitária apenas às localidades que formariam os pretendidos estados de Carajás e Tapajós, ficando o remanescente Pará, que teria cerca de tão somente 1/6 do que é agora, de fora da consulta aos eleitores. Não podemos permitir isso. Vamos reagir energicamente a fim de impedir mais esse esbulho que pretendem impingir à soberba Parauaralândia
       Nossa Constituição Federal em seu Art.18, parágrafo 3º, diz textualmente o seguinte: “Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar”.
          Toda a dúvida dos deputados divisionistas – e somente deles – está na locução “população diretamente interessada”, entendendo - ou fazendo-se de desentendidos -, por falaz exegese, ser essa população apenas as que residem nos pretensos novos estados, ficando de fora da consulta popular os residentes no Pará que remanesceria do retalhamento estadual, como se esses não fizessem parte da população diretamente interessada de que fala a Carta Magna.
          Acho-te uma graça! – como dizemos os parauaras. Então nosso torrão territorial vai ser amputado da parte maior e contentora de grande acervo minério-florestal que até aqui sustivemos e vimos prospectando e, de repente, alguns espertalhões deles se querem adonar e vamos, pacificamente, lhes entregar de mão beijada, porque, acham eles, isso não nos interessa, não nos diz respeito e, assim sendo, não temos direito de sequer ser consultados? Então temos uma casa que contém na parte dos fundos um quarto habitado por um indivíduo que por mera liberalidade abrigamos lá e, de repente, esse “inquilino”, por alguma desinteligência conosco resolve se separar, pretendendo pôr uma divisória entre seu quarto e o restante do imóvel, que nos pertence no todo, e assim será, pois não somos parte interessada nisso? Onde a lógica? Onde a razão?
          No divisionismo territorial pretendido, os que assim desejam – maioria deles arrivistas de escusos propósitos (alguns de má catadura) que aqui chegaram de mãos abanando e foram cavalheirescamente acolhidos – nada têm a perder. Ao revés, só a ganhar, eis que levariam imensa área territorial já beneficiada, com instituições funcionando (habitações, escolas, hospitais, estradas, transportes, saneamento básico, distribuição de água potável etc.) e ainda receberiam opimos recursos da União e até mesmo do Estado que os abrigava até então para o provimento de órgãos do complexo administrativo que terão de ser instalados, a fim de bem manejar seus novos e oprobriados currais eleitorais que maliciosamente iludiram, engabelaram, engazoparam. Um chuá!
         Esses pseudorrepresentantes do povo paraense, eleitos para defender os interesses do Estado do Pará como é hoje (pois que não há voto distrital), junto ao Congresso Nacional são, na verdade, traidores do povo que os elegeu, fementidos da função para que foram escolhidos, eis que, como verdadeiros Judas, pela ganância de auferirem mais ganhos políticos e até pessoais, dada a dinheirama que adviria para a implantação dessas novas unidades federativas, estão a trabalhar contra o Estado que juraram defender aquando da diplomação. Não foram eleitos para serem deputados ou senadores por Carajás e/ou Tapajós, mas pelo Pará que é hoje. Por essa visão travessa e zarolha é que, dando uma de desentendidos e estrábicos exegetas da Lei Maior, dizem achar que a população diretamente interessada é somente aquela adstrita às unidades que anelam recortar de nossa área territorial, usurpando, na maior cara-de-pau, a mor parte (cerca de 80%) de nossa atual superfície federativa.
         Caso tal flagrante usurpação viesse a se concretizar deixaríamos de ser um Estado próspero, pujante, producente, para nos tornarmos uma troika de nanicos a onerar os cofres da Viúva e a liderar os índices de criminalidade, pobreza e analfabetismo do País. Seria mesmo jocoso não fora assaz doloroso

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(*) Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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Sítio: www.sergiopandolfo.com

Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 15/05/2011
Reeditado em 10/07/2011
Código do texto: T2971864
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