À REFLEXÃO DOS PLEBISCITANTES!                                          
                                                  Sérgio Martins Pandolfo*
 

        Visa a impressionar o assanhamento, a sofreguidão com que os divisionistas pró-Carajás estão a se mostrar, a se exibirem, pondo todo o empenho em provar que estão com “a força da grana que ergue e destrói coisas belas”, como canta o “mano” Caetano. E uma das coisas belas que com a força da grana querem destruir é a integridade da Parauaralândia, a união que sempre existiu entre os parauaras de norte a sul, de leste a oeste. Importa ressaltar que em sua caminhada para prover a desagregação paraense tentam atrair a outra parte do Estado que também denota anseios de emancipação, o oeste do Pará, pretendente a se tornar em Estado do Tapajós.
       Com menor poder financeiro e, talvez, com os arreceios próprios do legítimo caboclo parauara têm resistido e recusado a insistente oferta de ajunta, de união dos frentistas carajasenses, que com cantos de sereia tentam embair as legítimas aspirações tapajoaras, prometendo mundos e fundos para embarcarem nessa igarité furada, certamente “porque sabem das coisas” e não desejam destruir essa bela união. A marqueteada dudiana até aqui tem sido insubsistente para convencer a gente do Tapajós que, sentindo-se ligada de berço ao chão papa-chibé se tem esquivado da associação com “os de lá”, em quem não reconhecem origens comuns. Os jingles que por lá ressoam não ecoam como cá, devem certamente, e com razão, dizer os ressabiados habitantes das uberosas calhas tapajônicas. Os separatistas de lá apregoam que os “brasileiros do sul não conhecem a realidade da região e que ali estão duas terras prometidas”, argumento fajuto com que os tapajoaras, com outra visão, não assinam em cruz.
        No sul-sudeste carajasense a esbórnia é total; é reunião pra cá, conchavos pra lá, encontros de prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, maioria com nomes “estordes” que os “cabocos terruás” (os legítimos do lugar, muitos dos quais tiveram suas terras estornadas em “benefício” de forâneos que delas se adonaram à força de ameaças e mesmo de engrimanços escriturais) não conseguem pronunciar, cheios de dáblius, “pissilones” e cás, provindos das estranjas, que embananam nossos nativos, em vez dos Silvas, Souzas, Melos e quejandos havidos da lusa colonização, pelo que quase sempre acabam por “regionalizá-los” com artimanhas do nosso parauarês.
       Armam-se palanques a torto e a direito para a manjada peroração das “autoridades” que, valendo-se do “boca de ferro” mais à mão deitam falação sobre as maravilhas que advirão da separação da província mineral que, eles sim, saberão administrar e tirar proveito (próprio certamente!) em prol de Carajás, a exemplo do “enorme desenvolvimento” do neoestado do Tocantins, omitindo ser este o 4º mais pobre do País. Já o sagaz JK dizia: “É mais fácil mexer com a mulher dos outros que com a terra dos outros”.
        Na internet vê-se uma profusão de sites, blogs, spaces e outros babados tais, por meio dos quais tentam encher de caraminholas a cachimônia do verdadeiro povão, averso a essas usanças, que se esfalfa e consome nas queimadas e nas carvoeiras das “fazendas” dos endinheirados que lá se pespegaram, se deram bem e querem continuar a dar as ordens com mais prestígio, poder e mando político. Perguntem-se-lhes o que fizeram de fato pela região, que obras públicas conseguiram os manjados políticos de sempre, alguns com quatro ou mais mandatos no costado, além de, em épocas de eleição, oferecer transporte “de grátis” (com sanduba e refri de ganho) até a seção eleitoral, dentadura pra d. Bia, umas telhas pro barraco do seu Zé ou, o máximo!... mas só para capos de “currais” eleitorais, “ligação” de trompas (pelo SUS, claro, que é quem paga a conta e o desvio de recursos), para uma penca de “cabocas parideiras”, pra não encher de “guris-problemas” o cobiçado chão de nossa “terra de ricas florestas”, coisa proibida pela Lei de Deus, dos Homens e da Natureza, posto que esta vasta e despovoada “terra de rios gigantes” precisa é de gente para protegê-la, cultivá-la e amá-la de fato.

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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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Site: www.sergiopandolfo.com
Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 25/08/2011
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T3182307
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