Uma Crônica  De: Silvino Potêncio > Podemos Falar mal do Presidente (?)!
A propósito das mudanças havidas  em Portugal do Século “binte” (buscar para irmos para o meio de coisíssima nenhuma), o Transmontano Dr Alfredo Correia da Rocha, mais conhecido por Poeta Miguel Torga, era  filho da Ti Maria da Conceição Barros, que fazia “Alheiras de Mirandela”, (*) em Sabrosa, ele dizia-nos isto:
Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem sempre ardentemente a desejou. Estamos a viver em pleno absurdo, a escrever no livro da História gatafunhos que nenhuma inteligência poderá decifrar no futuro. (Miguel Torga)

Assim pensando nós recebemos de um Amigo nosso da região do Puorto,  uma carta que diz isso tudo e ao mesmo tempo e de outra forma, ele nada acrescenta!
(Início de Citação):
— Como em 1973 era bom ir ao Algarve.
O pessoal era delicado. Os Algarvios até falavam com outras gentes do País. E nós, com esforço, até os entendíamos.
Mas eram mesmo simpáticos.
— Comias uma refeição completa com café e bagaço por 20 escudos e davas gorgetas de 25 tostões.
— Dormias numa pensão residencial por 50 escudos .
— A gasolina super custava 5 escudos e trinta.
— Um pão custava 4 tostões... Em Lisboa e no Algarve.
Em Trás-os-Montes e no Porto era oferecido.

* Um Escort GT custava em 1972, 63 contos com rádio incluído. Gastava 5,3 L aos 100 km. Pagavas em 5 anos com um juro de 3%.
* Não passavas cheques pré-datados, acreditavam na tua palavra.
E a firma onde trabalhavas era tua fiadora.
* 1973 (saudades de quem conheceu)

(Fim de citação)
Entretanto veio o Código Dá VintchCinco de Abriu-looooooo!…e com ele a liberdade de abrir o gógò para gritar: aqui há liberdade mas não pão!... Quem o quiser comer, tem de ir para a Emigração! e, logo dois anos depois, já em 1975 era assim o Algarve:
• O Hotel do Alvor era palco de maracutaias, de conferências de políticos, de lautas jantaradas à custa do erário público… Centro de infindáveis negociatas entre os países recém libertados (de quê?!…se até hoje só se ouve a voz de quem se aboletou no poder - lá e cá) e os governantes do então Recto Ângulo Luz & Tano, ali instalaram um verdadeiro balcão internacional de acertos políticos e militares!…que chegou à continuada "guerra fria" entre o Oriente e o Ocidente.
– Ali se discutia o preço de 900 anos de história – era assim tipo uma “Feira da Ladra” onde a mercadoria eram os Territórios para venda em Saldos de final de Verão Ultramarino!

• Todos os outros hotéis eram ocupados por 99,9999 % de Retornados, cidadãos Portugueses de Angola, Moçambique, São Tomé e Principe, Cabo Verde, Guiné, Timor, Macao, etc e tal e coisa.
• Quem pagava a Estadia destes “ previlegiados da Descolonização exemplar” era o Fundo de apoio ao Retorno de Nacionais (vulgo IARN) cuja administração ninguém sabe, nem onde começou, nem onde foi parar. 
- Mas o dinheiro vinha!…
​Vinha aos montes e aos pacotes e chegava em abundância e de forma caudalosa como forma antecipada da venda do produto do saque promovido pelos políticos (alguns ainda aí andam…) em conluio permanente e descarado com alguns dos Militares… Venda DO ULTRAMAR PORTUGUÊS que dura até hoje.

• Naquele tempo a técnica do Pilatos era o “prato do dia” e os Militares, na sua maioria liderados por um Marechal incompetente que, ao não conseguir levar a água ao seu moinho de bravatas em cima do sacrifício da sua tropa, ele simplesmente se perguntou… Portugal, que Futuro?…
Lavou as mãos e pirou-se antes que fosse tarde demais… Mas antes foi aos "esteites" para conversar com Tio Sam, que também lavou as mãos e quando voltou para Lisboa, elegeu-se Marechal e prontos, escafedeu-se nas "brumas da mimória!... "  

• A resposta não perde por esperar… iii aatão bamos lá, carago!
Hoje, 40 ANOS mais 11 meses com 2 semanas, 12 horas e alguns minutos depois… temos aí o futuro!…(data em que foi escrita esta crônica)
• A minoria dos trabalhadores (que ainda restam…) todos procuram um extra… um “biscate” adicional, no mercado nacional ou no exterior para sobreviver aos impostos sobre o trabalho, e o esquema é pedir a Reforma e combinar com o Patrão para receber metade do salário e trabalhar dobrado…
E... o Estado paga a diferença?!

• O Estado pede dinheiro emprestado aos Alemães, aos Ingleses, aos Franceses, e…dá como garantia as Terras do Algarve quase todas de belouto!
• A outra parte dos trabalhadores (que ainda andam por aí…) vão ao estrangeiro fazer uma “contrata” e voltam com uns carcanhóis no bolso a cada ano, para passar 30 dias de férias em Portugal…
​Mas é só para tirar muitas fotos das serras queimadas pelo fogo, das vinhas mal tratadas por falta de mão de obra, dos campos do Algarve que servem para empreendimentos inadimplentes… E na triste maioria são pertencentes a empresários estrangeiros que, quando o vento sopra a favor, se dizem investidores, mas quando a maré está em baixa… são apenas Turistas de passagem em frente a mesas de restaurantes cheios de “cataplanas” que se pagam com fundos comunitários,  e… altas horas da madrugada de verões cada vez mais exóticos, relaxam na beira da estrada em infindáveis conversas de “happy Hour” e com “have party” às tantas da madrugada com viagem ao mundo do “ecstasy” ao sub-mundo do craque (que nem sabe jogar à bola) ao intrigante caso da Maggie com inexplicáveis razões de Sua Má Jestade a Coroa Inglesa,... que ali continua a saquear o patrimônio Algarvio…
​Infelizmente se cumpre o velho chavão; tudo isto é triste, tudo isto é Fado!... e tudo isso com o consentimento dos nossos abenegados políticos em sacrificio permanente da defesa de uma liberdade onde:

(citamos aqui uma nova crônica minha que nos fala da diferença do Algarve de 1973 e o de hoje, por onde passámos ainda há pouco neste verão de 2011):
Podíamos acelerar os nossos automóveis pelas auto-estradas acima dos 120km/h sem nenhum risco e não éramos multados por radares maliciosamente escondidos, mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem era cidadão de bem, e quem era bandido e quem era terrorista, mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos dar piropos à funcionária, à menina do “guiché” das contas a paga, ou à recepcionista como galanteio sem correr o risco de sermos processados por “assédio sexual” mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei! preto!...), credos (esse crente aí!...) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!...) e não éramos processados por “discriminação” por esse motivo mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos tomar nossa redentora cerveja no fim do expediente do trabalho,  para relaxar e dirigir o carro para casa, sem o risco de sermos jogados à vala da delinqüência, sendo presos por estarmos “alcoolizados” mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos cortar a árvore do quintal, empestada de praga de insectos e mosquitos, sem que isso constituísse crime ambiental mas… não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos ir a qualquer bar ou boite, em qualquer bairro da cidade, de carro, de autocarro, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos assaltados, sequestrados ou assassinados, mas… não podíamos falar mal do Presidente!!!…

Hoje, a única coisa que podemos fazer  é falar mal do presidente!
– Que grande meeeeeeercadoriaaa!!!
​É esta ideia que se vende no Alvor dos dias de hoje.
Temos a liberdade de falar do mal do Presidente à vontade…sim!, porque ele está-se nas tintas e até gosta mais de “chocos com tintas” do Algarve do que as agora Mundialmente eleitas Alheiras de Mirandela (*)
​Lá no fundo no fundo,  são dois pratos da gastronomia Luz & Tana onde a farsa é dona da verdade!… As Alheiras foram inventadas pelos Cristãos Novos (embora sempre velhos por dentro na sua fé Hebraica) para enganar a Inquisição, e os Chocos ao serem perseguidos soltam tinta para enganar os predadores à sua volta.
– Falemos mal do Presidente porque com a verdade me enganas!…
​E é esse o triste lema que nós adoptámos depois da implantação do Código Dá VintchCindo de Abri-looooooooooooo!!!…  Aqui abrimos o gógó para gritar e chorar à vontade!

(*) Alheira de Mirandela enfim foi eleita a Maravilha das Gastronomia Lusitana.

Abraço e até breve…

Silvino Potêncio
-Emigrante Transmontano em Natal (Brasil)
O Homem de Caravelas de Mirandela
www.silvinopotencio.net
Texto original publicado em: HTTP://osnizcaros.blog.pt
 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 12/09/2011
Reeditado em 27/05/2016
Código do texto: T3214885
Classificação de conteúdo: seguro
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