Considerações... (servidor público e suas trapalhadas)

http://www.youtube.com/watch?v=UUESzqoKizU&feature=share (assista o vídeo com a reportagem da TV Diário de Mogi das Cruzes – Vereadora Deise “justifica” uso de carro público

Primeiro: a vereadora não justificou nada, apenas tentou explicar...;

Segundo: se a ida e a volta ao aeroporto já estavam agendadas há uma semana, como é que se alega urgência de última hora (embora nem isso justificasse) para utilização de carro público?;

Terceiro: da fala do Marcelo Duque (marido da vereadora) podemos deduzir que ele é muito inocente ou pensa que o povo é (para não dizer outra coisa);

Quarto: estranha a postura do motorista. A atitude dele foi no mínimo exagerada, passa até a impressão de que ele respondeu mais do que foi perguntado e de forma aparentemente gratuita (em política pode se esperar de tudo e, por intuição, deduzo que possa haver algo mais nas entrelinhas deste comportamento). De qualquer forma, porém, se a corda arrebentar do lado mais fraco, provavelmente a bomba vai cair no colo dele, mas quem puxou o pino da granada foi ele mesmo (resta saber por que). Talvez venha a ser mais uma (ou a única) “vítima” dessa trapalhada toda. Porque, a bem da verdade, a vítima real nisso tudo é o povo (e não é de hoje!);

Quinto: pagar a despesa depois da coisa descoberta, conforme a vereadora disse que fez, não quita a dívida moral. Aliás, por falar nisso, na composição dos custos entraram as horas extras do motorista? Parece mais um arranjo desesperado de última hora para tentar contornar a situação. Para ser realmente válido teria que haver documentação anterior solicitando os veículos e o recolhimento bancário antes da utilização - esse deveria ser, no mínimo, o procedimento padrão para o cidadão utilizar veículo ou equipamento municipal em serviço particular, em qualquer administração séria e transparente. Mesmo assim, deveria haver um procedimento administrativo e político envolvendo a Prefeitura e a Câmara para especificar e viabilizar esse tipo de alternativa e com critérios muito bem definidos para não virar bagunça. Entretanto, o próprio prefeito afirmou que não houve solicitação por escrito. Portanto...

Sexto: Deise disse que antes de ser vereadora ela é funcionária pública, como se isso fosse atenuante. Não seria na verdade agravante? Pois, salvo engano, é provável que haja artigo penal para funcionário público que use comprovadamente seu cargo ou função para obter vantagem pessoal;

Sétimo: Marcelo Duque teria mentido sobre o Curso da Vigilância Sanitária citado pelo motorista como justificativa para levar todos (funcionários e familiares) ao aeroporto? E por que o responsável pelo Transportes aceitou o agendamento verbal se geralmente é feito por escrito, conforme informou o prefeito? Aliás, como é que o Planejamento não percebeu a inconsistência do pedido? Ou não há Setor de Planejamento na Prefeitura envolvendo esta área?;

Oitavo: é preciso haver um controle rígido na Seção ou Setor de Transportes e Obras no uso e abastecimento dos veículos e equipamentos (e na manutenção também) - já falei sobre isso em artigo de jornal há muito tempo. Mudam as administrações, mas os prefeitos nunca aprendem com os erros do passado – onde alguns já foram processados e até condenados. É fácil elaborar uma planilha eficiente para isso. Mas será que há algum interesse nisso? Se houvesse já teria sido feito há mais de 20 anos quando eu era servidor municipal e fiz o projeto com essa finalidade e que foi engavetado por motivos inconfessáveis pelos detentores do Poder. Os vereadores, fiscalizadores do bem público, deveriam ser os primeiros a propor e exigir isso. Mas, depois do que acabamos de ver... Para mim, infelizmente, não é novidade nenhuma! E nem me causa surpresa... Como poderia?