Plebiscito - Um Grande Problema ou Ilusões Fracionadas.

Quando os anseios emanam do povo podemos ter alguma esperança que a realidade seja respeitada, quando não, não. Ainda não entendi porque se faz consulta popular no momento em que se destrói para edificar uma gigante hidrelétrica no coração da mata, sem dar relevância ao que pensa a população diretamente envolvida. Não entendo porque se decide consultar um povo no momento que a exploração de seu solo toma rumos ignorados e seus recursos também. Os partidários de ambas as Frentes digladiam-se sob a égide do cordeiro, uma faz demonstrativos estatísticos e econômicos einsteinianos sem alcance popular, enquanto a outra trata o povo como idiotas, apelando para o bairrismo arraigado, característicos de torcedores de clubes de futebol e termos aparaensados que existem apenas no folclore. Nada de útil foi mostrado, nada de elucidativo foi apresentado, tudo que se viu foi a velha disputa do mocinho e o bandido, onde não há compromisso com a transparência, apenas desvios, palavras apelativas, emblemáticas e ilusórias.

Pobre povo o povo meu, que não luta, não decide, não resiste. Apenas arremedo cabano é o que somos. O Estado inteiro é um enorme problema, não cuida dos seus próximos, e inexiste em regiões remotas, isso é verdade. Já o Estado dividido fraciona o que na união poderia fazê-lo forte, cria novos coronéis, castelos e cartéis, cargos e nepotismos sem precedentes. Seria tão mais fácil se apenas cuidássemos do que temos e dividíssemos as riquezas entre todos, mas não é assim, entre a força da produção e necessidade de um povo existe a ponte da consciência moral, que impõem tantos obstáculos e desvios que nos fazem esquecer de onde vêm e pra onde deveria ir o que nos pertence de fato. Estamos nas mãos dos “homens do poder”, mais uma vez estamos em suas mãos, e isso me deixa profundamente apreensivo. Muita coisa está impregnada nas entrelinhas das campanhas, eles não se atirariam e gastariam fortunas em prol do povo, não são possuidores dessa veia generosa que os expusessem apenas por um bem comum, estamos falando de velhas raposas travestidas, eles sempre estiveram aí, deixaram que o abandono atingisse patamares exorbitantes e agora, de repente se importam. Temo as opções quando partem dos “homens” e não do apelo popular, temo não ser ouvido quando bradar “que não quero”, temo ser ignorado quando disser que “preciso”. Não temo a morte, mas a senilidade, a cegueira e a invalidez. Temo tudo o que me deixe dependente do sistema, do sistema “desses homens”.

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 09/12/2011
Reeditado em 15/05/2012
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