DIVIDIREMOS O PÃO, O PARÁ NÃO
                                                                     Sérgio Martins Pandolfo*
     
      Goebbels, ministro da propaganda de Hitler no III Reich, cunhou a máxima: “Uma mentira repetida mil vezes vira verdade”. Os teledebates plebiscitários recém-travados vieram pôr a descalvado o emprego desse estratagema pelo galista marqueteiro Duda Mendonça no amestramento de seus pupilos representantes das frentes separatistas, i.é, repetirem sempre, todas as vezes, fosse qual fosse a pergunta formulada pelos defensores do Não as mesmas inverdades, as mesmas promessas mirabolantes, tais: vamos ter triplicado o Fundo de Participação dos Estados (FPE); construir um hospital de câncer em cada novo estado; edificar muitas escolas e duplicar os salários dos professores; vamos asfaltar as estradas (como, se são federais?); instalar hospitais gerais e muitos postos de saúde e, patranha-mor e inaudita: vamos instalar as sedes dos poderes executivo, legislativo e judiciário em acampamentos, tendas de campanha.
     Até parece sugesta saída da cachimônia de seu colega de parlamento, Tiririca. Já imaginaram juiz beduíno trajado com aquele balandrau árabe em vez de toga? E os parlamentares a discutir propostas com os diretores da Vale e das hidrelétricas, royalties e tarifas, assentados no chão sobre tapetes “persas”, de gibões e turbantes arabescos para enfrentar a canícula mocorongo-marabaense, em tendas multicores, com seus vistosos camelos (em vez dos carrões importados) amarrados à entrada? Miragens supimpas que correrão o mundo (da fantasia) candidatas ao Troféu Pinóquio. A redizer Fernando Pessoa “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. As “propostas” foram de tal sorte “marteladas” que um dos frentistas do Sim saiu dali direto para atendimento hospitalar urgente, diz-que com estresse e dor frontal que, segundo a “rádio-corredor” palaciana, deveu-se à percepção, pelo acometido, de incômodo crescimento do apêndice nasal que muito o abalou.
     Agora falando sério, como diz Chico, não se pode desdenhar da capacidade de persuasão dos métodos de campanha desenvolvidos por Duda, à base de promessas vazias e patranhas. Elegeu Pita – lembram-se dele? –, um desconhecido de quem nunca ouviram falar os paulistanos, prefeito da maior cidade brasileira; reelegeu Maluf (que todos conhecem), zerado em credibilidade e rejeição nas alturas, com o resultado desastroso que se viu; sufragou Lula, cujo IBOPE não crescia dos 20%, para o primeiro governo, de que advieram, entre outras malfeituras, o “mensalão” do PT (conquanto ele jurasse nada saber); reelegeu-o para um segundo mandato e os escândalos continuaram (mensalão do DEM, Zé Dirceu et caterva), de que ele também nada soube. Finalmente elevou Dilma, preclara desconhecida dos brasileiros, a “presidenta”, mas herdeira de uma trupe de oito ministros “da pesada”, dos quais sete já caíram de podre e o próximo vai a caminho disso.  
     Veja-se, portanto, e medite-se, sobre o estrago que pode produzir uma campanha de convencimento popular arrimada na potoca e na vã promessa, na falta de critérios técnicos de informação e ausência de compromisso com a lisura política, com o respeito à população menos informada que se deixa embair pelas propostas estapafúrdias, impossíveis de alcançar. Meio desesperados por verem sua “proposta indecente” de tripartição do Estado maciçamente rejeitada pela população parauara os frentistas da campanha do Sim partiram para o ataque direto ao governador do Estado, acusando-o, entre outros “males”, de ser o culpado pela aprovação da Lei Kandir (que é federal) por ter “lavado as mãos feito Pilatos”; asseverando que a taxação mineral do Estado, recentemente aprovada à unanimidade pela Assembleia Legislativa, é inconstitucional; que o governo itinerante há pouco instalado em Santarém e Marabá teve finalidade eleitoreira e que Jatene seria o responsável “pelas más condições atuais do Pará”. Isso provocou a repulsa do povo e fez com que Duda enfiasse a viola no saco e abandonasse a campanha, voltando para a Bahia, antevendo que sofrerá, aqui, memorável tunda eleitoral. Já o
perspicaz JK sabiamente dizia: “É mais fácil mexer com a mulher dos outros que com a terra dos outros”.
 
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*Médico e escritor. SOBRAMES/ABRAMES
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Sérgio Pandolfo
Enviado por Sérgio Pandolfo em 09/12/2011
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