A imprensa a favor, os desmortos do Pinheirinho e os mortos de Salvador...

Os capangas da imprensa, os desmortos do Pinheirinho e os mortos de Salvador...

É surreal e, só pode acontecer no Brasil: os partidos de esquerda, capitaneados pelo partido que governa o país, decretou a morte de várias pessoas na planejada invasão do Pinheirinho, terreno cuja ocupação foi promovida pelo exótico PSTU.

A imprensa paulista, que deveria ajudar a elucidar e noticiar os fatos, preferiu se comportar como capanga dos partidos esquerdistas, contribuindo para a assustadora e farsesca matança e sumiço virtual de civis, durante a desocupação da área do Pinheirinho, por membros da Polícia Militar do estado de São Paulo...

De fato: a Polícia Militar de São Paulo não matou nem desapareceu com ninguém no Pinheirinho, mas os partidos de esquerda decretaram sua charia eleitoral e a imprensa, na prática, a executou. E assim, muita gente que se encontrava vivinha da silva, amanheceu morta nos jornais, revistas, sites e blogosfera a favor (isto é, a grande massa de blogs aparelhados ou criados para servir ao projeto de governo dos petistas).

Quando o assunto é interesse político, na política costuma vigorar leis práticas muito lassas, capazes de contemporizar os mais diferentes e dantescos comportamentos e práticas, no país. Mas se o caso se trata do partido do partido dos trabalhadores e do atual governo brasileiro e, especialmente, se o alvo político for São Paulo, então o que vigora - desde sempre é a lei do vale tudo.

À parte informar ao seu público, à imprensa que atua dentro de um ambiente político e cultural e, ainda mais, é parte institucional integrante do sistema constitucional nas democracias representativas, não é defeso o exercício de sua atividade se afiliando a qualquer corrente ideológica, muito pelo contrário (neste sentido, basta lembrar que, nas eleições presidenciais americanas, é praxe que os jornais ou seu redator-chefe declare sua opção partidária ou preferência por determinada candidatura. Da mesma forma, alguns jornais da Europa por determinada linha ideológica).

Mas, quando o exercício de sua atividade vai além disto, entrando pela vereda partidária, a coisa é diferente, pois no exato instante que tal escolha é feita, o compromisso com a verdade jornalística fica um tanto comprometido ou necessitando de atenção, pois deste compromisso resulta uma grande influência na precipitação de uma realidade objetiva que deveria ser desnudada, prescrutada, em forma de notícia ou opinião. De testemunha e vigia, a imprensa pode passar a agente ativo no tabuleiro do jogo partidário que se processa.

Nesta conformação, a imprensa (e a liberdade de seu exercício, um dos corolários das democracia representativa) corre o risco de deixar de contribuir para o aperfeiçoamento do sistema de representação política e governo, posto que se encontra dentro dentro do ringue, sendo o sparring de determinada força ou liderança político-partidária.

A partidarização (normalmente pontual, em relação a determinadas candidaturas políticas) ou a assunção de uma determinada linha ideológica do órgão de imprensa é um fenômemo conhecido, que se afina com as práticas da democracia representativa. Outra coisa, é tentar partidarizar os fatos, no sentido de produzir um resultado querido ou, como no caso em tela, buscar um resultado divulgando mentiras a partir de um acontecimento verdadeiro.

É incrível que se precise recordar que o papel da imprensa é encontrar no teia caótica de fatos diários a notícia - tomada expressão da verdade e, não, para vender como verdade fatos mentirosos - especialmente se representa a expressão da vontade de uma liderança política, um partido político ou um governo!

Para uma avaliação do estado de penúria em que a imprensa fica, em situações assim, a desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos - SP, é exemplar, pois ali vemos os órgãos de imprensa repetindo à exaustão uma retratação dos fatos anunciada por um secretário da presidência da república (o mesmo que estava envolvido na quebra de sigilo bancário de um candidato à presidência da república e familiares, na eleição presidencial passada), que foi amplificada por um grupo de ministros de Estado e, enfim, qualificada pela própria presidente da república ("- Barbárie!"), com um duplo objetivo: conquistar a prefeitura de São Paulo, a curto prazo, e preparar o terreno da disputa do governo de São Paulo - esta, uma fortaleza inexpugnável ao petismo mensaleiro e, aquela, uma cidadela que já foi ocupada pelo petismo, de onde foi enxotado pelo voto dos paulistanos.

Como já se viu, é mesmo um vale tudo - até mortes, desaparecimentos e sevícias fictícias. Pouco importa que a desocupação tivesse sido determinada por sentença judiciária e, ainda, que cada passo da desocupação tivesse sido previamente comunicada e acompanhada por uma juíza togada. Aos petistas pouco importam os fatos, posto que tem uma incrível máquina (da qual a imprensa a favor é a parte mais importante, na fase final de execução) que pode movimentar mentiras montadas a partir dos fatos.

Foi assim que os militantes da imprensa a favor transformou vivos em mortos e personalidades humanas intactas em almas denegridas pelo mal da sevícia, agindo de forma semelhante a um jagunço de fidelidade canina...

Mas, a vida e os seres humanos tem o seu jeito teimoso de resistir. E os vivos que foram virtualmente ceifados de suas vidas pelos agentes do petismo e a imprensa graciosa, insistem em seguir suas vidinhas no mundo real - reproduzindo o ritual diário de se levantar, sair à rua, trabalhar, envolver-se em problemas, estabelecer contratos, de tal sorte que o exercício destas trivialidades acabou por impor a sua inafastável desmortificação no mundo virtual. Os mortos Desmorram, os inapelavelmente e a criança supostamente seviciada nem chegou a ter conhecimento do mal que lhe impingiram, denunciando-a de uma barbaridade que não sofreu.

Até onde sei, esta afirmação de verdade e vida não recebeu da imprensa paulista e brasileira a mesma celebração que a torpe celebração de sevícia e morte perpetrada pelos esquerdopatas.

Enquanto isto, na estado de Bahia, prossegue a greve dos policiais militares, que interromperam o trabalho, mas não tiraram o trabuco da cintura. Como se sabe, o porte de arma pelo policial no exercício da profissão é uma garantia para a sociedade. E, pelo contrário, uma arma na mão de um servidor público grevista, é uma ameaça para a sociedade e um piscar de olhos para os criminosos. E quando o servidor público começa a se comportar como se comportam os criminosos - isto é, ignorando os limites impostos pela lei - a coisa se complica um bocado.

A soma dos mortos resultantes dos desatinos resultantes da greve dos policiais militares baianos (com a regular decretação de morte clínica através de atestado de óbito com a indicação da causa - ligada, evidentemente, ao incrível surto de violência local) chega a 86 (oitenta e seis), aí incluída uma senhora colhida por uma bala enquanto amamentava o filhinho, numa rua, em plena luz do dia.

O inferno que se tornou o estado da Bahia e, especialmente cidade de Salvador e sua região metropolitana, decorre da irresponsabilidade do seu governador, Jacques Wagner, que ante o anúncio de decretação de greve pela Polícia Militar e do que poderia decorrer disto (diante das informações pontuais e privilegiadas que evidentemente tinha, como chefe do Poder Executivo estadual), preferiu ignorar os riscos envolvidos e embarcar na comitiva da presidente da república rumo a Cuba, para lamber as botas da gerontocracia dos Castro - gente especializada em mentiras, supressão de direitos civis tortura e morte de seres humanos está ali!

E agora, existe a possibilidade entre a tropa do Exército Brasileiro e a Polícia Militar do Estado da Bahia, do que pode resultar uma série de terríveis consequências de natureza humana, institucional e política, que pode, inclusive, ter desdobramentos e médio e longo prazo. E tudo decorre da estultice autoritária de Wagner, que em vez de procurar resolver a situação, foi abrigar-se e pedir arrego embaixo da saia da presidente da república.

E pensar Jacques Wagner e o partido dos trabalhadores já defenderam em praça pública o direito de greve da polícia baiana, quando estavam em cima de um palanque, nos tempos do governo de Antônio Carlos Magalhães...

Mas, repito: são 86 vidas humanas ceifadas na Bahia. Mas, para o governo e a imprensa paulista e brasileira, elas não tem o mesmo peso dos vivos que a ela mesma ajudou a eliminar virtualmente, por ocasião da desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos!

Fico pensando: se a imprensa brasileira continuar na balada em que vai e, resolver ser ainda mais colaborativa, conseguindo negar terminantemente as mortes físicas indesejáveis e, de outro lado, sendo um pouco mais proativa na promoção de vitimizações de pessoas desejadas para finalidades políticas imediatas, qual é o limite?

O que difere o valor da vida de um desmorto do Pinheirinho e de uma vítima fatal do surto de violência de Salvador e região? Para muitas autoridades, lideranças partidárias e uma parte considerável dos jornalistas e dos órgãos de imprensa, somente isto: o interesse político partidário envolvido...

Está curso no Brasil, já faz tempo, um processo dirigido de erosão de todas as instituições democráticas, com um fim muito objetivo. Umas das instituições mais dóceis na submissão a este processo é a imprensa, que aderiu sem medidas a um processo que vai, rapidamente, comprometendo o seu papel e a sua credibilidade.

Pode ser que as coisas mudem. Mas o prejuízo já há um prejuízo palpável a ser contabilizado.

O que foi dito por petistas em relação a greve de policiais da Bahia? Aqui está:

"A Polícia Militar pode fazer greve. Minha tese é de que todas as categorias de trabalhadores que são consideradas atividades essenciais só podem ser proibidas de fazer greve se tiverem também salário essencial. Se considero a atividade essencial, mas pago salário mixo, esse cidadão tem direito a fazer greve.”

- Jacques Wagner, durante uma greve dos policiais militares baianos, em 2001.

“Acho que, no caso da Bahia, o próprio governo articulou os chamados arrastões para criar pânico na sociedade. Veja, o que o governo tentou vender? A impressão que passava era de que, se não houvesse policial na rua, todo o baiano era bandido. Não é verdade. Os arrastões na Bahia me lembraram os que ocorreram no Rio em 92, quando a Benedita (da Silva, petista e atual vice-governadora do Rio) foi para o segundo turno (nas eleições para a prefeitura). Você percebeu que na época terminaram as eleições e, com isso, acabaram os arrastões? Faz nove anos e nunca mais se falou isso”.

-Pela sintaxe, se pode adivinhar quem fez esta declaração bucéfala e perigosa, durante o mesmo evento...

Ao fim deste dia, enquanto corrijo este texto verifico que o número de mortos na Bahia havia chegado a 90. E a nossa presidente da república deve ter a sensibilidade para a morte real e irrevogável de 90 pessoas (diferentemente do que aconteceu com as mortes virtuais de pessoas reais, invenção criminosa de seu governo e das agremiações partidárias que o sustenta) é que é, está sim!, uma barbárie que merece muita atenção. E cuidado. Bastante cuidado - pois a resolução da questão envolve o destino de vidas humanas, grande parte delas de crentes no tributo e no voto...

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Em 10.02.2012: Dias após ter escrito o texto, o estado de coisas na Bahia, instaurado depois da decretação de greve da Polícia Militar, não muda:

- 156 pessoas já mortas, noves fora um policial civil e um músico, que o governo insiste em deixar fora da contabilidade;

- A presidente da república - uma anistiada de seus crimes contra a segurança nacional (o que incluia a prática direta ou indireta de sequestro e latrocínio, para fins políticos), não aceita nem falar em anistia das lideranças do motim da polícia militar baiana;

- O ministro da Justiça que aportou na Bahia para conduzir as operações de controle do motim dos policiais baianos é um mensaleiro;

- Na primeira oportunidade que teve, um oficial do exército brasileiro, deu um jeito de demonstrar o quanto a missão era incômoda e ingrata para sua força militar...

- No Rio de Janeiro, depois do vazamento de gravações que envolvia a liderança dos pooliciais militares

Tudo certo para dar... errado!