Omissão não tem perdão

Omissão, não tem perdão

Terra sem Lei

Fernando Bandeira

Engenheiro e jornalista

fernandoluizbcosta@yahoo.com.br

Artigo

Caro leitor, você conhece a periferia de Fortaleza? Fiz uma pergunta e, você poderia responder da seguinte maneira: “por que eu andaria na periferia? Não sou político em época de eleições!” Bem, dentro do contexto atual seria uma resposta óbvia, porém totalmente fora dos padrões de um cidadão.

Quando denunciamos o que há de errado em nossa cidade, em nosso Estado e em nosso País, tentamos diminuir os índices de criminalidade, a falta absurda de assistência médica municipal e estadual. E, se não reclamamos do que há de errado na administração pública, contribuímos decisivamente para o agravamento da situação.

Dos bairros periféricos que conheço, cito um denominado Conjunto Tancredo Neves, localizado às margens da BR-116, ligado à Cidade dos Funcionários. Responsável municipal pela área, Secretaria Municipal VI. Pois bem, lá não existe Lei. Motoqueiros não usam capacete; conduzem suas crianças sem nenhuma proteção física; carros trafegam na contra mão a toda hora; sons das mais variadas fontes prejudicam os tímpanos da comunidade; calçadas são tomadas por construções ilegais; o comércio na sua grande maioria não fornece nota fiscal. Ou seja, não há fiscalização nenhuma; é uma terra sem Lei. Com certeza a AMC e os fiscais fazendários estaduais, morrem de medo de passar por lá: uns frouxos. Na região não existe gorjeta, mas intimidação, sim. A feira semanal que rola por lá uma vez por semana, impõe a circulação de veículos por uma única faixa, resultado: ônibus, caminhões, ciclistas e animais, disputam palmo a palmo o direito de ir e vir simultaneamente. E aí vai a pergunta: por quê? Respondo com todas as letras: nesses bairros periféricos não rola propina, mas na Rua Governador Sampaio, no Centro e na Aldeota – saiam da frente – uma vergonha. Ufa! Você caro leitor, também deve ter ficado sem fôlego pelo tamanho do parágrafo.

Esse é o Brasil em carne e osso. Um País comandado por forças paralelas ilegais, tipo quadrilha de políticos (?) misturados com mafiosos, prostituição de menores, drogas rolando nas ruas como a água da chuva e, as mais variadas contravenções que nos penalizam, como um punhal fincado em nosso peito, em nossos bolsos... Em nossa alma. E, as autoridades competentes (?), em suas salas com ar condicionado, e telefone celular pago pelos contribuintes (estaduais e municipais), utilizado para ligar para a família, políticos e amigos. Uma pergunta ingênua: por que os agentes da AMC e os fiscais da fazenda não andam nos bairros periféricos? Já respondi.

O crescimento financeiro de um indivíduo em qualquer profissão deve vir em decorrência de um trabalho honesto, às vezes penoso, de noites mal dormidas até que se chegue à fonte do progresso, da bonança, enfim, da independência financeira adquirida de uma maneira honesta, transparente, louvável e reconhecida por todos como heroica, em virtude dos impostos exorbitantes que nos são cobrados. O único caminho que devemos percorrer para termos sucesso em nossa vida profissional é: a lisura das nossas ações e, em decorrência, um grande exemplo que passamos para a família e para a sociedade de uma maneira geral.

Somos tão pequenos perante a imensidão do Universo que, o nosso julgamento torna-se às vezes sem expressão e, na maioria das vezes, inócuo. As leis existem, mas não para todos. Mesmo assim, não devemos de maneira alguma deixar de combater aqueles que foram eleitos com a obrigação de fazer o melhor para o cidadão e, não o fazem. Continuemos de olho neles; vale a pena. Um país só muda para melhor, quando os seus cidadãos denunciam os responsáveis por falcatruas, omissão e má administração do dinheiro público. Se não denunciamos somos coniventes, e não temos nenhum direito de reivindicar das autoridades competentes, o direito de termos uma vida digna. O resto é balela, ou mais popularmente, papo furado!

Esse artigo é dirigido, conforme você percebeu caro leitor, às autoridades políticas do Estado do Ceará, mais precisamente àqueles que foram eleitos através do voto para governarem o Ceará e a sua bela (por natureza), capital alencarina (Terra de José de Alencar), mas com certeza, a maioria das grandes cidades deste País, sofre com os mesmos problemas, numa escala muito maior. Então, olho vivo irmão! Denuncie, não aceite passivamente os ladrões travestidos de políticos que metem descaradamente as mãos sujas em nossos bolsos, há muitos e muitos anos! Preocupemo-nos com o futuro dos nossos filhos, enquanto há um pouco de esperança.