A Falaciosa (e Aristocrática) Democracia Brasileira

A democracia que temos no Brasil é um engodo. Digo isto porque, como cidadão brasileiro, não suporto mais deparar-me com mil e um escândalos envolvendo corrupção e desvio de verbas no dia-a-dia, para no fim das contas perceber que novamente tudo acabou em “pizza”. Esta analogia gastronômica, aliás, vem a calhar perfeitamente no contexto, já que, invariavelmente, os manda-chuvas do poder banqueteiam-se com o dinheiro do povo, se embucham até não poder mais, e depois calmamente fazem a digestão, respondendo com letargia a alguma CPI teatral, em geral insossa e inócua.

Alguns parvos otimistas podem sustentar a tese de que, bem ou mal, vivemos sim num sistema democrático, já que aqueles que nos governam foram eleitos pelo povo. Eis que surge, porém, a problemática das campanhas eleitorais: megalomaníacas ações marketeiras impulsionadas pelo dinheiro sujo dos Caixa-2. Ou seja, a própria base de nossa Democracia encontra-se conspurcada.

Some-se a isso a corrupção endêmica que assola o país de norte a sul e de leste a oeste. Corrupção enraizada e conhecidíssima, e o que é pior, tolerada pela apatia indolente que nos caracteriza como nação. Corrupção esta que não faz distinção (ela sim é democrática!) e atinge igualmente os 3 poderes, contaminando gestores públicos, legisladores e membros do judiciário. E quando algo dá errado, quando alguma fraude inexplicavelmente vem à tona, arma-se um circo na mídia, a fim de entreter por algumas semanas as massas, iludindo-as com a promessa de que as coisas vão mudar. Mas infelizmente não mudam. As aves de rapina que comandam o Brasil pertencem a uma casta superior - quase intocável - que reveste-se de falsa-dignidade para continuar ludibriando o povo e pilhando o Estado.

Na realidade, nossa pretensa – e supostamente moderna – democracia assemelha-se mais a modelos monárquicos absolutistas do que a vã consciência possa imaginar. Nossa classe política de hoje, por exemplo, é a perfeita continuação das aristocracias de outrora. Com uma pequena – mas sarcástica – diferença: os aristocratas d’antanho – que de fato exploravam a plebe e locupletavam-se às suas custas – não fingiam ser democráticos, nem praticavam demagogia. Eram mais honestos, enfim.