Pessoenses, enfim

Os que me conhecem mais intimamente sabem que, de duas, nenhuma: nunca fui afeito a militâncias na política partidária. Por isso mesmo, também influenciado por perspectivas de uma universal irmandade, não tenho preconceitos sobre formações familiares, bairristas, citadinos, estaduais, federais, internacionais ou transcendentais – embora, graças as minhas aberturas e experiências de vida, esteja desenvolvendo certos conceitos e, até, certos pós-conceitos sobre o valor de umas coisas, lugares e pessoas.

Não creio no reconhecimento a priori da supremacia de uma espécie de “humano” sobre outra (quer sejam negros, amarelos, índios, brancos ou derivados de naturais ou futuras transgênicas miscigenações), mas ainda não defendo o reconhecimento global de uma plena Humanidade entre nós, tendo em vista presença crônica, milenar, dos grandes desumanos vampiros sobre a Terra e suas ações sanguessugas, eminentemente destrutivas.

Dessa forma, ao escrever sobre o valor de certos “pessoenses”, nome dos que nasceram na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba – como eu – não me motivou intenção de supervalorizar (intelectualmente) os habitantes da capital, em detrimento da presença das grandes mentes nascidas nos interiores do Estado da Paraíba; como as de Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, Celso Furtado, José Lins do Rego, Sivuca, Antônio Mariz, Pedro Américo, Ronaldo Cunha Lima, Tarcísio Burity, Assis Chateaubriand, Jackson do Pandeiro, entre inúmeros outros e outras que, malgrado às vezes confusamente promovendo tanto o bem como o mal, deram substanciais colaborações ao desenvolvimento político-cultural da Paraíba, as quais promoveram indireta e diretamente certas evoluções nas consciências dos que nasceram em João Pessoa ou para lá foram – afora outros paraibanos anônimos não tão notáveis, entre imigrantes de outros Estados e nações.

Por causa deles, a despeito de erros cometidos, em últimas eleições tivemos dois grandes momentos exemplares apresentantes da maior consciência social e política da população de João Pessoa e, depois, da Paraíba que, finalmente, fez (como fará, mesmo sem certas influências passadas) as escolhas certas a eleições dos que continuarão promovendo necessárias ressurreições da máquina administrativa estadual e dos municípios parceiros do desenvolvimento do Estado. E tudo isso depois de décadas de consideráveis explorações perversas, por parte de outros maus políticos gestores, ao aumento do patrimônio de suas famílias e redução da qualidade de vida dos paraibanos.

Mesmo que, na eleição passada para Prefeito e Governador, pesquisas entre eleitores e eleitoras apontassem para a vitória nas urnas eletrônicas dos mesmos outros que, agora, pelejam novas oportunidades de “se dar bem” na administração municipal, contrariando expectativas de velhos “coronéis” o então eleito Prefeito de João Pessoa, com esmagadora maioria de votos, foi o deputado Ricardo Coutinho (PSB), hoje governador da Paraíba.

Depois de muitas décadas, pela primeira vez a Prefeitura de João Pessoa esteve nas mãos de alguém nascido e criado entre a beleza natural da capital da Paraíba e toda genérica feiura provocada – e tradicionalmente mantida – por aqueles todos politiqueiros interioranos maus gestores das coisas públicas que, agora, contando com amnésia inexistente entre a esclarecida população pessoense, tendem a ser previamente demitidos nas urnas por seu atualmente esclarecido Patrão: aqueles que nasceram em João Pessoa ou que, chegando lá, vindos de todas as partes do mundo, aprendem a amar a cidade - entre outros que me dizem lá terem renascido ou se encontrado.

Como disse no início, entre aqueles fanáticos pela possibilidade da propriedade – ou, melhor escrito, pela APROPRIAÇÃO do que não lhes pertence, não sou preconceituoso ou bairrista o suficiente para pretender que somente um ou uma pessoense possam bem administrar o desenvolvimento futurista da “Cidade do Cabo Branco”. Entre comentários postados no twitter, contudo, ao dizer que poderia administrar bem o fluxo de desenvolvimentos da capital paraibana – não apenas por já ter experiência na administração municipal (uma vez que foi Secretária de Planejamento da Prefeitura de João Pessoa na administração Ricardo Coutinho), mas também por ser pessoense – alguém sugeriu que o fato de a candidata Estela Bezerra (PSB) ter nascido em João Pessoa não significa necessariamente que será a Prefeita perfeita.

O fato, porém, é que, se passarmos em revista a origem de todos os que, antes dos pessoenses Ricardo Coutinho e Estela Bezerra, sentaram na cadeira de Prefeito da capital e do Governador da Paraíba, perceberemos esmagadora maioria forjada na cultura interiorana autoritária patriarcal, tendenciosamente mafiosa ao associar latifundiários, de espíritos coronelistas, a gerências (então necessariamente egoístas e excludentes) dos recursos públicos disponíveis.

Munidos de todo mau-caráter disponível, aqueles contribuíram para nos fazer confundir nobres princípios políticos com molecagens politiqueiras; tudo com a desculpa da necessidade do “exercício democrático”, que lhes serviu essencialmente à promoção de “diálogos” tendenciosos a dar vez a injúrias, “justificar” malandragens e conchavos a facilitação de ganhos financeiros indevidos, provindos do erário público; más ações que, não fossem as determinações e destemidas atuações do atual pessoense governador da Paraíba (em conjunto com a nova consciência cidadã que ele anda ajudando a desenvolver nos paraibanos), corre ainda algum risco de prosseguir rumo à destruição da Paraíba.