MÉDICOS QUE NÃO TRATAM SEUS PACIENTES

Tenho percebido em São Leopoldo uma irritação raivosa de pessoas descontentes com o governo municipal. Ainda este ano produzi algumas edições de um jornal voltado para a defesa do meio-ambiente, mas que utiliza todas as matérias para “baixar o pau” no governo da situação. Coincidentemente, há quase oito anos, o governo da situação em São Leopoldo é de esquerda e vejo que o pessoal da direita se morde de raiva por não poder ocupar o poder. Chegam a perder o pudor e, não se contendo, dizem que o Partido dos Trabalhadores exerce a maior de todas as ditaduras que já se viu. E até “filhotes da vil ditadura” militar se acham moralmente qualificados para criticar o governo atual. E, entre as ações desvairadas do pessoal da direita está um desmedido esforço para rastrear e denunciar corrupção no governo atual, se possível, envolvendo o prefeito e a cúpula, É como se os eleitores não soubessem que a corrupção sempre foi usual nos governos anteriores de direita, que sempre tiveram também muita habilidade e autoritarismo para esconder sua corrupção, mas agora apontam o dedo no governo que mais fez pela cidade.

E, como se não bastasse, de tão inconformados por não ocupar o poder, organizaram até uma passeata no corrente ano, da qual nunca mais se ouviu falar, além que tudo fizeram para derrubar o governo com denúncias sobre “picuinhas” (Imalas) e o sistema de saúde, atacando mais especificamente o Hospital Centenário (de cujo atendimento a população, não só de São Leopoldo, carece), denunciado até na RBS TV e fechado com o uso-se sensibilíssimo do poder arbitrário representado por três macaquinhos, um deles, com os olhos tapados (o mais humanitário) e os outros dois cobrindo a boca e os ouvidos.

Jamais fui adepto ao PT, por causa da ala extrema esquerda disposta a irracionalidade, abuso de poder e desrespeito à liberdade e direitos alheios. Resisti muito a esse partido em meus primeiros anos como ser a politizar-se, especialmente por sua insígnia comunista, sinônimo de extremismo e desrespeito a liberdade. Todavia, ao comparar com a soberba de Collor, o “corpo mole” do PMDB, a ação sempre manipuladora e exploradora dos pobres por parte da direita, e vendo a atuação efetiva de Olívio Dutra à frente da prefeitura de Porto Alegre, especialmente contra o complô das empresas de ônibus em 1991, quando esses empresários acuaram o poder municipal impondo aumento tarifário sobre uma tarifa urbana já extorsiva –, nesse tempo, embora me mantendo apartidário, comecei a considerar que alguma justiça social era efetivada na atuação de políticos vindos da parte do povo trabalhador e que tais políticos, mais do que os outros, governavam para todos, pesando, porém, mais para o lado do pobre e trabalhador, porque esse é que mais precisa, por sua frágil condição.

E durante o governo do Partido dos Trabalhadores vi a Capital do Estado melhorar muito, sendo referência de modernidade no tempo dos Fóruns Sociais Mundiais, o que já não se pode dizer. Da mesma forma, São Leopoldo passou de cidade do interior cortada por uma artéria federal para pequena metrópole em sete anos, com largas avenidas, transporte público moderno e renovado, com acessibilidade para cadeirantes e tudo mais, além que não se vêem crateras onduladas entre paralelepípedos e asfalto nas ruas do Centro, tendo dado um salto de vinte anos em menos de oito.

Quanto ao Hospital Centenário, a verdade aparece aos poucos. Um dos candidatos na atual campanha há muito sei tratar-se de um médico muito carismático e bem quisto pelas mulheres, nas quais, dizem, ele fez muitas cirurgias. Ele, porém, é o candidato à frente da direita, não que seu partido seja institucionalmente de direita, embora que também não é objetivamente de esquerda. Uma de suas bandeiras eleitorais é justamente a promessa de construção de um novo hospital.

Há poucos dias, porém, o candidato do Partido dos Trabalhadores publicou um folheto contendo declaração por escrito desse médico quanto ao horário de seu expediente no Hospital Centenário onde é empregado, explicando que vai ao hospital, registra o ponto, permanece três horas e cumpre o restante do turno em seu consultório particular.

Não bastando isso, hoje soube que recentemente a mãe do prefeito em exercício foi levada ao atendimento de emergência do hospital e, após muito tempo de espera, como comumente acontece com as outras pessoas, a pessoa que a levou ligou para o prefeito reclamando da demora. O prefeito então se dirigiu ao hospital para ver porque não atendiam sua mãe e quando lá chegou surgiram médicos de todos os cantos a atender pessoas na espera lotada e a mãe do prefeito. Dizem as enfermeiras e enfermeiros do hospital que o pessoal da emergência faz a triagem e encaminha os prontuários para os médicos, solicitando que atendam os pacientes em espera, mas o atendimento demora porque os médicos detêm-se conversando uns com os outros, lendo jornais ou fazendo outras coisas que não atender os pacientes.

Sendo concursados, como profissionais assim serão responsabilizados por tamanha negligência e não cumprimento das atribuições para as quais foram contratados? E, em regra, os médicos são oriundos das classes mais abastadas e o candidato médico a prefeito da cidade, a frente dos despeitados direitistas, pertence ao quadro de funcionários médicos do mesmo hospital. Que tal?

Pense bem, portanto, na hora de votar.

Wilson do Amaral