O mensalão e os ingênuos

O MENSALÃO E OS INGÊNUOS

O “mensalão” afirmado por muitos como o maior escândalo político dos últimos anos, ao que tudo indica é, ao invés de pruridos morais, mais uma ação de efeito político, em que as oposições tentam atingir o governo Lula e, de viés, a Presidenta Dilma. Na verdade, o brasileiro não está tão preocupado com a corrupção, pois convive com ela desde o descobrimento, e muitos já se beneficiaram com ela.

Eu conheço muitas pessoas de passado duvidoso se arvorando a probos moralistas. Trata-se de – para usar uma expressão dos ditadores de 64 – uma “orquestração” da mídia, das elites e da direita raivosa, contra o PT. Os ingênuos, insuflados pelas revistas semanais e pela “turma do amendoim” afirmam, sem recordar as recentes CPIs dos bancos e da compra de votos, que não saíram, pelo peso político do PSDB, que o “mensalão” é coisa inédita no Brasil. Eu sou contra todo tipo de corrupção, mas não é por conta de meus protestos que ela vai acabar,

Em determinado momento da história, no final do século XIX, com a campanha republicana ganhando cada vez mais força, D. Pedro II, em uma atitude desesperada, passou a distribuir títulos e “mesadas” para conter o avanço dos partidários à mudança de regime. "Um ponto característico da monarquia brasileira era a política de favores, incluindo a distribuição de títulos de nobreza (de barão a duque), condecorações (Ordem de Cristo, do Cruzeiro, da Rosa e etc.), cargos públicos (só para os católicos e apadrinhados) e até tratamentos de Excelência e Senhoria. Por trás dos panos, muito dinheiro e corrupção", informa a historiadora Lilia Moritz, na obra “As barbas do Imperador”.

É a mesma necessidade de governabilidade que José Dirceu tentou para equilibrar o governo num mar de raivosas oposições. As “mesadas” distribuídas aos deputados são cópias das benesses concedidas por Dom Pedro II. “Tudo como dantes em casa de Abrantes”. Mais tarde Beth Carvalho recomendou aproveitar, pois: “se o Braz é tesoureiro a gente acerta no final”. Embora condenável a corrupção é um processo endêmico na nossa história, desde as “capitanias hereditárias”.

Os ingênuos e os manipulados são levados a crer que o dinheiro do “mensalão” saiu dos cofres públicos, do bolso de cada um. Mas não! Os recursos do “valerioduto” vieram de empreiteiras e outros patrocínios. Isto é atestado pelas sentenças do STF. As condenações são por corrupção (ativa e passiva), lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Não há nenhuma menção ao peculato.

No exterior?

Dizem que o Ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF vai fazer um tratamento médico no exterior. Como perguntou a direita, recentemente, ao ex-Presidente Lula, quando do tratamento do câncer em um hospital particular: “por que não faz pelo SUS?”.

Filósofo e Doutor em Teologia Moral