Categoria Marcante

Sob o regime de votação secreta, Renan Calheiros foi eleito hoje para a presidência do Senado. A casa mais importante, depois da Presidência da República, no nosso sistema político institucional. Dotada, como todas as outras, não obstante, da característica mais marcante desse sistema político – a desfaçatez.

Como sabemos, o Senado e a Câmara dos Deputados aprovam ou não projetos do interesse da Presidência da República. O presidente precisa, então, do apoio dos senadores e dos deputados para poder governar. Não é preciso elevadas doses de tirocínio para concluirmos que todo tipo de negociação política pode decorrer dessa necessidade, a de o presidente ter o apoio do Senado e da Câmara. Ficando claro que os interesses de ambos os lados precisam estar satisfeitos, permanecendo num segundo plano o interesse da sociedade. Que é, nesse jogo “democrático” de interesses, quem elege os deputados, senadores e o primeiro mandatário do país.

Foi por isso que a votação teve que ser secreta. Tendo em vista que a sociedade já tinha recusado o nome do Sr. Calheiros para o Senado. Daí o descaramento com que somos tratados. Na medida em que somos obrigados a engolir essa votação secreta. Sendo nós os que elegemos todos os que realizam esse tipo imundo e antidemocrático de votação.

Segundo nos dizem os jornais, o Sr. Calheiros é “denunciado pela Procuradoria-Geral da República por três crimes: falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato”. É acusado de pagar despesas pessoais com dinheiro oriundo de empreiteiras. O que negou, sob a alegação de que tinha renda para realizar tais pagamentos, já que possuía documentos que mostravam ganhos seus com a venda de gado. Há também a questão do “pagamento de uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha fora do casamento, e o peculato decorrente do desvio de verba indenizatória do Senado”.

É evidente que tudo isso pode ou não ficar provado. E o acusado deve ter o direito de defesa. No entanto, o que parece óbvio é que a eleição desse cidadão seria totalmente inquestionável após os esclarecimentos de tais procedimentos considerados ilícitos. Ao invés de ficarmos na contingência de aceitar para a presidência de uma das principais casas da República uma pessoa com um currículo aparentemente manchado por atitudes indevidas. Mas isso é próprio das negociações políticas. Ou também da própria categoria política. Ou não terão quase todos eles as mesmas marcas?

Maricá, 01/02/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 02/02/2013
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