RENAN CALHEIROS E O COMPLEXO DE MEDUSA

Renan Calheiros permanece fisiologicamente na ativa pelo Congresso Nacional em mais um governo democrático brasileiro. Exerceu liderança ativa nos Governos Collor, FHC, Lula e agora é reeleito presidente do Congresso no governo de Dilma Roussef. Contra ele pesam acusações de peculato, lavagem de dinheiro e utilização de documentos falsos. Pesa a acusação de utilizar “laranjas”, na compra de diversas empresas e de exercer tráfico de influência junto ao Grupo Schincariol.

Isso seria o suficiente para ser barrado na Lei da ficha limpa. Por muito menos do que isso, os brasileiros comuns perderiam seus empregos. Entretanto, existem dois problemas a serem examinados.

Primeiro: ele foi reeleito para mais um mandato como senador, elegido pelo próprio povo. Parece que grande parte da população não pode ver um engravatado falando bonito que já se rende aos seus “encantos” e é incapaz de avaliar a honestidade dele¿

Mas enfim, o problema seguinte é esse.

Segundo: os colegas congressistas, em sua maioria esmagadora, votam pela nomeação de Calheiros para ser de novo presidente do Congresso. Fica a questão: o que está havendo neste país há tanto tempo. Por que é que o brasileiro é capaz de brigar por bobagens como futebol, se atracar com seus vizinhos por motivos ínfimos, e não consegue enxergar aquilo que está acontecendo e que representa não só a imagem que os outros países têm do Brasil lá fora, mas também a própria imagem que o brasileiro tem de si mesmo.

Percebeu-se que os “senhores feudais” do Congresso Nacional, blindados com a sua pompa e empolação inútil para o progresso do país, agem com todo acinte contra a ética ao eleger alguém com esse currículo para ser o presidente da Casa parlamentar.

A mitologia grega conta a história da Medusa, donzela amaldiçoada por Minerva. Medusa tinha cabelos de serpentes. Todos aqueles que fitavam diretamente a sua fronte eram transformados em pedra. Será que a população brasileira não encarou a medusa de frente também¿ pois parece que cada brasileiro virou uma pedra, pois só ela é impassível e não sente nada daquilo que acontece com ela. A pedra pode mesmo ser reduzida a pó, porque ela sim não percebe nada.

Enquanto isso, faz falta para o país aquele cidadão valente, que seja capaz de olhar nos olhos da Medusa e não vacilar, enfrentar a situação de frente e não deixar-se transformar em uma pedra, para quem tanto faz o que acontece no cenário político nacional.