UMA TRISTE CONSTATAÇÃO

UMA TRISTE CONSTATAÇÃO

FlávioMPinto

Anteontem, 3ªfeira de Carnaval, caminhava com meu cachorro, quando observei um soldado carregando compras. Dirigia-se ao quartel, na realidade um QG, e as compras, pelo que observei envoltas numa sacola plástica transparente, eram pão e refrigerantes, e mais algo enrolado , provavelmente frios, queijo e presunto.

Eram aproximadamente 9 e 30 da manhã de um dia nublado. Centro de Porto Alegre deserto e quente. Dia para um bom passeio reflexivo.

Comecei a relembrar os últimos dias que passei na caserna depois de 34 anos de serviço, isto a dez anos atrás. Naquela época a coisa já estava feia, com mil e uma restrições orçamentárias , contingenciamento de recursos, algumas obrigando os quartéis a fazerem meio expediente e dispensar a tropa de refeições em outro e até a encurtar o tempo de serviço militar dos recrutas. A tropa minguava.

Pensava nas restrições que se estendiam a manutenção e renovação necessária do material por insolvência passando pela sobrevivência da Instituição.

Hoje, 2013, parece que o ambiente não se alterou, continua o mesmo. As Forças Armadas sobrevivem de teimosas.

O desprestígio da caserna continua em baixa, a ver pela colocação da placa instituindo que a Academia Militar seja um antro de torturadores numa afronta sem par. A seguir vemos as intromissões da Comissão da Verdade , também numa intromissão indevida, nos currículos das escolas militares ante o olhar impávido da cúpula dos guerreiros de gabinete. A tropa assiste incrédula esse estado de coisas. Talvez nem tenha conhecimento mínimo dos fatos.

Esperneará muito quando lhe cassarem as poucas palavras que ainda possuem.

Esperneará ainda mais quando cassarem sua história recente, fato já prestes a acontecer.

Pelo menos, hoje, os soldados tem dinheiro para comprar um reforço de alimentação.

FLAVIO MPINTO
Enviado por FLAVIO MPINTO em 17/02/2013
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