O direito de ter algum direito

Essa veio à minha memória hoje, creio que por conta de um programa que estava assistindo pela manhã, o assunto era racismo e intolerância racial.

Lembrei na hora que há uns 25 anos atrás, lá no Pará, assistia um jornal local. O repórter perguntou a uma menininha que brincava em cima de uma ponte o que ela gostaria de ser quando crescesse a garotinha não titubeou na resposta, olhou sério para o seu interlocutor e respondeu: Quero ser branca. Creio que o repórter ficou surpreso e desconfortável, ele era branco, bem vestido e parecia “bem nascido”, como se fala no norte sobre as pessoas com aparência de rico.

Todo esse tempo passado (ou presente)? Ainda existe muita gente querendo ser branca. Prova de que pouca coisa mudou quanto ao tratamento diferenciado entre negros e brancos. O negro, para ter o seu espaço respeitado, precisa brigar, lutar e provar que é bom no que sabe fazer, mesmo assim, volta e meia encontra alguém para tentar diminui-lo, mostrando que por conta da sua tez é menos inteligente, incapaz, muitas vezes também acaba como o “bode expiatório” para vários maus- caracteres espalhados por esse mundo.

Não quero falar de outro país, falo apenas do nosso querido Brasil, tão fustigado por governantes corruptos, falsos moralistas, políticos profissionais que não buscam fazer cumprir as leis para ajudar a maioria (que é pobre e negra).

Ainda hoje, caso alguém grite: - Pega, ladrão, se correr um negro e um branco, sem sombra de dúvida o negro é que será detido, terá que se explicar direitinho, mesmo sendo trabalhador, correndo o risco de receber vários adjetivos entre esses, o mais suave é “safado”, enquanto o branco se evade.

Precisamos fazer a nossa parte. Aos negros: Não sentir vergonha de sê-los, cor linda, com brilho próprio, uniforme, e aos que se dizem “brancos” (no Brasil)?? Reconhecer que superior à “cor da pele” é valorizar os caracteres das pessoas em detrimento a qualquer outra coisa, todos precisamos quebrar os pré-conceitos ou preconceitos (como conceituar algo que nem conhecemos)?

E, se me perguntarem: O quero ser quando voltar a ser criança, responderei: - Quero continuar a ser feliz, mesmo que tentem me tirar a felicidade, não vão conseguir, ela está entranhada em mim como o sangue que corre em minhas veias, o fôlego de vida, a minha fé em Deus e a determinação de seguir sempre em frente.

Sou no Norte, mistura de branco, negro e indígena (Caiapó), tenho nariz de tomada, olhos puxados (parecidos com os dos asiáticos), sou mulata, (mãe branca e pai negro), sou cafusa (pai negro, avó índia), sou mulher de cor trigueira, faceira morena, sou feliz e BRASILEIRA.

Vale a pena conhecer e fazer valer:

Lei nº 7.716/89, de 5 de janeiro de 1989 – Presidência da República

Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.