POR FALTA D´ÁGUA

O Jornal Nacional noticiou e mostrou, em 16/07/2012, poços artesianos jorrando água, inutilmente, no Piauí, água capaz de matar a sede e de sustentar cidades, enquanto ali pertinho, uma cidadezinha vive a desgraça irresponsável da falta dela. A água jorra desse poço e de outros mais, há anos, sendo aproveitada por grandes proprietários de terras para satisfazer seus animais e encher suas piscinas.Aqui, no norte de Minas, a mesma falta d´água todos os anos e a mesma impiedade e perversidade dos senhores da política e do poder iludindo a esses miseráveis com promessas, jamais cumpridas após a eleição nas urnas para mamar, eternamente, nos recursos que poderiam salvar vidas!

Se o grande poeta de Navios Negreiros estivesse, hoje, entre nós vendo esse “sonho dantesco”, essa realidade perversa mudaria, certamente, a estrofe “Senhor Deus dos desgraçados, dizei-me vós, Senhor Deus, se é mentira, se é verdade tanto horror perante os céus?” para terríveis, irrepetíveis e impronunciáveis imprecações!

E não há no País ninguém, suficientemente responsável e indignado, para fazer algo por esses desgraçados nordestinos! Estamos todos apalermados, insensíveis e teleguiados por apelos frívolos e inconseqüentes do tipo “ai, se eu te pego” ou, “tou pegando, tou pegando, tou pegando” , ou quando não, esbaldando-nos como porcos, no lamaçal de programas televisivos do tipo Big Brother Brasil onde os “heróis ou heroínas” dão a crianças, adolescentes, jovens e a adultos lições esmeradas de como excluir pessoas usando e abusando do erotismo indecente e desmedido. De igual forma, programas do tipo A Fazenda recheada, literalmente, de vacas, porcos e touros anabolizados ou recheados de botox tenta, desesperadamente, superar o BBB na sem-vergonhice e na chulice, tudo por dinheiro que a tudo justifica. Temos, ainda, para somar a essa gama de “ensinamentos magistrais”, as lutas de MMA e UFC para ensinar a crianças, adolescentes e jovens que é normal espancar alguém, cruelmente, até sangrar e que o mais forte tem que esmagar o mais fraco, sempre e exemplarmente.

Mas, isto se torna mais que necessário a uma sociedade que vive num mundo tão sereno como a paz que reina nos jardins e muros de um mosteiro, sob pena de morrermos de tédio!

É preciso viver a emoção do sexo desmedido e sujo, o transe irresponsável e perverso de matarmos fetos indefesos e a emoção inaudita do esmagar, do suplantar, do castigar,de fazer o sangue jorrar em borbotões, a exemplo do Coliseu romano...

Assim,com a mesma arrogância dos romanos, afrontam os céus brandindo os punhos e erguendo a voz num asqueroso e insultante grito “que esse sangue da impureza e da maldade, caia sobre nós e sobre nossos filhos”.

Autor:João Batista Gomes Maia

Em 16/07/2012