MEDICINA NÃO SE FAZ SÓ COM MÉDICOS.HÁ CENTENAS DE ESPECIALIDADES DE SUPORTE

Não sou médico, como sabem, mas entendo de médicos; o que vocês talvez não saibam. Isso porque tenho convivido com eles nesses últimos anos como jamais imaginei. Foram dezenas deles, de várias especialidades, até chegar naqueles seis que cuidam das doenças que tenho. São eles que me mantêm vivo.

Mas o simples fato de ser médico não quer dizer “pronto estou salvo!” Às vezes não dá certo. Além disso, existem maus médicos; incompetentes, grosseiros, presunçosos, vigaristas, aproveitadores e todos eles muito caros e corporativistas, sem exceção, nos mandando fazer exames caros e nos receitando medicamentos igualmente caros.Portanto o debate não dever ser apenas o de trazer médicos do exterior.è preciso uma reformulação em todo o sistema de saúde, seja ela pública ou privada. A questão não só sobre médicos mas,sobretudo, medicina.

Aqui “nescçepaissz” é assim. E em todos os outros, mundo a fora também; uns piores e outros melhores. Medicina é coisa cara seja lá quem pague; seja pública ou particular.

Pois o neurônio solitário resolveu, mais uma vez agir sem consultar quem entende do assunto, como fez com ideia estrábica do plebiscito. Venham de onde vierem esses médicos há que se considerar alguns aspectos dessa decisão jerica. Um médico cubano (dizem que não são lá essas coisas) ou um médico formado em Boston (dizem que é um centro de excelência mundial) se não entender o que o paciente fala tentando explicar o que aflige e se ele não conseguir entender e não souber se expressar em nossa língua causará uma fantástica confusão. Se não entendemos os garranchos que eles fazem num receituários, em português, imagino como será em outro idioma. Pior, em portunhol, em portinglês, ou em dilmês tardio précabralino.

Imagino um médico, digamos altamente competente, ”humanitário”, dedicado, desses do tipo “Médicos sem Fronteira”, sem pretensão de ficar rico em 5/6 anos; daqueles que olham nos olhos dos pacientes e que conversam com gentileza e educadamente, pois estão sendo pagos pra isso – não ao estilo “mim Gênio you Burro”, “mim Tarzan you Jane”, e sendo igualmente pago. Imagino esse médico, se é que ele existe, atendendo num consultório onde mal cabe uma mesinha e duas cadeiras, branca de metal e enferrujadas, numa cidade sem laboratório de exames clínicos, sem clínicas de imagem que lhe dê suporte para um bom diagnóstico, sem farmácia com remédios eficazes às doenças dos pacientes, além de analgésicos, anti-inflamatórios, mercúrio, “bandeide”, sabonete, pirulito, e outras guloseimas e perfumarias. Sem um hospital minimamente aparelhado e com médicos, enfermeiras, técnicos em radiologia, imagem, ultrassom, quimioterapia, radioterapia e uma centena de outras tecnologias.

Junte essas possibilidades e teremos uma tragédia ainda maior do que a que já é nosso sistema de saúde, seja ela pública ou privada. Com sorte, se é que isso também existe e com raras exceções, ainda dá pra ir “escapando”.

Obrigar os alunos formados médicos depois de seis anos a trabalhar no SUS mais dois anos, para só depois ter que prestar um exame para receber o CRM, como quer o governo lulopetista, é um plano que nem Médici e Geisel teriam coragem de conceber. Uma humilhação que parece ter sido parida no extinto DOI/CODI.

Segue uma carta aberta que recebi. É de um médico gaúcho e acredito que seja verdadeira de autoria. Mas se não for, não há como negar, ela só contém verdades.

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Excelentíssima Sra. Presidente da República Dilma Rousseff,

Permita-me a apresentação: na minha opinião, eu sou um médico, na sua, um “trabalhador da saúde”. Na minha opinião, medicina é cuidar de pessoas doentes, na sua, é fazer “transformação social”. Eu penso em salvar vidas, a senhora em ganhar votos. Como podemos ver, a senhora e eu não temos muito em comum à primeira vista, mas existem na minha vida alguns fatos que a senhora desconhece.

Assim como a senhora, eu já fui marxista – e dos fanáticos! Brigava com colegas da faculdade no final dos 80 e início dos anos 90 para ver seu projeto de poder realizado. Caminhei ao lado daquele seu amigo que gosta de uma cachacinha e costuma ser fotografado com livros de cabeça para baixo. Conversei pessoalmente com o “poeta do sêmen derramado” que agora governa o Rio Grande do Sul.

Não tinha idéia correta daquilo que havia acontecido no Brasil entre 1964 e 1985. Imaginava, como a senhora quer fazer parecer até hoje, que tudo estava indo bem até que militares malvados que não tinham nada para fazer decidiram, com ajuda dos americanos, derrubar o governo brasileiro.

Eu só me dei conta, presidente, de quem Lula, a senhora e seu partido-religião representavam quando comecei a trabalhar com a gente de vocês aqui em Porto Alegre a partir de 98. Duvido que eu estivesse mal-preparado, sabe? Eu já tinha feito 6 anos de faculdade, um ano de residência em pediatria, um de medicina interna e dois de cardiologia. Gostaria que a senhora visse em que lugar seus “cumpanheros” aqui dos pampas me colocaram para trabalhar...

Imagino a senhora doente naquelas condições de segurança, higiene, espaço e administração que a ralé do PT do Rio Grande do Sul nos ofereceu. A senhora tem idéia de como deve se sentir um médico ao ter seu estágio probatório avaliado por técnicos de enfermagem? A senhora sabe o que é receber, depois de tudo que se estudou na vida, ordens de enfermeiras, presidente? Em nome de quê? Em nome de um delírio chamado “democratização da gestão”? Em nome de um absurdo chamado “controle social”?

A senhora tem alguma noção de quantas pessoas eu vi morrerem depois que esse seu partido de assassinos e mensaleiros terminaram com o resto da rede hospitalar brasileira “aparelhando” a gestão dela com uma legião de analfabetos, recalcados, alcoólatras e incompetentes, que por oferecer uma parte de seu salário ao PT, passaram a dar ordens a homens e mulheres com capacidade de salvar vidas?

Mas por favor, não fique ofendida comigo, presidente, de certa forma essa carta é um agradecimento, sabe? Formado há quase 20 anos, eu nunca havia visto os médicos brasileiros tão unidos quanto agora. É mais um mérito seu e desse seu partido: promover a maior humilhação que os médicos de um país sofreram até hoje! A senhora não tem vergonha de apelar para uma ditadura bananeira, um país que mata, tortura, prende e vigia seus próprios cidadãos, para fornecer médicos para o SEU próprio povo?

A senhora é brasileira, ou não, presidente Dilma? Se não tem vergonha da medicina do seu país, tenha pelo menos do seu povo! A senhora nasceu aqui e a primeira pessoa que lhe viu foi provavelmente um médico do Brasil. Provavelmente vai ser algum colega, intensivista como sou hoje, quem vai estar ao seu lado no último momento e mesmo assim a senhora quer chamar médicos cubanos para enganar nossa gente pobre e doente a ponto de garantir sua reeleição?

Quem lhe deu esse conselho, presidente Dilma? Identifique por favor, um por um, os médicos que lhe cercam e sugeriram semelhante idéia! A senhora e eu já conhecemos alguns, não é? Vamos apresentar os demais ao Conselho Federal de Medicina, ou não?

Presidente Dilma, até bandidos e prostitutas se ofendem quando tem seu território e ganha pão ameaçados. Nós somos médicos, nós salvamos vidas e não vamos permitir que uma profissão cuja origem se perde no tempo seja levada ao fundo do poço por um partido como o da senhora com o argumento de que estamos sendo corporativistas e o Brasil está sem médicos.

Deus lhe proteja na batalha que vai enfrentar conosco, presidente. Se a senhora for ferida vai precisar ser atendida por um médico – e eu duvido muito que ele fale português.

Porto Alegre, 2 de julho de 2013

Milton Simon Pires é médico (CREMERS 20.958).

CESAR CABRAL
Enviado por CESAR CABRAL em 21/07/2013
Reeditado em 27/07/2013
Código do texto: T4397124
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