Abaixo a Ditadura

Está certo que o 31 de Março de 1964 nos garantiu permanecer, "de certa forma" fora dos Paredóns (Paredón – símbolo da execução de milhares de pessoas por fuzilamento durante o comunismo, em especial em Cuba) e de todos os genocídios cometidos em nome do socialismo e do comunismo. Que somam mais de 100 milhões de pessoas que perderam a vida, sem contar inúmeros povos que perderam a liberdade ou necessitaram realizar a sua diáspora. Mas como em qualquer ditadura, a de 1964 cometeu sim muitos abusos, muita violência e várias modalidades (cruéis e violenta) de torturas e assassinatos.

* A questão de alguns anos atrás, o Coronel reformado do Exército, ex-governador do Pará, ex-senador por três mandatos, ex-ministro dos governos dos presidentes Arthur da Costa e Silva (Trabalho), Emílio Médici (Educação), João Figueiredo (Previdência) e Fernando Collor de Mello (Justiça), Jarbas Passarinho nos presenteou com uma brilhante análise do 31 de Março de 1964.

No artigo ele inicialmente citava o "imortal" Roberto Campos, que repetindo Barbara Tuchman, citou do poeta Coleridge: "A paixão cega nossos olhos, e a luz que a experiência nos dá é a de uma lanterna na popa, que ilumina, apenas, as ondas que deixamos para trás."

Creio que a partir desta frase surgiu o título de um de seus livros: "A Lanterna na Popa" (Editora Topbooks, 1994). Um livro que deveria ser leitura obrigatória de todos brasileiros e principalmente, de todos políticos brasileiros.

Auto-indulgente (e inconvincente), lastimou 'não ter inteligência e profundidade para erguer um farol que lançasse um facho de luz para as futuras gerações'. Para os marinheiros, 'a lanterna na popa não ilumina só as águas à popa; orienta os barcos que a seguem'.

Escrevia Jarbas Passarinho: "Assim, considero Março de 1964 um facho de luz que ilumina o passado para evitar repetir os erros cometidos. Integristas, numa visão facciosa, uns nele tudo só vêem de mau; os outros, tudo só de bom. Não terá sido revolução, para os leninistas, que apenas a admitem para 'a gloriosa Revolução de Outubro de 1917'. Também não terá sido a 'Revolução redentora denominada por não poucos que a ela aderiram depois de 1º de abril. Foi - questões de lana-caprina à parte - um golpe de Estado que preveniu um autogolpe em marcha acelerada."

Da análise feita por Jarbas Passarinho, ele concluiu que o saldo lhe parecia indesmentivelmente favorável no que tange ao desempenho da economia no período autoritário e irrecusavelmente deficiente no alto preço das mutilações das liberdades fundamentais, um imperativo no início e, posteriormente, um estimulador da insensatez, pelo excesso do poder e pelo longo tempo consumido até a anistia. Lição da maior significação está em outra insensatez: a da luta armada da esquerda, numa correlação de forças enormemente desfavorável, da qual Prestes disse acertadamente só ter tido um efeito: o de prolongar no tempo o regime autoritário.

Mas no meu entender o 31 de Março de 1964 foi importante para a sociedade brasileira, evitou-se o pior, mas foi um fracasso, pois permitiu que uma pandilha despreparada esteja hoje no COMANDO da NAÇÃO, a começar pelo do atual "ocupante" dos Palácios da Alvorada e do Planalto. *

O General Ernesto Geisel (1974-1979) sofreu forte influência com a presença do Gen. Euclides Figueiredo para a indicação de seu irmão para ser o presidente. Nas questões políticas de redemocratização do país, o maior erro de Geisel foi a lamentável escolha do General João Batista Figueiredo (1979-1985) para o próximo presidente, derrotando o competente e mais preparado General Euler Bentes Monteiro.

O homem escolhido para conduzir o país a democracia disse, logo no primeiro ano de seu governo, na cidade de Bauru-SP, numa feira agropecuária, que preferia o cheiro de cavalo ao do povo.

O truculento, atrapalhado, confuso e mal preparado Figueiredo que era contrário a idéia do alto comando militar de colocar o país nos trilhos democráticos, só não passou para a história como o maior ditador sanguinário porque o plano do rio-centro deu errado.

Nas festividades do primeiro de maio, no Rio, em 1981, o Show com vários artistas da MPB quase que foi palco de uma tragédia. Arquitetou-se um plano em que se colocaria a culpa nas ações terroristas, forças essas que estavam totalmente enfraquecidas com as ascensões das manifestações sindicais em vias e praças públicas.

Fecharam todos os portões do estacionamento do rio-centro e uma bomba explodiria na subestação geradora de energia elétrica para o show. Na escuridão, a única saída seria a que levava ao estacionamento e nesse local explodiriam outras bombas. Felizmente, a operação de matança de milhares de homens, mulheres e jovens só não teve sucesso porque uma bomba explodiu no colo de um militar que a transportava num carro Puma.

Figueiredo cada vez mais se perdia nas crises e no seu período quase que não houve um planejamento para entregar o país a democracia. Numa esperta manobra daquele que apoiava a ditadura, o dono do Maranhão (Sarney) e, por obra do destino, esse foi proclamado como o presidente civil da República Federativa do Brasil, pondo fim ao período militar.

A Democracia é o sistema (regime) de organização social que não tem poder de evolução, ela tanto pode ajudar a prosperar ou arruinar uma nação.

O que se procura na Democracia é que as pessoas vivam num ambiente de maneira democrática, gerando assim, soluções ao aperfeiçoamento dos aparelhos, instrumentos e recursos a aplicação ao bem estar do cidadão.

No Brasil não houve um período de transição para a democracia tal como houve no Chile. Os militares da Revolução de 1964 entregaram o país a uma democracia que por eles foram muito mal planejada e seguiu-se pior ainda na forma que foi e está sendo conduzida.

Estamos vivendo agora numa pior ditadura, essa disfarçada de democracia.

O povo finge ter direitos e o governo de cumprir seus deveres.

Candidatos de vários níveis disputam cargos de níveis variados, declamando problemas que não pretende resolver, além de outros que criarão.

Desemprego, violência, crise política e social são conseqüência da falta de democracia em que vivemos. Apesar de terem os militares voltados aos quartéis há mais de vinte anos, continuamos sob a ditadura “civil”. Os ares de liberdade que respiramos trazem algumas névoas estranhas. Currais eleitorais, Congresso omisso, instituições totalmente desacreditadas, o corporativismo fascista dos sindicatos abrigados nos partidos repartidos e partidos, e também, a mais completa ausência de justiça, em que o direito é privilégio de quem detém o poder econômico (políticos, sonegadores, máfias, tráfico e etc.).

É possível haver democracia onde os crimes cometidos ficam impunes porque a “inocência” é comprada? É possível falar de liberdade sem a existência de um padrão ético mínimo? Se a democracia é uma forma de governo na qual o poder emana do povo, por que é imposta?

Hoje, mudou a forma ou convivemos ainda o ir e vir nos ditos tais dos "anos de chumbo"?

Mortes e torturas não estão mais nos porões, estão nas ruas, nas esquinas, nos campos, nos sinais das avenidas, nas filas dos hospitais e da previdência.

O certo é que assistimos reuniões de bandidos nas esquinas das roças e nos alqueires urbanos, como: nos sinais de trânsito; nos arrastões das praias e nas portas das escolas; infiltrados em partidos político, imprensa, sindicatos, bancos, igrejas; nas armas, nas togas, na mídia, nos movimentos.

A Pena de Morte já, há tempos, que foi decretada a população brasileira, ao trabalhador e ordeiro brasileiro pagador de impostos. Se o cidadão ainda não percebeu, basta abrir qualquer jornal, que diariamente noticia os atos de criminosa bandidagem cometido ao cidadão brasileiro.

Nos últimos tempos, com o crescimento assustador da impunidade para os crimes desses “criminosos”, estes lograram uma posição para a compreensão do povo. E aí, vivemos nesse Estado de Conformismo diante da DESORDEM.

Neste país, não há Ordem e muito menos Autoridade.

Nota-se que as palavras mais desprezíveis entre a classe política é autoritarismo e autoridade. Não se devia confundir autoritarismo com autoridade, portanto, a sociedade deveria ter autoridade e prática de normas muito impositivas, em que, exigisse da classe política o comportamento ético adequado, onde se limitaria a liberdade de fazer o que bem se entende com os bens e recursos públicos. Quando se acentua a liberdade ao máximo, perde-se o comportamento ético. A forma democrática mais grave que existe é a consciência errada da liberdade absoluta, cultivando ações muito perigosas da liberdade sem limites, gerando crimes e lesando de maneira mais danosa o conteúdo democrático.

Não há nada melhor em uma sociedade do que o conceito democrático, porém, a Democracia é muito mais do que administrar conflitos de interesses diversos.

O que esses pós-ditadura fizeram e estão fazendo com a Educação, Saúde, Segurança e com a Previdência.... Considero como o maior de todos os crimes.

Pela democracia, simples, sem conjecturas, gostaria ver um dia, que o brasileiro fosse motivo de orgulho e não apenas um habitante de uma terra de ninguém.

Substituíram o ciVismo pelo ciNismo e Infelizmente, não há motivação do povo como houve de meus antepassados de São Paulo que doaram ouro e se ergueram em armas pelo Movimento Constitucionalista.

As conquistas do povo virá quando o poder e o sistema começarem a sentir suas ações.

Creio que nas últimas eleições perdemos a grande chance para um começo de um Grito de Basta.

Se pelo menos uma parte de eleitores tivessem queimado o Título de Eleitor em praça pública, o sistema, o poder e a Desordem perceberiam então que o POVO finalmente começara a ACORDAR

Quem sabe um dia... Nunca mais ditadura no Brasil.

Muito menos viver nessa que aí está, disfarçada de democracia.

"Abaixo a Ditadura".

Mas...

No país das contradições. E também no país dos "dois pesos e duas medidas". A ditadura Vargas e a Revolução de 1964 são os melhores exemplos históricos. Tão perversa quanto a violência desenfreada de 64, foi a truculência política da era Vargas.

Lamentavelmente, a triste história política do Brasil no século XX não tem na Revolução de 1964 sua única nódoa. Há outras piores e mais graves, mas que deixaram de ser lembradas numa reação que tem várias explicações.

Em 2004, ano em que se registrou os 50 anos do suicídio de Getúlio Vargas, deveria ter iniciado uma campanha pelo banimento do seu nome de todas as ruas, avenidas, praças e locais públicos.

Foi ele um caudilho sanguinário que deveria merecer degradação, como qualquer ditador. Ou, então, por uma questão de justiça, comecemos, insistentemente, a homenagear os militares "linha dura" de 1964. Afinal, foram eles muito mais civilizados do que o ditador Vargas e seus sectários.

* Retirado dos artigos de Gerhard Erich Böhme