SARNEY E WILSON, DUAS IMAGENS DE MARANHENSES.

Por Francinaldo Morais (*)

Nos últimos trinta dias, duas imagens do Maranhão foram mostradas em cadeia nacional através de condutas de maranhenses. As duas expressam verdades ligadas a dois tipos humanos conhecidos de todos nós. Um tipo, o político malandro à da Matta, é aquele que consegue fazer da política um meio de enriquecer com a família e apadrinhados, perseguir inimigos e condenar o povo às várias formas de misérias humanas. O outro tipo, o trabalhador honesto, é aquele que com determinação e fé consegue perseverar e aproveitar uma daquelas raras oportunidades de licitamente poder amparar toda sua família.

A primeira ocorreu no Rock in Rio, no dia 24.09.11 (sábado), e vai ficar para história como mais uma daquelas situações em meio a qual os maranhenses que as vivenciassem tratariam de negar pelo menos três vezes a terra natal. Nesta, o líder da banda de rock brasiliense Capital Inicial, o curitibano Edinho Ouro Preto (1964-), antes de cantar a música Que país é esse?, da banda Legião Urbana, anunciou que a dedicaria “ao maior corrupto do país, o senador maranhense José Sarney”. Como expressão de apoio a Dinho, as mais de cem mil pessoas presentes, entre elas muitos maranhenses, gritaram a frase: “Sarney vá tomar no c…” (Vide Youtube).

A segunda ocorreu hoje, 01.10.11 (sábado), e teve como protagonistas, de um lado, o paulista Luciano Grostein Huck (1971-), do programa de TV Caldeirão do Huck, quadro Mandando Bem; do outro, o maranhense de Caxias, José Wilson. Nascido no interior do município de Caxias, o produtor musical José Wilson, 39 anos, é casado, mais não vive com a mulher, tem dois filhos, mora no bairro Mutirão, onde tem um modesto estúdio de gravação, e trabalha com artistas locais como José Adelmo, Jakson Douglas, Rayla, entre outros. Após enviar uma carta ao programa de Luciano, foi sorteado e fez bonito com sua simplicidade, sinceridade e honestidade.

Nos vários momentos em que foi abordado no Rio de Janeiro por artistas e técnicos (Som Livre, Radio Globo, TV Globo), dominado pela emoção e pelas marcas da sua vida simples, repetia: – Nooossa! Ou, – Cara, que bom! Luciano, por sua vez, concluiu: – Obrigado, Wilson, por sua carta, sua história e seu exemplo!

Os caxienses, neste sábado emocionante, em que tivemos a oportunidade de nos vermos através de uma pessoa, cuja trajetória de vida se assemelha às trajetórias da maioria de todos nós, tratamos de chegar cedo às nossas casas para acessar o Caldeirão. Foi vibrante ver o músico Wilson, com sua calma, sua simplicidade e seu ouvido educado pela curiosidade musical, vencer os obstáculos que o quadro do programa apresenta (destaque para as quatro moedas nas mãos das assistentes de palco… achei demais!!).

Lavamos nossas almas caxienses, sujas pelas vezes que foram enlameadas na mídia nacional em matérias como a da “vacina vencida aplicada a diabéticos”, “da merenda estragada servida aos alunos de escola pública”, “das aulas ministradas sob árvores”, “da venda ilegal das ações da CEMAR”, “das agressões físicas do ex-prefeito ‘corajoso’ e dos vereadores a educadores do município” e da “pedofilia praticada por diretor de escola municipal”.

Ao músico e produtor musical José Wilson, que poderá proporcionar às outras regiões do país dizerem: vamos ao Maranhão, lá tem aquele estúdio de gravação cujos primeiros clientes foram a banda paulista Restart (recomeçar) e o cantor alagoano Djavan (o preferido por mim e pela minha esposa Solange Morais), meus votos de felicidades e o pedido de continuar merecendo minhas lágrimas caxienses emocionadas. Ao senador José Ribamar Ferreira Araujo da Costa Sarney (1930-), vergonha nacional, escárnio da mídia do Centro-Sul, a renovação do meu compromisso, como historiador maranhense, de fazer com ele o mesmo que ele fez com o “corsário” escocês Thomas Alexander Cochrane, quando da visita daquele ao túmulo deste na cidade de Londres (Vide Laurentino Gomes, 1822, p. 173 e 185).

_____________________________________

(*) Professor de História, membro do IHGC e acadêmico de Direito.

Francinaldo Morais
Enviado por Francinaldo Morais em 05/11/2013
Código do texto: T4558376
Classificação de conteúdo: seguro