Apresentação,
 A presente comunicação visa apresentar alguns aspectos dos estudos políticos estadunidenses que Tocqueville realizou. Alexis de Tocqueville (29 de Julho de 1805 - 16 de Abril de 1859) foi um pensador político, historiador e escritor francês. Suas principais contribuições estão em pensar a revolução francesa e seus estudos da nação norte americana. Suas investigações forneceram um maciço pensamento sobre a democracia, seus viés e vertentes.
 Nessa breve exposição abordarei os conceitos; liberdade e igualdade.
 
Harmonia entre igualdade e liberdade,
 
 Segundo as investigações de Tocqueville o homem democrático tem maior ardor pela igualdade à liberdade. Embora a liberdade resida dentro da igualdade a igualdade antecede a liberdade. Todos fazem suas contribuições para o governo de igual maneira, assim, se tornam livres porque são todos iguais. Existe uma possibilidade de excessos, porém as pessoas tendo igualdade políticas e estando atentas é pouco provável que se excederão.
 Tocqueville observou que até entre os franceses o desejo pela igualdade estava cada dia mais presente e ardente no coração do povo. E esse amor pela igualdade era mais forte que pela própria liberdade. Assim, começa a investigar as causas desse fato:
 Supõe hipoteticamente que todos os cidadãos tenham igual direito de concorrer ao governo. Isso somente seria possível graças à igualdade e liberdade. Desta forma não existe um que tenha supra direitos em relação aos outros, pois todos possuem liberdade e igualdade cívica. Esse é o ideal que norteiam um povo democrático. Pouco prováveis que os homens tornem se totalmente iguais sem que exista liberdade e em dados momentos a liberdade se confunda com a igualdade, mas existem suas distinções.
  Entre as democracias Tocqueville suspeita que a liberdade e a igualdade sejam distintas. Recorrendo a historicidade da humanidade afirma que os povos de cada época buscaram algo mais ardentemente e de forma obstinada; que é denominado como sendo “pensamento mãe ou uma paixão principal”. E todos os indivíduos se vêem irresistivelmente inclinados a seguirem como um riacho que deságua para o rio, como se não existisse outro bem maior, ficam sedentos ante essa vontade ou desejo impetuoso “e que acaba por atrair para ela e por arrastar no seu curso todos os sentimentos e todas as ideias”.
 A liberdade se apresentou de diferentes formas e maneiras de ser. Ela existiu independente das formas de governo, antes de existir democracia a liberdade existia, podendo ser visto fora dela. Assim embora a liberdade de consciência seja um dos pilares da democracia, não é esse o fator preponderante do povo democrático, o fator distintivo da época democrática. O fator mais expressivo nessa sociedade é “igualdade de condições”. Na democracia a igualdade de condições conforme tem sido discorrido é o que marca esse século. É o desejo ardente, a vontade dominante, que guia e leva os pensamentos e ideias do povo. “O fato particular e dominante que singulariza estes séculos é a igualdade de condições; a paixão principal que agita os homens em tais ocasiões é o amor por essa igualdade” (TOCQUEVILLE, p.346).
  A igualdade de condições constitui o caráter, é aquilo que caracteriza a personalidade do povo democrático. É a sua paixão principal. Esse é o encantamento do povo deste século, seja qual for à motivação, causas ou razões, a igualdade é o que fica plenamente evidente.
 Percorrendo a história os homens preferem a igualdade à liberdade. Um povo para destruir a igualdade nele reinante é algo que não acontece da noite para o dia, seria algo demorado “só chegaria a isso através de penosos e longos esforços”. Pois teria que ocorrer uma ruptura na estrutura social, que implicaria desde a mudança dos costumes as alterações de leis. Quando a liberdade para perdê-la basta não ter os devidos cuidados para conservar que ela se esvairá. Percebe-se que a igualdade exerce um poder muito forte entre os povos, que cria todos os artífices para mantê-la; leis, costumes, hábitos e etc.
 Os homens aferram-se a igualdade visando manter esta o mais duradoura possível, não obstante para sempre. A liberdade se exercida de forma exagerada podendo perturbar a paz e a propriedade na democracia. Os males da liberdade podem ser percebidos rapidamente, os males causados pela igualdade somente em longo prazo e quando percebidos esses poderão fazer parte dos hábitos e passarem despercebidos.
 Os homens não poderiam viver a liberdade política se não conseguissem a igualdade com seus esforços, sacrifícios. A igualdade proporciona prazeres cotidianamente basta que vivamos para senti-la, enquanto que a liberdade causa prazeres apenas de vez enquanto segundo Tocqueville. “A paixão pela igualdade penetra por todos os lados no coração humano, estende-se dentro dele e o enche por completo”. Conforme falado em parágrafos anteriores, o homem é irremediavelmente inclinado a segui-la como se fosse uma paixão cega.
 Os povos democráticos amam a liberdade e lutarão contra aquele que deles tirarem. Mas a igualdade é o motor motriz, é o elemento basilar para a sua existência, é o ser da sua vida. E concluirei esse tópico com as palavras de Tocqueville: “O povo democrático (...) tem pela igualdade uma paixão ardente, insaciável, eterna, invencível; desejam a liberdade dentro da igualdade, e, se não a podem obter, ainda a desejam na escravidão. Suportarão a pobreza, a servidão, a barbárie, mas não suportarão a aristocracia” (TOCQUEVILLE, p.347).
 
Considerações finais,
 
A liberdade e igualdade são peças chaves para a construção de uma democracia, embora exista na democracia de forma deformada. A igualdade atribui direitos iguais de participação na esfera pública por todos, e a liberdade é intrínseca a igualdade, sendo iguais, os indivíduos possuem liberdade de participação na esfera pública, assim como na particular. O privado não é excluído, mas deve ser visto como um interesse que se realiza no todo, faz parte do coletivo.


A liberdade guiando o povo é um quadro do francês Eugène Delacroix, em homenagem às Revoluções de 1830.