Sobre passeatas oportunistas, regimes autoritários de esquerda e direita, nacionalistas e camaleões - o melhor caminho, na política, é exatamente o mais difícil...

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Sobre passeatas oportunistas, regimes autoritários de esquerda e direita, nacionalistas e camaleões - o melhor caminho, na política, é exatamente o mais difícil...

Fascistas, comunistas (e sua desinência, os esquerdistas) e nacionalistas e camaleões: o negócio é fugir deles todos e apostar na democracia representativa e o que ela representa de progresso para a humanidade.

As grotescas aventuras dos fascistas e comunistas sempre acabaram quando acabou a capacidade de confiscar riquezas do povo para financiar seus sonhos loucos e seus governos assassinos.

Costuma-se associar os governos de regimes militarizados do Brasil com o fascismo, mas isto é fruto de um atroz desconhecimento da história ou de uma vontade dirigida, com fins políticos.

A respeito, diga-se que, o regime republicano brasileiro é fruto da intervenção diretas dos militares, que pelo menos até as primeiras décadas do século passado, o tutelou. Mas, as intervenções na política e no governo ocorridos depois tem ligação direta da participação do exército brasileiro na segunda guerra mundial, após combaterem duramente na Itália, dominado por um regime fascista - na volta, os militares criaram a Escola Superior de Guerra, que selava o seu compromisso com a defesa, para além do regime republicano, com a democracia representativa, com base na doutrina do general Goes de Monteiro.

O nacionalismo, como ideologia, também nunca leva a bons resultados: os nacionalistas tendem a ufanar demasiadamente as qualidades do país e tendem a desenvolver políticas que o imaginam uma autarquia, isto é, capaz de desenvolver-se sem colaboração, trocas ou ajuda externa, o que resulta, quase sempre, na criação de um ambiente econômico sem competição, que afasta a busca pela qualidade e melhoria e, por outro lado, deixa o governo livre para os exceções nas taxações e impostos.

E o nacionalismo não é uma ideologia que fale por si, e por isto adere aos mais diversos projetos de poder, de inspirações liberal, socialista, democrático ou autoritário, o que fica evidente no exame da história recente da América latina, onde invocaram o nacionalismo os governos peronistas, Vargas, chavistas e os governos presididos por militares.

Costuma-se conceituar no Brasil o espectro político em duas colorações principais e uma secundária: direita, esquerda e centro. Mas, esta é uma definição falsa e sem sentido, considero o teor ideológico e as bandeiras políticas ocidentais. Dentro do espectro do que chamam direita, costumam juntar ultraconservadores (sem lugar ou possibilidades de conquista de poder, no mundo atual), conservadores, liberais e ultra-liberais. E no saco de gatos do que chamam "esquerda", conseguem juntar sociais-democratas, socialistas, comunistas e comunistas radicais.

Em um caso e outro, na estrutura partidária brasileira e latina, muitos partidos tentam escamotear sua verdadeira coloração ideológica por simples oportunismo e malandragem - exemplo: o Democratas, composto majoritariamente de liberais e, o Partido dos Trabalhadores, que é uma mistura de comunismo clássico e esquerdismo. Costumam dizer que existem partidos de "centro", mas para mim, tal definição não tem sentido e talvez mal e mal, expliquem os casos de partidos políticos que se afastam da discussão ideológica em favor de seus objetivos fisiológicos - neste caso, o exemplo mais acabado no Brasil é o PMDB.

Para impor seus projetos de poder, fascistas e comunistas mataram a rodo, sendo historicamente sabido que a sanha pela matança dos comunistas superou de longe a dos fascistas - tudo isto para fracassar depois, envenenados pela própria sede, deixando nações e países para ser reconstruídos pela população sobrevivente.

Alguns desses regimes conseguiram achar a saída para o inferno de seus governos autoritários e dirigistas, através da abertura econômica - o que não significa que seu projeto de poder não tenha mandado milhões, dezenas de milhões de inocentes ou injustiçadas para a cova e não continue fazendo vítimas e impor pesados ônus ao que sonham com as liberdades civis que temos...

No ano passado, fui numa passeata incrível, na companhia de um filho, um sobrinho e o presidente do meu sindicato - mas o meu espírito, como da maioria que estava ali, era de mostrar o rosto do desejo de mudança, através do combate às lástimas que impedem o nosso pleno desenvolvimento.

Mas, se me vierem falar de passeatas de fascistas, eu digo sem nenhum temor, que em muitas das passeatas que precederam as mirradas passeatas de hoje, eu vi muitos deles botando pra berrar e quebrar, sob as mais ditosas vestes e fins.

Eu defendo a democracia representativa e as liberdades públicas sem a qual um homem não vive com dignidade, pois só elas viabilizaram o desenvolvimento e a pujança que o ocidente viveu e vai contaminando todo o mundo ao redor.

Cultuar ao passado não leva a nada. Usar da violência para defender qualquer ponto de vista, opinião ou projeto político de classe ou grupo, também não. Achar que governos autoritários podem resolver problemas que nós criamos com a eleição de nossos representantes políticos através do voto, é de um oportunismo cretino e vil.

Nós, voluntariamente ou não, é que produzimos este lixo para nadar no lodo. Cabe a nós, fazer a limpeza, através dos meios corretos, voto e justiça.

O Brasil só muda, se o eleitor e contribuinte assumirem o compromisso a mudança e com o futuro.

E, pelo menos em parte, foi isto que faltou, na quadra em que o Brasil mergulhou numa crise que levou ao golpe e ao regime militar de meados do século passado, que a muito custo foi superado e, que, estranhamente, muita gente pede que volte, de maneira inopinada e preguiçosa, contaminada por um saudosismo pueril.

E é isto que deveria estar sendo feito agora, enquanto governo, economia, política, costumes políticos segurança, a escola e a saúde pública vão colocando, outra vez, o país numa marcha lenta e barulhenta rumo ao abismo.