Os BRICS e a Conjuntura Mundial - 1ª Parte

Em 1964, a possibilidade de o Brasil adquirir maior autonomia foi impedida pelo grande capital. Que tornou possível a trágica aventura iniciada em 31 de março, com embrião gestado na Casa Branca, EUA, nos idos de 1961.

Hoje, foi criado o Conselho de Segurança da América do Sul, formado pelos ministros das forças armadas dos países da região, com o objetivo de garantir a soberania dos recursos naturais dessas nações.

Durante 40 anos, a Venezuela foi o maior exportador de petróleo do mundo. Nessa época, seus ganhos com a exportação desse produto não tinham a importância atual. Quando 60% do petróleo exportado fica hoje na Venezuela. O que tornou possível o fato de a educação primária, secundária e universitária estarem ao alcance de 87% dos venezuelanos.

O grupo de países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vem assumindo grande importância na constituição de um mercado multipolar mundial. A ponto de atrair a Alemanha e o Caribe, região que já foi considerada como de domínio americano absoluto.

Dentre os países que integram os BRICS destaca-se a China pelos índices de crescimento que vem apresentando, não só sob o ponto de vista econômico, mas também tecnológico. Atualmente a única estação orbital em funcionamento é a chinesa.

O Brasil continua sendo um dos maiores fornecedores de produtos estratégicos mundiais, não só os tradicionais, como ferro, manganês, bauxita, mas também os mais novos, como o nióbio e o lítio. Essa capacidade de oferta chega a 90%, no caso dos produtos estratégicos tradicionais e do nióbio.

Não só entre os países que compõem o BRICS, mas em escala mundial, as negociações devem se realizar de estado para estado, e não envolvendo empresas. É exatamente isso o que os chineses desejam. O que vai possibilitar que o Brasil tenha melhor gerenciamento de suas riquezas econômicas.

O advento dos BRICS possibilita uma aproximação geopolítica e política entre seus integrantes, o que torna possível a exclusão do mundo unipolar no comando da economia mundial. Ou seja, impede que uma só potência tenha o controle do mercado mundial. Fazendo com que esse controle se dê de forma multipolar. Posição que já começa a se refletir na ONU.

Fator de relevância entre os países integrantes dos BRICS são os pontos em comum existentes entre esses países. A Índia e a África do Sul, por exemplo, são regiões muito próximas do Brasil sob o ponto de vista ecológico. Embora nem todos saibam, a manga não é brasileira. Veio da Índia para cá. Madeira de lei, que já tivemos em abundância, tem de sobra na África do Sul.

Conforme já dissemos, a força do grupo dos BRICS depende em grande parte da China. Sem a China os BRICS teriam menos 20% do seu potencial. A China vem apresentando há 30 anos uma taxa de crescimento da ordem de 10%. O que vai permitir que ela se torne, dentro de pouco tempo, na maior potência do planeta, sendo mantido esse nível de crescimento.

A Inglaterra demorou 150 anos para se tornar a potência preponderante no mundo. Os EUA demoraram 100 anos. Em 2013, a China alcançou o PIB americano. Crescendo a cerca de 7,5% ao ano, enquanto os EUA crescem a 1,5-2% em média, a China em 10 anos conseguirá dobrar o PIB americano, a persistirem os atuais níveis de crescimento dos chineses. Um crescimento acentuado de que nunca se teve notícia.

(fonte: Palestra do Prof. Theotônio dos Santos na ABI, 11/08/2014)

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 12/08/2014
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