Um Novo Conceito Sobre Política

A política deveria ser a arte da gestão da coisa pública; um sistema de regras relacionado à direção dos negócios, a arte de bem governar. Ao invés disso, tornou-se a de chegar ao poder. O ilusionismo fantasioso projetado pelos aspirantes ao poder contrasta com o marasmo e a inércia depois de consegui-lo.

E o assunto se repete através dos tempos: o eleito nada tem a ver com o humilde candidato, que prometia o impossível e se arrogava à condição de salvador da pátria, redentor milagreiro e solucionador das causas perdidas. O candidato, depois de eleito, continua se comportando como tal; a menos de um novo ar de suficiência vaidosa; os próprios amigos e parentes chegam a estranhar.

O poder e a riqueza, indissociáveis da ambição, podem chegar com muita facilidade.

Não podemos nos conformar com a crença de que o voto implique em democracia. O governo do povo deveria representá-lo e servi-lo. Seria o poder constituído fazendo cumprir os anseios populares e a Lei Maior. Educação, saúde, trabalho, segurança e proteção ao meio ambiente deveriam ser os temas que ocupassem a mente do homem público, o de vida privada resolvida, colaborador na construção e aperfeiçoamento de uma Nação, a qual abrigará os nossos descendentes.

A política passou a ser a arte de tergiversar, mentir, iludir, nunca dizer o que realmente se pensa. Os homens de bem têm ojeriza àqueles conluios, e a dramática situação de todos os governos parece nunca terminar. Em algum momento a reversão deverá ser iniciada, e pessoas que não necessitem dela como profissão, meio de sobrevivência, por já terem percorrido uma trajetória, alistar-se-ão numa cruzada de moralidade e seriedade, pois o governo não é nenhum partido ou pessoa, é o povo que haverá de resgatá-lo.

A política assemelha-se às seitas religiosas extremistas, cujos líderes induzem seus seguidores a suicídios coletivos em nome de inconfessáveis ânsias de poder e riqueza, tratando-os como ovelhas ou os ratos do conhecido conto infantil, que se atiram ao mar para uma morte coletiva, encantados pela melodiosa música de um esperto flautista.

Muitas pessoas não gostam de pensar; preferem outras a pensar por elas, e entregam-se, ingenuamente, às mãos de espertalhões, falastrões incontinentes, sempre a posicionar-se nos palcos e diante das câmeras com seu discurso oco e sem sentido.

Muitos políticos parecem atores de telenovela representando papéis que na vida real jamais poderiam desempenhar. Um ator, que nunca cursou uma faculdade, desempenha o de um economista, um administrador, um professor, um gestor público.

Num país onde a raiz de todos os problemas reside na ausência de um sistema educacional eficaz, menosprezar a cultura e a educação é a atitude mais retrógrada pela qual se possa optar.

Os políticos estão por aí, nas empresas, igrejas, associações, sindicatos, em instituições diversas, nos conluios mentirosos, panelinhas deploráveis, sempre a atender seus inconfessáveis sonhos de poder e projeção, a conspirar contra os ingênuos e mentalmente indefesos.

A ambição não olha apenas para a riqueza, aponta, também, para os insanos sonhos de poder subjugar outras pessoas.

Aquelas personalidades são travestidas de simpatia e mansidão, cruéis inquisidores, críticos ácidos de todos os que não se subjuguem aos seus estreitos critérios de anões com arroubos de gigantes.

O espécime político é movido por pensamentos hipócritas, farisaicos, medievais, cruéis. E estes pensamentos devem ser combatidos, pois todos temos um pouco destas manchas em nossas mentes.

Aceitar imposturas passivamente é colaborar com o mal e a escravidão.

E a pior das escravidões é a mental.

Nagib Anderáos Neto

neto.nagib@gmail.com