ARTIGO – Política – O Debate da CNBB – 16.09.2014
 
ARTIGO – Política – O Debate na CNBB – 16.09.2014
 
 
A rigor podemos dizer que o debate entre os presidenciáveis realizado pela Rede Vida de Televisão, sob o patrocínio da CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, realizado à noite de hoje, pode ser analisado como “frio” ou mesmo “gelado”, talvez o mais fraco deles até agora. Entendo que as perguntas formuladas pela patrocinadora, pelos bispos e pelos jornalistas que compõem a rede de católicos, em virtude dos sorteios, foram feitas somente a pessoas sorteadas e não às que seriam indicadas mesmo pra valer. É que em nome da democracia os organizadores deram preferência a esse sistema. O debate só esquentou um pouco quando se abriu aquele quadro de candidato perguntar a candidato. Fora disso, perdeu-se muito mais de uma hora sem qualquer emoção.
            A fervura foi levantada por parte do Pastor Everaldo, quando questionou o candidato Aécio Neves, do PSDB, a propósito da corrupção que impera na PETROBRAS, assim como sobre o famigerado “mensalão”, esse que condenou algumas pessoas que se consideram heróis, tanto que todos levantaram seus punhos ao saberem das penas que lhes foram impostas, assim como quem diz: “Eu sou o tal”. Pois bem, o doutor Aécio chegou a falar que os brasileiros estavam envergonhados e indignados, por exemplo, com o esquema de propina comandado pelo diretor Paulo Fernandes Costa, que se encontra preso por haver manchado o nome da empresa que já foi orgulho para o nosso país (por sinal ele vai depor amanhã na CPMI, mas creio que num esquema confidencial). Chegou até a falar que vinha cobrando da doutora Dilma um pedido de desculpas ao povo brasileiro por tantas irregularidades, de vez que ela é também culpada pelas falcatruas, pelos crimes, de vez que não era possível que tendo sido presidente da nossa petrolífera, ministra da Casa Civil e presidente da república venha alegando que nada sabia a respeito dos escândalos. A mesmíssima desculpa do senhor Lula quanto ao “mensalão”.
            Esse fato levou a nossa ex-guerrilheira a pedir direito de resposta, pois em sendo citada teria direito à regalia. A meu pensar ela não teria direito a coisa alguma, mas os advogados da emissora assim não entenderam. Concedido um minuto pra que desse seu recado – senti até pena dela – não se saiu bem, falando que esse esquema só foi descoberto pela Polícia Federal por conta das facilidades que o governo criou para cumprir seu esquema de corrupção “Zero”. Ora, em sendo verdade essa aberração, tem-se que a nossa valorosa PF estaria desmoralizada, porquanto só atuava com ordens superiores, quando na verdade é de sua obrigação fazê-lo em qualquer situação.
            No mais, uma ou outra resposta da Marina, que mais uma vez se comportou com equilíbrio e educação, sem prometer o céu e nem o inferno para ninguém, mantendo, assim sua postura calma e aparentemente verdadeira. Aqui e acolá uma farpada no governo, todavia sem agressividade.
            O ponto fraco do programa teve como baluarte a candidata Luciana Genro, que também já fora do PT. Quando perguntada pelo Aécio sobre a corrupção nos governos desse partido teve o desplante de responder que o Partido dos Trabalhadores praticamente aprendeu o “mensalão” com o PSDB no caso do ocorrido em Minas Gerais envolvendo o nome do doutor Eduardo Azeredo, numa postura que não caberia a uma mulher inteligente que tem a chance de disputar o mais alto cargo de mando deste inescrupuloso país. Naquela sua fala mansa como quem está com nojo do microfone e de todos por perto, creio que a gaúcha possa ter muito veneno em suas veias.
            Não gostei do esquema formulado pelos organizadores do programa e pelos responsáveis pelos partidos, em face da morosidade e da falta de entusiasmo que predominou por mais de duas horas seguidas, parecendo até que estávamos dentro de um convento, tolhidos de dizer o que se tinha no peito, deixando o brasileiro a ver navio. E em sendo assim as podridões dos governos anteriores e atual não puderam ser amplamente mencionadas. Outra coisa que não considerei pertinente foi o fato de que os entrevistados nem ao menos podiam concluir seu raciocínio, porquanto a palavra lhe era cortada abruptamente. É obrigação de quem entrevista dar o direito à conclusão do pensamento do interlocutor, seja de qualquer partido contra ou a favor do governo.
            Mais uma vez a Rede Globo não agiu corretamente, porquanto colocara o resultado das pesquisas feitas antes do debate, no qual a Dilma vem em primeiro lugar com 36%, a Marina com 30% e o Aécio com 19%. Sim, porque não houve tempo disponível para se fazer qualquer pesquisa na hora ou após esse evento sem graça e sem ingredientes capazes de trazer emoção ao povo nacional, salvo a fraca, discreta atuação da candidata oficial.
            Penso que o doutor Aécio deveria mudar de estratagema, passando a não criticar tanto a Marina e sim a Dilma, até que o panorama pudesse mudar e quem sabe ele ir ao segundo turno com a candidata do PSB, isso como última apelação, eis que não creio que nesse ritmo as intenções de votos mudem a ponto de colocá-lo na segunda parte da disputa.
Meu abraço.
 
Ansilgus.
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 17/09/2014
Reeditado em 18/09/2014
Código do texto: T4965084
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