POLÍTICA, MORAL E GESTÃO

Percebe-se que as pessoas estão divididas perante torcer ou não para o Brasil nesta Copa de 2014. Isso não é tão verdadeiro assim, pois o volitivo racional representa exatamente esse intento, mas o volitivo emocional nunca abandona o ser e, querendo ou não, as pessoas torcerão pelo futebol do Brasil.

Tentando habitar as cercanias da razão, a Copa mostra um País esfacelado em três quesitos: político, moral e de gestão. A Copa não é a causa disso, mas apenas instrumento de revelação dos desatinos continuados.

A questão política aparentemente revela a inoperância de os partidos estarem distantes das demandas do povo. Os partidos políticos estão divididos em interesses corporativos e intenções de manutenção de poder. Perderam significância e os políticos atuais, pela quantidade de cassações de mandatos, prisões e envolvimento em falcatruas, não são bem vistos.

Sobre a dimensão moral, parece que a relativização do conceito impera. Parece que os fins justificam os meios. Os próprios políticos desrespeitam as leis e as instituições e paradoxalmente querem que o povo não faça isso. Esqueceram-se da regra sagrada do exemplo e da regra de ouro: não faça com o outro aquilo que não gostaria que fosse feito contigo. Olvidaram as amarras que garantem harmonia ao convívio social. Banalizaram as necessidades e aspirações do povo e passaram a viver em castelos de ideologias, onde se perderam e atrofiaram como dirigentes e líderes do povo.

No que tange à gestão, não há planejamento, organização, execução e controle. Nenhuma nação do mundo conseguiu atingir desenvolvimento real sem decisões políticas conscientes e sem gestão eficiente e eficaz. Países como a Finlândia, Cingapura e Coreia definiram politicamente seus horizontes, planejaram, executaram e controlaram suas ações para o feito. Mostraram ao mundo o que já era sabido: decisões políticas responsáveis, gestão governamental eficaz e atendimento das demandas sociais básicas elevam a qualidade de vida e produzem o círculo virtuoso do desenvolvimento. O resultado disso tudo é um alinhamento entre o que o povo quer e o que o governo faz.

Dessa forma, o tempo vai passando, e o governo vai perdendo aliados potentes. Pessoas que antes sonhavam com a transformação do Brasil perceberam o engodo fático em que foram envolvidas. As atitudes falam sempre mais alto. Elas são realmente as respostas mais importantes e pelas quais os governos devem se orientar: fazer o que deve ser feito, em tempo e local planejado, mas atendendo ao povo em suas demandas (necessidades, interesses e aspirações reais).