Porque...

O texto abaixo não é meu. No entanto, percebo que ele contempla em boa medida aquilo que penso e, por isso, com a devida vênia da autora, eu o reproduzo em minha página do RL. Neste momento creio que vale muito a pena refletir sobre o que ela diz. Comprovem.

Porque sou de esquerda (e voto no PT)

O que vem a ser “de esquerda e de direita”?
Bem, de uma forma generalizada e superficial, a direita é conservadora e dá ênfase no liberalismo econômico e na eficiência da economia (*) enquanto a esquerda tem seu foco nos valores da igualdade, da solidariedade e da inclusão social.
Em suma, os políticos “de direita” representariam as vontades de grupos dominantes e a conservação dos interesses das elites. Por outro lado, os políticos “de esquerda” teriam uma orientação reformista baseada na conquista de benefícios para as classes sociais menos privilegiadas.
Aqui no Brasil, pós golpe militar, a esquerda ficou estigmatizada como sendo um partido de comunistas, e a direita, de fascistas. Nem um nem outro. Essa dualidade foi inventada por grupos ultra conservadores, 'pensadores e filósofos' que viam nas lutas sociais (sindicatos e MST) uma tentativa de golpe “comunista” A imprensa ajudou a reforçar esses valores e tudo que significasse mudança era tido como “coisa de comunista” A direita se aproveitou dessa situação e reforçou essa ideologia.
O PT nunca foi comunista, simplesmente é um partido de esquerda, pois prioriza os projetos sociais, os valores da igualdade e da solidariedade. Lança mão de políticas públicas para diminuir as diferenças sociais, e a distribuição de rendas. Tem procurado abrir o leque para que cidadãos da parte de baixo da pirâmide social tenham os mesmos direitos de educação (em todos os níveis), saúde, emprego e oportunidades que só o capital poderia adquirir. O PSDB é um partido “de direita” representa a vontade de grupos dominantes e a conservação dos interesses das elites. Peraí, quem são “azelites”?
Aqui cabem duas visões: tem a elite que realmente é elite e tem uma classe média, que PENSA que é elite.
Elite no Brasil eu colocaria como “aquela que manipula o poder”: temos os grandes empresários, os usineiros, os grandes lobbies, as construtoras, os banqueiros e a grande imprensa (a mídia é tida hoje como o quarto poder pois, como proprietária dos meios de comunicação – TVs, rádios, jornais, revistas  – elabora a 'opinião pública' de modo a fazê-la subserviente aos interesses da classe dominante) esses todos os verdadeiros financiadores das campanhas eleitorais, aqueles que realmente elegem nosso legislativo e corrompem nosso judiciário. Outra discussão prá mais de metro.
E a elite que pensa que é elite?
É aquela classe média que coloca seus valores e direitos acima de quaisquer outros. Odeiam que a classe mais pobre suba de patamar social, quando isso significa algum ônus para ela. Ela quer manter seu espaço absolutamente intocável e asséptico, quer ser tratada como proprietária dessa classe. Não se enxerga no outro, não existe a noção de alteridade, de pertencimento enquanto nação – ele é brasileiro mas eu sou mais brasileiro do que ele. Ela paira acima de valores como generosidade, solidariedade - obviamente em nível sócio filosófico. Muitas vezes esse sentimento é imperceptível. Quando ela renega programas sociais (Bolsa Família, Prouni, Mais Médicos, Brasil Carinhoso, Ciência sem Fronteira) ela está negando ao outro o que considera somente como sendo seu direito e seu domínio. Ela se amesquinha. O refrão dessa classe é: educação e trabalho. Todos queremos educação e trabalho. Para isso se precisa COMER. Sem comer não tem trabalho e não tem educação. Ou uma criança nascida na pobreza, nos confins do interior, mal nutrida, comendo o que come terá o mesmo rendimento intelectual que os bem dotados de proteínas?
Tivesse havido nesses anos de governo PT uma imprensa mais honesta e imparcial, o discurso seria hoje exclusivamente político-ideológico, o que é saudável, construtivo e nos arremessa para o pensar, questionar e nos transformar. Mas, em 12 anos de lavagem cerebral essa classe média foi transformada em marionetes, matracas repetidoras de uma ideologia forjada, ao vivo e a cores. Plin, plin. Veja você.
(*) Na ideologia de direita a eficiência da economia não significa distribuição de renda, muito pelo contrário, significa acumular capital.
Eliane Barbirato