Uma nação sem noção

Cada novo dia vemos um novo escândalo, um novo deboche, um novo e lamentável descaso das nossas autoridades mais elevadas, com a sociedade, com as leis e com a dignidade nacional. É estarrecedor o nível de degradação a que chegou o Estado Brasileiro nos últimos anos. São alarmantes os números envolvidos na roubalheira que se espalhou e se encravou em toda a administração do país. De acordo com o COAFI um órgão que controla todas as operações financeiras no sistema bancário, no famigerado mensalão de Dirceu, Genuíno e seus comparsas, as empresas de Marcos Valério movimentaram a soma de 2 bilhões e 700 milhões em dois anos de operação. Posteriormente o escândalo do Ministério dos Transportes anunciava um desvio de 700 milhões, as obras do famigerado PAC que nunca saíram do papel consumiram mais de 2 bilhões, e agora o escândalo da PROPINOBRÁS trás à luz do conhecimento uma falcatrua milionária que pode passar de 10 bilhões de reais. Alguns poucos e insignificantes bodes expiatórios foram julgados, condenados e presos, mas até agora não se teve notícia de que algum centavo dessa fortuna tenha sido devolvido ao Tesouro Nacional. As pessoas perderam a noção do razoável, do suportável que até os ladrões devem ter, e assim, administram nossa vida como se administrassem um bordel, onde não há a menor ordem e nunca haverá nenhum progresso. Agora o mais estarrecedor em tudo isso é o fato de constatar que as pessoas que colocamos lá no alto, revestidas da mais plena autoridade e blindadas com a proteção do poder, nunca viram nada, nunca souberam de nada e portanto nada poderão fazer.

É doloroso ter que admitir que estamos nos tornando uma nação sem noção, de valores, de respeito, de responsabilidades e todos os outros valores que devem nortear o comportamento e as relações de uma sociedade organizada, dentro de um Estado Democrático de Direito. Ao longo da história da civilização podemos observar que por muito menos do que vemos agora no Brasil, pessoas foram depostas, humilhadas em público, muitas renunciaram e outras até recorreram ao suicídio como forma de esconder a vergonha e impedir a contaminação com esse vírus maldito da corrupção que anda sempre de mãos dadas com o poder e sua impunidade oficial.

Ney Ferreira
Enviado por Ney Ferreira em 15/10/2014
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