Charlie!

Que bom poder verificar que, apesar das desventuras da humanidade, ela própria ainda suscita o embate político; isso é muito positivo, a "guerra" no campo das ideias. Eu acredito ser essa a única forma de evolução humana, com total liberdade de expressão.

Quanto à defesa de alguns colaboradores no tocante à fé, acho isso legítimo, porque essas pessoas estão exercitando esse direito, o de se expressar, defendendo o que pensam abertamente, sem risco de represálias.

Sabemos, entretanto, que não existe verdade absoluta, que as nossas convicções, sejam elas políticas, sociais, inclusive religiosas... Todas, por uma infinidade de motivos, estão fadadas a ser absorvidas apenas parcialmente pela sociedade, e isso muda muito o entendimento final. Muda aquilo que gostaríamos que fosse entendido pelo outro.

No caso específico da fé, a sua propagação sofre com os ruídos da comunicação, porque ela, a fé, é humana, porque não é Divina. E por ser de origem humana, a fé é também dinâmica; a fé é cultural, depende, sem que percebamos, de um contexto antropológico. Enfim, a informação modifica a forma de se conceber a fé; não podemos lutar, infelizmente, contra isso.

Acho interessante ilustrar um pouco do que ora falo com um fato conhecido por grande parte da humanidade : a França, que agora está no epicentro de discussões polêmicas, antes de ser hoje um país

republicano e, portanto democrático, até meados do século XVIII vivia sob o regime de uma Monarquia Absolutista, assim como a grande maioria dos países da Europa. Nessa mesma época, um tal de Charles Montesquieu pensou o seguinte: " O rei fica dizendo ao povo que ele é rei porque Deus quer, mas o seu poder não é Divino coisa nenhuma! - o rei só é rei porque o povo quer, vamos desconstruir essa idealização

da fé. " - o resto é história.

Quando iniciei o meu texto anterior, frisei que desejava vida longa aos cartunistas, mas também àqueles que se opunham a sua manifestação de pensamento, pois não acredito em ditadura da opinião; acredito, salvo a via judicial como instrumento apenas regulador e presente em países democráticos, em liberdade de expressão sem nenhum tipo de concessão, apesar de que possamos ter alguns entraves - isso é compreensível em se tratando de contexto sociológico da humanidade, pois "Não se faz omeletes sem se quebrar ovos."

Abraços,

Masé Quadros

Masé Quadros
Enviado por Masé Quadros em 15/01/2015
Reeditado em 11/02/2015
Código do texto: T5102568
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